Em Dourados, educação para o trânsito forma cidadãos
Dourados – Ruas bem sinalizadas, pedestres educados e motoristas atenciosos. A paisagem não é de uma cidade, é da Escola Municipal Professora Efantina de Quadros, em Dourados (MS), cidade a 225 quilômetros de Campo Grande. No colégio, a criatividade dos professores mobiliza estudantes, equipe escolar e pais a fim de transformar toda a escola numa grande sala de aula. Aqui, a gestão participativa – uma das metas do Compromisso Todos pela Educação – permite aos professores inovar e revela novas formas de ensinar.
Por causa disso, a aula de educação física, antes restrita a jogos e brincadeiras, ganhou reforço. Em setembro, para celebrar o início da primavera e a semana do trânsito, a professora da disciplina, Ely Andreus, contou com a ajuda de toda a comunidade escolar para organizar o trânsito interno e tornar familiares aos alunos regras básicas sobre limites de velocidade, respeito à sinalização e à faixa de pedestres. Dentro do ambiente escolar, a velocidade máxima das bicicletas, o meio de transporte mais utilizado, é de dez quilômetros por hora. Por isso, os ciclistas precisam estar atentos para não atingir nenhum pedestre.
A professora Ely conta que, antes de organizar o trânsito interno, três alunos foram parar no hospital “Eles foram atropelados por colegas de bicicleta”, explica. Vias, faixas de pedestres, placas e toda a sinalização foi feita em conjunto.
“Os alunos da 4ª série pintaram as ruas e eu fiz as placas com a madeira doada por um pai”, explica Ely. O sistema de trânsito interno prevê multas educativas para quem desrespeitar as regras. “É tudo revertido ao meio ambiente”, justifica a professora. Quem anda na contramão ou ignora a faixa de pedestres pode ter de separar o lixo, ajudar na limpeza da escola ou aguar as plantas. “Mas antes a gente conversa com os pais para pedir a permissão deles”, afirma.
Para a professora Ely, que está há oito meses na escola, o projeto do trânsito mostrou como a gestão da escola está aberta a novas idéias. “Aqui sinto que posso ousar e tenho a colaboração de todos.” Foi assim também com a professora de geografia Edna Pardiane. Ela coordena um projeto de revitalização da área verde da escola e de recuperação das nascentes dos oito córregos que perpassam a cidade.
“Nossas atividades envolvem plantio de árvores, limpeza, jardinagem, criação de uma horta, arborização da escola e recuperação da mata ciliar dos córregos”, explica a professora. Ela relata que os alunos já plantaram 320 mudas no parque da cidade onde estão três nascentes. “Eles viram que a água quase não corre por causa dos entulhos, então o sol seca a água empossada. Nós vamos retirar o lixo para que as nascentes sigam seu fluxo até lagos e rios”, planeja.
Na escola, meninos e meninas plantarão mudas de cedro, magnólia e de café. O cedro, para que vejam a beleza da madeira de lei, a magnólia para dar sombra fresca e o café para ajudar nas aulas de ciências. Na opinião da professora, além de boas para o meio ambiente, as aulas em campo despertam atenção e formam jovens mais conscientes e preparados para a vida.
Para a aluna Fernanda Santos, de 15 anos, a iniciativa já surtiu resultados. “As pessoas precisam mudar de postura, porque estão prejudicando não só a gente, mas a natureza”, acredita. “Eu acho que eu posso fazer alguma coisa para melhorar o mundo. Todo mundo pode”, ensina.
Maria Clara Machado