Farinhada e carimbó estão na vida escolar
Belém — É no clima de festa junina e de início de férias que os alunos da Escola Municipal Professor Cândido Vilhena, em Vigia, Pará, fazem apresentações de danças folclóricas típicas da Região Norte, como a farinhada e o carimbó, pelas ruas da cidade.
“Aqui na escola, nós fazemos articulação das aulas com o cotidiano dos alunos. Um dos aspectos abordados é a cultura local”, explica a coordenadora pedagógica Maria do Socorro Fonseca. Segundo ela, os pais dos alunos pedem aos filhos que façam apresentações também nas ruas na época das festas juninas.
Núbia Costa é mãe de Ieda, sete anos, primeira série, e de Antônio, nove anos, terceira série. Há pouco tempo, Núbia foi contratada como merendeira da escola e orgulha-se de ter os filhos matriculados na Cândido Vilhena. Ieda, antes, estudava em um colégio particular, sem bom desempenho. A mãe resolveu colocá-la na escola municipal. E não se arrepende. “Agora, a Ieda está melhor e se interessa mais pelas aulas”, diz.
O secretário municipal de Educação, Altamiro Barros Filho, afirma que a dança, além de preservar o folclore, mostra a cultura às crianças. “Na brincadeira, elas começam a perceber e a internalizar os fatos culturais que as cercam”, analisa. Na farinhada, por exemplo, cada aluno representa um dos instrumentos que preparam a mandioca na fabricação da farinha. Os estudantes dançam em círculo e carregam objetos estilizados de uso na farinhada, como o pilão, a peneira e a cuia.
Há mais de 15 anos na escola, a diretora Maria de Nazaré Vilhena revela que a maioria dos alunos tem pais pescadores, os quais passam mais tempo no rio e no mar do que em casa. A professora de matemática Jacirema Silva relaciona muitas de suas aulas à pesca. “A criança tem interesse de aprender o que ela vivencia”, explica.
O município de Vigia é o maior pólo pesqueiro da Região Norte. Tanto que o Dia de São Pedro, padroeiro dos pescadores, comemorado em 29 de junho, é feriado municipal. O porto de Vigia recebe embarcações de diferentes regiões do estado, como a Ilha de Marajó e o entorno do município de Bragança. Os tripulantes pescam, vendem e compram peixes, o que movimenta a economia. O Rio Guajará-Mirim passa por Vigia e dá saída para o oceano. Na época da colonização, as embarcações chegavam e saíam por lá. Para evitar furtos de mercadorias, havia um posto de vigia. Daí o nome da cidade.
Letícia Tancredi