Escola maranhense inova nas aulas
São Luís — A professora Ilmara Soares põe na mesa da sala de aula algumas frutas típicas da região, como carambola e coco-babaçu. Então, pergunta ao aluno Wesley Sá quanto é oito menos cinco. Depois de pensar um pouco, o garoto começa a mover as frutas enfileiradas, fazendo, na prática, a subtração proposta pela professora.
É assim, contextualizando o conhecimento com a própria realidade da região, que Wesley e seus colegas da segunda série do ensino fundamental da Escola Municipal Maria Paiva Abreu, em Pinheiro, Maranhão, aprendem matemática e outras disciplinas. Situado na área de campos alagados, na Baixada Maranhense, o município de Pinheiro tem 75 mil habitantes e depende da agricultura, da pesca e do comércio. “Procuramos atrelar o conteúdo das aulas ao que os alunos vivem no cotidiano”, explicou o coordenador pedagógico, Hieráclio Costa.
Os estudantes da quarta série obtiveram notas superiores à média nacional na Prova Brasil, realizada em 2005. Em matemática, a escola ficou com nota 210,53 e em português, 191,97. As médias nacionais foram de 172,9 em português e de 180 em matemática.
Com projetos que incentivam a leitura e a produção de textos, como o Ler e Escrever, para a primeira e a segunda séries, e o Ler e Produzir, para a terceira e a quarta, a escola mantém o foco na alfabetização. Os projetos contam com a parceria da secretaria de Educação do município. “De forma geral, as escolas públicas passaram a se preocupar muito com a socialização das crianças que chegam e deixaram um pouco de lado o papel principal, que é o da alfabetização. Agora, estamos resgatando essa função primordial, sem deixar de lado a socialização”, afirmou o secretário municipal de educação, Fernando Mitoso.
Nas aulas de história, as crianças da terceira série jogam capoeira para aprender sobre a influência da cultura negra e africana no estado e em todo o Brasil. Em geografia, os alunos da quarta série têm aulas sobre pontos cardeais com material preparado por eles mesmos, como a bússola de isopor.
Gestão democrática — Fundada há 19 anos, a escola, antes estadual, passou a ser municipal em 2004. Hoje, são 180 alunos matriculados no ensino fundamental e 50 na educação de jovens e adultos. Todas as oito professoras são graduadas e recebem, em média, R$ 800,00. “Aqui, trabalhamos com uma gestão democrática. A comunidade tem acesso a todas as informações sobre a escola, inclusive sobre repasses e gastos”, disse a diretora, Joanira Souza. “Queremos que as familias dos alunos também compartilhem e sejam responsáveis e parceiras.”
Letícia Tancredi