Unesco revela primeiros resultados de programa de alfabetização do Sesi
Pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revela os primeiros resultados de um programa de alfabetização de jovens e adultos em âmbito nacional. O relatório do Programa Sesi por um Brasil Alfabetizado, elaborado pela instituição das Nações Unidas, teve sua primeira etapa divulgada nesta quinta-feira, 8, com avaliação de desempenho de 2.800 alunos de sete estados e do Distrito Federal. Os estudantes pesquisados obtiveram percentual de acerto de 68,2% em matemática e 64,9% em português. Até o primeiro semestre de 2006, o estudo revelará a situação em todo o Brasil.
A prova com 22 questões – 11 de matemática e 11 de português – foi feita por alunos de 57 municípios de Amazonas, Ceará, Paraná, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal. Os resultados integram o estudo Sistema de Avaliação de Competências do Programa Sesi por um Brasil Alfabetizado. Inédito no país, o estudo revela o que os estudantes estão aprendendo nos cursos de alfabetização.
Os alfabetizados são capazes de comparar e perceber relações entre os números, como dobros e triplos. Fazem cálculos simples e identificam unidades-padrão, principalmente usadas para medir o tempo, como horas e minutos. Em português, eles reconhecem palavras usuais no cotidiano, lêem e interpretam frases e pequenos textos. Também compreendem o que está escrito em placas, outdoors, sinais de trânsito, mapas, recibos e cheques. Entre os objetivos da pesquisa está monitorar e aperfeiçoar o sistema de alfabetização do Serviço Social da Indústria (Sesi), contribuindo para a capacitação de muitos trabalhadores brasileiros e para a diminuição do analfabetismo no país.
Testes – Na correção dos testes, os avaliadores concluíram que ao completar o curso de seis meses, os alfabetizados têm dificuldades com habilidades decisivas para o bom desempenho social. Em matemática, os alunos obtiveram médias baixas na interpretação e representação de valores envolvendo reais e centavos. O domínio da habilidade requer que os estudantes tenham a capacidade de diferenciar os valores das notas e cédulas, operar e fazer trocas com esses valores.
Além de avaliar o processo de alfabetização, outro aspecto do estudo é que revela as carências dos alunos. Conforme depoimento dos aplicadores, as dificuldades vão desde problemas de visão até deficiências de infra-estrutura do local das aulas. Em turmas com alunos em diferentes faixas etárias, os mais jovens aprenderam com mais facilidade. Os mais velhos precisavam de explicações, além da falta de visão, coordenação motora e audição. Mas mantiveram a força de vontade porque consideram a escolarização fundamental para o resgate de sua cidadania. Além de medir os resultados dos investimentos do Sesi na alfabetização de jovens e adultos, as conclusões do estudo servirão para orientar decisões gerenciais e pedagógicas na continuidade do programa.
O Sesi por um Brasil Alfabetizado é resultado de parceria do Serviço Social da Indústria com o MEC. Pelo acordo, firmado em 2003, o Sesi se compromete a ensinar dois milhões de pessoas a ler e a escrever em todo o Brasil até o fim de 2006. Isso corresponde a 10% da meta do governo federal de alfabetizar 20 milhões de pessoas em quatro anos. “A ação pode trazer impactos importantes, uma vez que haverá contingente maior de mulheres e homens aptos a contribuir para o crescimento econômico progressivo, melhor distribuição de renda e sociedade mais justa e democrática”, destaca o estudo. (Assessoria de Imprensa da Unesco)