Escola em Rio Branco inova na leitura
Rio Branco - As crianças da primeira série A da Escola Estadual Maria Raimunda Balbino, na periferia de Rio Branco, podem conversar à vontade em um determinado momento do dia. Quando voltam agitadas do recreio, é hora de sentar em círculo para a roda de conversa. A professora Eliane Gurgel sugere um assunto, e as crianças, de seis a sete anos, vão longe na conversa.
Em 24 de setembro, uma segunda-feira, o dia estava nublado e uma espessa fumaça escondia o céu — é hábito dos moradores de Rio Branco limpar o quintal e queimar o resto das folhas. Esse era o assunto que Eliane discutia com os alunos. “Falem para o papai de vocês que o tempo fica muito feio quando todos queimam as folhas do quintal”, dizia.
Os alunos, atentos, relatavam boas práticas capazes de substituir o velho hábito. Tainara Santiago da Silva, sete anos, sabia na ponta da língua uma solução para o problema: “É só juntar as folhas e colocar no pé das árvores. Assim, elas servem de adubo”.
Uma vez por semana, as crianças vão à biblioteca. Lá, elas se deitam entre almofadas e escolhem um livro ou história em quadrinhos de sua preferência. Tainara lia João e o Pé de Feijão. “Eu estou gostando, mas o menino maluquinho é bem melhor”, garantiu. Íris Lorrane, seis anos, estava lendo A Bela e a Fera. “Esse livro aqui é muito legal. Vou pedir a minha mãe que compre pra mim”, disse. Na sexta-feira, as leituras feitas em sala de aula e na biblioteca são discutidas na roda de leitura.
O resultado do trabalho descontraído, feito na alfabetização das crianças, foi medido pelo índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb). Os alunos da Escola Estadual Maria Raimunda Balbino obtiveram o melhor desempenho no Acre.
No plano de aula da primeira série, há momentos reservados à leitura compartilhada, à oração e a atividades de escrita, entre outros. Para Tainara, o bom desempenho da escola é muito simples de explicar: “É muito legal estudar aqui”.
Ana Guimarães