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Educação superior

Projeto Rondon apóia afrodescendentes no Jequitinhonha

  • Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006, 13h50
  • Última atualização em Quinta-feira, 17 de maio de 2007, 10h16

Em 1775, nascia o Arraial do Serro, a 260 quilômetros de Belo Horizonte, com a chegada da portuguesa Maria Gouveia e seus escravos, da tribo Kabu, da África. Dois séculos depois, o tempo parece ter parado na comunidade negra de Arraial do Serro, zona rural do município mineiro de Gouveia. Lá estão Raimunda Egídia da Silva, 92 anos, seus filhos, netos e bisnetos e outros vizinhos descendentes de escravos, cercados por montanhas e vales. Eles cultivam roças, fazem artesanato de palha e não têm perspectivas de desenvolvimento. Conhecer a comunidade de Espinho é uma das atividades dos 17 estudantes e professores do Projeto Rondon.

A visita deve ser feita até o dia 23 deste mês, quando termina a Operação Minas Gerais, que reúne 256 rondonistas de 15 universidades mineiras em trabalhos voluntários em 19 municípios do Vale do Jequitinhonha. Além de conhecer a cultura e observar o cotidiano dos moradores de Espinho, os rondonistas vão propor alternativas de cooperativismo para a venda do artesanato local.

Dos oito filhos de Ana Luiza da Silva, 74 anos, filha de Raimunda, seis migraram para São Paulo, em busca de trabalho, estudo e melhores condições de vida. “A gente pega com Deus para eles terem saúde e põe o coração à larga”, diz Ana Luíza. Ela reclama da falta de palha para confeccionar cadeiras, bolsas, enfeites de garrafas. “A seca atrapalhou o crescimento da plantação de milho. As espigas estão tristes, caídas, não cresceram”, lamenta a artesã. Dona Raimunda diz que gosta da roça e não pode “sair do mato”. Reclama de não poder capinar, por causa da visão prejudicada. “Sempre estive por aqui, pegando na enxada para trabalhar.”

Na casa simples de Rosângela Aparecida Silva, 35 anos, a vida não é diferente. No Vale do Jequitinhonha não há telefone fixo nem celular e só se chega por uma estrada de terra, com passagem para apenas um carro. Os vizinhos são amigos para toda a hora, mas moram distantes. As casas ficam entre um morro e outro. Rosângela tem dificuldade de levar a Gouveia e outras cidades as cadeiras, mesinhas, presépios, garrafas, flores e bonecas de palha que produz.

Visita — Outro problema é conseguir a madeira para o artesanato. Rosângela, que gosta de dançar caboclinho, tem poucas opções de lazer e passou por problemas de depressão. Ela oferece aos visitantes um prato típico, receita herdada dos ancestrais, feito de fubá, enrolado em folha de bananeira. E fica feliz com a visita do secretário de indústria e cultura de Gouveia, Sebastião Luiz da Silva, que organizou, com a prefeitura e os moradores de Espinho, uma horta comunitária, a 10 quilômetros da cidade. O secretário conseguiu levar cem peças da produção à Feira do Pequeno Produtor, no ano passado, em Brasília. “Venderam tudo, rapidamente”, disse. Os artesãos vendem seu artesanato de palha em uma feira, a cada 15 dias, em Gouveia.

Na opinião de Sebastião Luiz da Silva, a ida dos rondonistas a Espinho vai dar suporte e confiança à comunidade. “Os rondonistas têm muita disposição e boa vontade. Não se preocupam com horário e estão integrados conosco", observou.

Mais informações pelo telefone (38) 3543-2249.

Repórter: Susan Faria

 

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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