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  • Estudantes da escola Luiza Nunes Bezerra: instituição mato-grossense obteve destaque na edição de 2013 do Prêmio Gestão Escolar (foto: radiotucunare.com)O trabalho desenvolvido na Escola Estadual Luiza Nunes Bezerra, no município de Juara, no noroeste de Mato Grosso, tem ganhado destaque no cenário nacional pelos bons resultados obtidos. Com mais de 800 alunos matriculados no ensino fundamental, a instituição tem obtido índice zero de evasão escolar desde 2011.

    Os números do índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) são outro ponto de destaque da escola. Em 2013, ela obteve 6,7 nos anos iniciais (primeiro ao quinto), quando o esperado era 5,8. Quanto aos anos finais (sexto ao nono) o resultado de 5,8 também superou a meta, de 5,6.

    “A diferença da nossa escola é o comprometimento com a qualidade da educação, o trabalho coletivo pela aprendizagem e o envolvimento com a comunidade”, diz a professora Sibeli Lopes, diretora da instituição. Ela cita ainda a metodologia de projetos, adotada há alguns anos.

    “O projeto Nossas Mãos Podem Salvar o Planeta – Lixo Transformado em Arte, incluso no projeto político-pedagógico da escola há mais de cinco anos, trabalha com conceitos de educação ambiental, solidariedade, arte, coordenação motora, conservação do patrimônio público e outros temas interdisciplinares”, explica Sibeli. “Outro projeto que vem dando certo há mais de dez anos é o Sala de Leitura, que explora o hábito de ler, a interpretação e a escrita.” Os projetos Estudantes Solidários, Apoio Pedagógico e Laboratório de Informática são outros citados pela diretora.

    A Escola Estadual Luiza Bezerra foi destaque na edição de 2013 do Prêmio Gestão Escolar, promovido pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), com apoio do Ministério da Educação, União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), entre outras instituições.

    De acordo com Sibeli, a premiação é resultado de trabalho coletivo, de mais de duas décadas, que envolveu muito compromisso e dedicação por parte dos profissionais da escola. “Nosso trabalho foi e é pautado no projeto político-pedagógico da escola e na legislação vigente, o que dá maior consistência no fazer educacional”, adianta.

    Para 2015, a diretora pretende implementar novas ações em projetos já existentes e criar comitês, formados por grupos de alunos e um professor líder, como o de orientação sobre a preservação do patrimônio público. Outro plano é terminar as obras de reforma geral na escola, com a construção de salas para o desenvolvimento das atividades dos projetos.

    Professora há cerca de dez anos e gestora desde 2013, Sibeli tem licenciatura plena em matemática e cursa pós- graduação em metodologia da interdisciplinaridade.

    Fátima Schenini

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  • Servidores públicos federais que aplicam práticas inovadoras em gestão podem inscrever ações e projetos, com mais de um ano de implementação, na 18ª edição do concurso Inovação na Gestão Pública Federal. As inscrições, on-line, vão até 2 de agosto.

    O prêmio é um incentivo a iniciativas de organizações do governo federal que contribuam para a melhoria dos serviços públicos, para disseminar soluções que inspirem ou sirvam de referência a outras iniciativas, além de colaborar para o avanço da capacidade de governo, e para valorizar servidores públicos que atuem de forma criativa e proativa pelo interesse público.

    Serão premiadas dez iniciativas, que receberão uma assinatura de um ano da Revista do Serviço Público (RSP); uma seleção de publicações da Escola Nacional de Administração Pública (Enap); certificados para os integrantes das equipes vencedoras; um livro publicado pela Enap com o relato das iniciativas e o Selo Inovação. Terão ainda a divulgação do trabalho no Banco de Soluções.

    O concurso, promovido pela Enap, em parceria com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, tem o apoio do Ministério das Relações Exteriores, das embaixadas da França e da Noruega e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC). Ao longo de 17 anos, das 1.611 inscrições recebidas, o Ministério da Educação apresentou 272 iniciativas. Das 331 experiências premiadas, 61 foram desenvolvidas por servidores do MEC ou de entidades vinculadas.

    Mais informações, inscrições e regulamento do concurso são encontrados na página da Enap na internet.

