Chance de estudar sem sair da terra natal
O município de Quiterianópolis, no oeste do Ceará, é conhecido por enfrentar períodos de seca muito graves. Em 1991, a renda per capita da localidade era de R$ 55,08 por mês. Os jovens de Quiterianópolis, em sua maioria, não têm condições de ir estudar na capital. A partir de junho deste ano, eles poderão optar pelos cursos de graduação em administração, química e letras, com habilitação em língua portuguesa ou inglês, oferecidos pela Universidade Federal do Ceará. A qualificação será possível graças à chegada da Universidade Aberta do Brasil (UAB) na região.
“Estive conversando com os jovens do interior do estado e eles me dizem que esta é a única forma de cursarem uma universidade”, explica Mauro Cavalcante, coordenador da UAB no Ceará. Ao todo, 290 pólos das cinco regiões do país poderão oferecer uma variedade de 90 cursos aos moradores do interior. Além de levar a qualificação de uma universidade federal aos moradores, a UAB proporcionará também a qualificação do ensino nas localidades, já que os cursos da UAB têm prioridade na formação de professores para a educação básica.
Oportunidade ― “O sistema UAB traz a universidade para um público que não tem a possibilidade de estudar no sistema tradicional”, ressalta a coordenadora do projeto em Alagoas, professora Anamelea de Campos. Ela destacou a possibilidade de formação para pessoas que trabalham o dia inteiro e que precisam de um curso sem horários rígidos. “É um dos programas que está permitindo a interiorização do ensino superior no país”, destacou.
Outra vantagem apontada pelos coordenadores é a de conter a expansão de instituições de ensino de baixa qualidade no interior do país. A presença de uma universidade federal gratuita em cidades onde os jovens têm poucas expectativas é considerada um fator revolucionário para essas regiões. “Desde a fundação do Pará, existem municípios que não avançaram e que, inclusive, regrediram por que a população migrava em busca de educação”, explicou a coordenadora do Pará, Selma Leite. Além disso, outro ganho que a UAB deve proporcionar é a inclusão digital, uma vez que em muitos municípios a internet está sendo instalada para oferecer cursos a distância.
Os alunos que irão cursar a graduação pelo sistema não precisam ter computadores, já que os municípios-pólo são responsáveis pelo laboratório de informática. Todos os pólos foram inspecionados pelas universidades, que atestaram as condições de infra-estrutura.
Ana Guimarães Rosa