Câmara aprova relatório e Fundeb vai a plenário
A comissão especial do Fundo da Educação Básica (Fundeb) na Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, o relatório do projeto de emenda constitucional (PEC) que cria o fundo. A votação, realizada nesta quinta-feira, 8, contou com a aprovação dos dez partidos que faziam parte da comissão. Agora o texto será enviado ao plenário da Casa, onde deve ser votado na próxima semana.
Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, a aprovação revela a grande maturidade de todos os partidos, em especial os de oposição, que entenderam a importância da proposta para melhorar a qualidade da educação para as próximas gerações. “É uma proposta que diz respeito ao país e não a um governo.”
Segundo Haddad, a proposta só foi um sucesso em função de um grande debate entre o governo federal, Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). E o debate continuará para a regulamentação do projeto de lei. “Sem investimento na educação infantil, não haverá qualidade no ensino fundamental. O Brasil também precisa de investimentos no ensino médio para que o aluno chegue motivado ao ensino superior.”
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), em vigor atualmente, investe só no ensino fundamental, ao passo que o Fundeb vai contemplar também o infantil e o médio, ou seja, a educação básica como um todo.
Após semanas de negociação entre deputados, ministérios da Educação e Fazenda e movimentos sociais para acertos relativos à inclusão de creches, o relatório foi aprovado. Ele determina que a União deverá colaborar, a partir do quinto ano, com um aporte de no mínimo 10% do valor total do fundo, que será da ordem de R$ 50,6 bilhões ao ano após este período.
O relatório, de autoria da deputada Iara Bernardi (PT-SP) – na foto com o presidente da comissão, Severiano Alves (PDT-BA) –, determina também a construção de um plano de carreira para os professores, a fixação de um piso salarial nacional e a retirada do imposto de renda do pacote de impostos que compõem o fundo. Além disso, estados e municípios somente receberão os recursos do Fundeb para aplicar nos níveis de ensino de suas competências.
A relatora acredita que todo o acordo e a “costura” feitos na comissão para que houvesse um consenso será repetido no plenário da Câmara. “Todos os avanços que tivemos darão segurança para a aprovação do projeto”, afirmou.
Questionado sobre o aporte mínimo do governo federal, o secretário executivo do MEC, Jairo Jorge, declarou: “O Congresso Nacional é soberano e aprovou a utilização do percentual de 10%, agora o governo irá se reunir para avaliar a decisão”. Para ele, o fundo vai “mudar os rumos da educação no país”.
Severiano Alves salientou a inclusão do piso salarial nacional, que segundo ele será vital para os estados do Nordeste. “Hoje o professor da educação básica ganha em torno de R$ 300,00 de piso. Esperamos que com o Fundeb, este valor pelo menos duplique”, afirmou.
O deputado observou, ainda, a importância da inclusão das creches, porque atualmente a demanda no Brasil é de dez milhões de crianças até três anos e o poder público atende somente 10%. Segundo Alves, o atendimento poderá dobrar no primeiro ano do fundo e ser ampliado para cinco milhões de crianças ao final de quatro anos.
O Fundeb, que será constituído por 20% de uma cesta de impostos e transferências constitucionais de estados e municípios e de uma parcela de complementação da União, vai atender 47,2 milhões de alunos da educação básica (infantil, fundamental, média, de jovens e adultos e especial). A emenda que cria o Fundeb prevê vigência de 14 anos, de 2006 a 2019.
Repórter: Sandro Santos