Escola brasileira é reconhecida no Japão
Pela primeira vez no Japão, uma instituição brasileira de ensino é reconhecida como escola estrangeira e passa a integrar o sistema educacional privado daquele país. A medida vai beneficiar a comunidade brasileira, que reúne 300 mil emigrantes. A escola Professor Kawase recebeu, no dia 28 de novembro, o certificado de miscellaneous school do governo da província de Gifu.
A certificação é fruto de trabalho conjunto dos ministérios da Educação e das Relações Exteriores, que convenceram o governo japonês a recomendar a suas províncias a flexibilização das regras de reconhecimento. Em abril deste ano, o ministro da Educação, Fernando Haddad, foi ao Japão para discutir a melhoria da educação de brasileiros naquele país.
Cerca de 90 instituições de ensino básico atendem, no Japão, entre 60 mil e 90 mil crianças em idade escolar. São filhos de brasileiros que não se adaptam ao modelo pedagógico japonês, especialmente pelas dificuldades impostas pela língua. As instituições brasileiras eram vistas como meras empresas e nem sequer eram reconhecidas como escolas pelo sistema educacional nipônico.
“O reconhecimento da escola Professor Kawase representa um extraordinário ganho político para nós e benefícios para os alunos brasileiros”, disse a chefe substituta da Assessoria Internacional do MEC, Cláudia Baena. Ela explicou que, ao integrar o sistema privado japonês, as instituições que recebem o título de miscellaneous school passam a contar com isenção de vários impostos nacionais e regionais, como o de renda e sobre consumo. Podem receber subsídios públicos e ocupar prédios públicos. Os alunos têm direito a passe escolar para transporte.
“Todos esses ganhos serão revertidos em mais qualidade de ensino e possivelmente em mensalidades mais baixas, já que haverá menos impostos a pagar”, disse Cláudia. O título também possibilita às crianças prosseguir os estudos em escolas japonesas.
Mais dois estabelecimentos brasileiros, a Escola Fuji, da província de Shizuoka, e o Cantinho Brasileiro, na de Aichi, devem ser reconhecidos até março de 2007. Outras seis províncias estudam a possibilidade de seguir a orientação do governo japonês e flexibilizar as regras para a concessão do título de miscellaneous school.
Maria Clara Machado