    Diego Rocha
  • A proposta do concurso é valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar (arte: ACS/MEC)Deixar uma criança com água na boca diante de um legume não é fácil. E se o desafio é vivenciado diariamente em casa, na escola a situação não é muito diferente. Por isso, no Centro Municipal de Ensino Futuro Brilhante, em Tangará da Serra, Mato Grosso, o jeito encontrado para fazer os vegetais terem sucesso entre os pequenos foi apresentá-los de forma mais criativa e saborosa.

    Criada pela merendeira Nelsi Hoffmann Cassemiro, 43 anos, a torta de legumes tornou-se o caminho mais eficiente para incluir abobrinha, cenoura, chuchu, milho e outros alimentos não tão populares no cardápio dos estudantes de 1 a 4 anos de idade. “Vendo que as crianças não aceitavam bem os legumes, feitos como salada, peguei uma receita que minha mãe fazia e adaptei aos ingredientes da creche”, diz Nelsi. “Logo, elas começaram a aceitar.”

    A receita nasceu da necessidade de tornar mais saudável a rotina alimentar de quem torcia o nariz para os legumes, mas acabou levando a escola à final do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar. A competição nacional, promovida pelo Ministério da Educação e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), recebeu mais de duas mil inscrições de pratos servidos em escolas de todas as regiões do país e chega à última etapa neste mês de janeiro.

    Antes do concurso, a receita já tinha sido aprovada pelos alunos. Com a competição, Nelsi viu a chance de incentivar outras crianças a consumir os legumes e não teve dúvidas em inscrever a torta. “Geralmente, a salada ficava muito no prato, mesmo com a gente incentivando os alunos a comer”, afirma a merendeira, há dois anos na função. “Então, experimentei fazer dessa forma e teve uma aceitação ótima.”

    Os ingredientes vêm da agricultura familiar daquela região mato-grossense. A atenção aos legumes na escola Futuro Brilhante é iniciativa antiga, que inspirou Nelsi. Com o projeto Alimentação Saudável, os professores trabalharam histórias e receitas com frutas, legumes, verduras e temperos naturais em sala de aula. Desenhos, músicas, recortes e degustações foram algumas das estratégias lúdicas para facilitar o contato das crianças com os alimentos.

    A merendeira Nelsi Cassemiro considera importante a viagem a Brasília: “Se eu não voltar vitoriosa, também não vou ficar triste; vai ser um aprendizado” (foto: divulgação)Aprendizado — Orientada pela equipe nutricional do município, que sempre acompanha o trabalho das merendeiras da escola, Nelsi diz que, além do cardápio a ser seguido, recebe formações periódicas por meio de palestras. “Aprendemos os cuidados com o manuseio dos alimentos e o que oferecer para as crianças que têm alergia”, diz. “E também a incentivar os alunos a comer legumes e verduras e a não desperdiçar.”

    E os resultados são visíveis, ela diz, com orgulho. Com os alunos ainda muito pequenos, em fase de introdução alimentar, Nelsi lembra-se de um que, no começo de 2014, rejeitava os diversos pratos do cardápio escolar. Com o cuidado e o estímulo das merendeiras, ao final do ano ele já não recusava a merenda. “A gente foi incentivando, e ele foi aceitando bem a comida. Dá gosto de ver isso.”

    Confiança — Antes de chegar à cozinha, Nelsi trabalhou nos serviços gerais da escola. Quando surgiu a vaga para merendeira, ela aproveitou logo a oportunidade. “A cozinha é meu ponto forte, sempre gostei”, afirma. “Mas cozinhar para crianças tem um jeitinho diferente porque elas são mais sinceras: quando não gostam da comida, elas falam mesmo.”

    Como os alunos da escola Futuro Brilhante gostaram da torta de legumes, Nelsi passou a considerar reais as chances de ganhar a competição. “Só o curso (de cozinha experimental) que a gente vai fazer em Brasília já vai ser muito bom”, destaca. “Se eu não voltar vitoriosa, também não vou ficar triste; vai ser um aprendizado.”

    Nelsi anuncia uma carreata pelas ruas da cidade quando voltar, independentemente do resultado da final. “Mas, se Deus quiser, eu vou sair vencedora”, diz, confiante.

    Brincadeira de lado, para Nelsi, o mais importante da participação é a experiência e o reconhecimento proporcionados pelo concurso. Numa das etapas, ela fez o passo a passo da receita com os pequenos alunos. “Geralmente, a merendeira não tem um reconhecimento tão grande, e participar desse concurso, chegar aonde eu cheguei, já é uma vitória”, comemora.

