Matrícula é disputada em escola paraense
Belém — A luta por uma vaga na Escola Municipal Professor Cândido Vilhena, em Vigia, Pará, a 93 quilômetros de Belém, é acirrada. A procura aumentou consideravelmente com a certificação da escola pelo estudo Aprova, Brasil, em 2006. A instituição, em sua modalidade, é a melhor da Região Norte e está na 13ª colocação do ranking nacional. Já há lista de espera para as matrículas de 2008.
O Aprova, Brasil, conferido pelo Ministério da Educação, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), analisou boas práticas de educação em 33 escolas que tiveram bom desempenho na Prova Brasil de 2005, a qual avaliou alunos de quarta e de oitava séries de escolas públicas em todo o Brasil. Ao todo, 40.920 escolas participaram da avaliação. Enquanto a média nacional da quarta série ficou em 180 para matemática e 172,9 para português, a escola Cândido Vilhena obteve 252,46 e 208,47, respectivamente.
Hoje, a escola atende 410 alunos das primeiras séries do ensino fundamental, em dois turnos, e 28 de uma turma de educação de jovens e adultos, à noite. Com apenas seis salas de aula e um número crescente de matrículas, o jeito foi improvisar. Um cantinho do pátio foi transformado em sala provisória. Uma sala de outra escola da região abriga uma turma de aceleração da aprendizagem. “Preferimos dar um jeitinho, dentro das nossas possibilidades, mas não deixamos de matricular”, explica a diretora Maria de Nazaré Vilhena, bisneta do educador que dá nome à escola. Ela lista as melhorias que precisam ser feitas para comportar tantos alunos, a começar por uma quadra de esportes. Hoje, os estudantes fazem educação física em um clube vizinho. Quando há eventos no clube, ficam sem as aulas.
A escola precisa de telefone, máquina de xerox e de internet nos quatro computadores do laboratório de informática. “Na verdade, a escola toda precisa ser ampliada”, ressalta Nazaré. Ela adianta que a prefeitura já estuda um projeto de ampliação do espaço físico.
União — Apesar das dificuldades, a escola mantém uma cultura de união entre professores, pais, alunos e comunidade. De acordo com a coordenadora pedagógica Maria do Socorro Fonseca, o que faz a diferença para o ensino na Cândido Vilhena é a integração família-escola e a gestão participativa. “Chamamos os pais para tudo — decisões, festas, problemas, mutirões de limpeza”, conta Socorro. A diretora completa: “Quanto mais perto você está da sala de aula, maior tem de ser seu compromisso”.
Os 14 professores trabalham em equipe. Eles se reúnem toda a semana com a diretora para avaliar as atividades desenvolvidas em sala e compartilhar as experiências de ensino. Edielma Ferreira é uma das mais novas do quadro da escola. Ela trabalha na Cândido Vilhena há quatro meses e já se sente parte de uma família. “Meus colegas de trabalho me receberam com muito carinho. A troca de experiências aqui é maravilhosa”, afirma.
A unidade entre a equipe escolar influencia o desempenho dos alunos. Indagados sobre o que mais os atrai na escola, não hesitam: os professores. Max Breno Silva, 11 anos, cursa a quarta série e admira a professora. “Ela ensina bem e traz muitas atividades. Eu gosto disso porque quero ser veterinário e sei que vou ter de estudar muito”, diz.
Letícia Tancredi