    A receita de torta de legumes de Nelsi Cassemiro pode ser conferida na página do prêmio na internet.

    Assessoria de Comunicação Social

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  • A oficina de culinária é uma opção entre aquelas oferecidas pela escola gaúcha, como parte da educação integral (foto: arquivo da Emef 25 de Julho)Um livro digital, com as melhores receitas: bolo de cenoura, pé-de-moleque, pudim de sorvete, bolinho de chuva, milk shake, sonho, pastelão de mandioca, biscoito integral de goiaba. Ele foi escrito por crianças do quarto ao sexto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental 25 de Julho, no município gaúcho de Picada Café.

    Em 2012, os alunos descobriram que uma cozinha improvisada na escola pode ser uma sala de aula rica em conhecimento e iguarias. Eles aprenderam que o mundo das receitas contém ingredientes para várias disciplinas. O projeto Aprendendo na Cozinha, desenvolvido ao longo de todo o ano letivo, conquistou alunos, professores, pais e comunidade. Acabou premiado pelo Ministério da Educação na sexta edição do Prêmio Professores do Brasil.

     

    A oficina de culinária é uma opção entre todas as oferecidas pela escola, que há seis anos trabalha com a educação integral. Os alunos que se inscreveram são apaixonados pela atividade de cozinhar. Outros preferiram judô, capoeira, balé, teatro, patinação e ginástica.

     

    Para as aulas práticas, foi montada uma cozinha na sala de artes. “Não poderíamos ter acesso à cozinha da escola porque é usada o dia inteiro pelas merendeiras”, explica a professora Silvania Linck, 49 anos, coordenadora do projeto, que não se restringiu ao cozinhar, mas se tornou um laboratório de aprendizagem de assuntos em diferentes áreas do conhecimento.

     

    Em matemática, por exemplo, as crianças visitaram o supermercado, anotaram preços de ingredientes, fizeram cálculos e aprenderam medidas de peso e capacidade, como gramas e mililitros. Em língua portuguesa, descobriram que as receitas são um tipo de texto. Daí, publicaram o livro digital, com as receitas, que ainda foram vertidas para o inglês e o alemão, idiomas oferecidos na grade curricular da escola.

     

    “Também trabalhamos com história e geografia, através da origem, cultura e região de onde é originária a receita”, diz Silvania. “Falamos ainda de imigração, pois temos uma colonização alemã forte na nossa região. Muitas receitas são típicas da Alemanha.”

     

    Evolução — Os estudantes fizeram pesquisas na internet, no laboratório de informática e montaram uma maquete para representar o progresso da cozinha, desde o homem das cavernas. “Assim, puderam aprender sobre a evolução da humanidade”, afirma a professora.

     

    As receitas foram obtidas pelos alunos em casa ou na internet. Um dos critérios para a seleção foi o resgate de receitas antigas, de família. Nessa atividade, eles descobriram a importância dos nutrientes, da alimentação saudável e da higiene — usaram luvas e toucas. Aprenderam ainda sobre a profissão dos chefes de cozinha, a formação superior em gastronomia e sobre pessoas que partem da cozinha da própria casa para abrir restaurantes.

     

    Os estudantes também deixaram a sala de aula para plantar hortaliças, aproveitadas como ingredientes, e conhecer mais sobre sustentabilidade ambiental. “Nossa escola não tinha horta, mas fizemos uma por causa do projeto” conta Silvania. “Plantamos temperinhos verdes, agrião e alface, tudo sem agrotóxico.”

     

    As aulas foram enriquecidas com palestras de especialistas. As famílias, também envolvidas, produziram receitas em casa, com as crianças. “Os alunos foram trazendo receitas e ideias”, lembra a professora. “Essa participação desperta o interesse.”

     

    A oficina Aprendendo na Cozinha era realizada duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras, no turno da tarde. “Valeu muito a pena. A cozinha foi um espaço de aprendizagem e de socialização, amizade e afetividade entre todos”, comemora a professora. Em 2013, o projeto terá continuidade.

     

    Rovênia Amorim

     

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  • O plantio das sementes foi uma das etapas do projeto da escola gaúcha, que aliou ciência e meio ambiente, cultura regional e produção artística (foto: arquivo da professora Adriane Bilhalva)Pelo nome e formato diferentes, o fruto se impôs como algo curioso para as 35 crianças da turma de educação infantil. Embora seja comum no Rio Grande do Sul e usado na fabricação da cuia do chimarrão, o porongo era totalmente desconhecido do universo dos alunos, de 4 e 5 anos, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arlindo Bonifácio Pires, no município de Chuvisca (menos de cinco mil habitantes), a 150 quilômetros de Porto Alegre.

    Durante cinco meses, a professora Adriane Tavares Bilhalva apresentou o fruto às crianças da pré-escola e desenvolveu projeto pedagógico que aliou ciência e meio ambiente, cultura regional e produção artística. A dinâmica do projeto proporcionou conhecimento e exigiu o exercício da criatividade, mas acabou por envolver a comunidade, que recebeu sementes e ajudou as crianças no plantio. Por consequência, as famílias foram incentivadas a usar o fruto para criar trabalhos artísticos.

    O projeto Porongo: do Cultivo à Arte na Educação Infantil figura entre as práticas pedagógicas bem-sucedidas premiadas pelo Ministério da Educação na edição de 2015 do Prêmio Professores do Brasil. Na escola desde 2005, a professora premiada conta que optou por trabalhar com projetos pedagógicos nos últimos quatro anos por entender ser uma prática mais adequada à integração de diferentes conteúdos e à aprendizagem.

    O primeiro passo do projeto foi a apresentação do fruto às crianças, com explicações sobre a origem e a história. Embora o enfoque da professora tenha sido o regional, o porongo é conhecido em outras regiões do Brasil como cabaça e usado como recipiente para servir água, por apresentar um gargalo alongado, ou como cuia, ao ser dividido ao meio. No Rio Grande do Sul, cuia é o nome do recipiente usado para o preparo do tradicional chimarrão.

    Na sala de aula, as crianças aprenderam a retirar as sementes do fruto, originário da África, e a plantá-las em potes de iogurte, cheios de terra, para observar o desenvolvimento da muda. Nos trabalhos de artes, fizeram pinturas e montaram bonecos ou enfeites.

    Premiação — A professora ficou emocionada ao saber que o projeto havia sido premiado. “Tive a oportunidade de fazer uma viagem de avião e participar de uma troca de experiências muito importante para minha realização pessoal e valorização profissional”, diz. “A premiação representa muito, uma grande conquista, e indica que estou no caminho certo, mas o segredo para o trabalho bem feito é o amor, o carinho que recebo diariamente das crianças.”

    A escola da professora Adriane atende 280 alunos de educação infantil e pré-escola e do ensino fundamental. Além do trabalho com as crianças em sala de aula, o cultivo do porongo nas propriedades teve o objetivo de incentivar as famílias a desenvolver o artesanato regional. A professora colaborava com sugestões de peças e ideias, tanto para as crianças quanto para os pais.

    “O mundo é repleto de símbolos e significados que possibilitam grandes descobertas nessa fase da infância, e a arte permite o desenvolvimento do senso crítico, da sensibilidade e da criatividade”, diz a professora. Ela explica que o cultivo do porongo permitiu o resgaste da cultura regional na comunidade escolar e despertou nas crianças a responsabilidade em relação ao meio ambiente.

    Edição — A nona edição do Prêmio Professores do Brasil selecionou, este ano, 30 experiências pedagógicas desenvolvidas por professores das cinco regiões brasileiras. Os trabalhos foram destacados entre 11.812 inscritos, nas categorias creche; pré-escola; ciclo de alfabetização: primeiro, segundo e terceiro anos – anos iniciais do ensino fundamental; quarto e quinto anos – anos iniciais do ensino fundamental; sexto ao nono ano – anos finais do ensino fundamental; ensino médio. Cada um dos 30 professores recebeu prêmio de R$ 7 mil. Cada categoria teve um professor destacado para receber prêmio extra, no valor de R$ 5 mil.

    A partir de 2015, o Prêmio Professores do Brasil passou a integrar a iniciativa Educadores do Brasil, ao lado do Prêmio Gestão Escolar, do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). Assim, a entrega dos prêmios a professores e diretores de escolas foi realizada pela primeira vez, este ano, em conjunto.

    O Prêmio Gestão Escolar selecionou 22 escolas como destaques estaduais, com premiação de R$ 6 mil para cada uma. As cinco escolas indicadas como destaque regional receberam R$ 10 mil. O Colégio Estadual Professora Maria das Graças Menezes Moura, de Itabi, Sergipe, foi escolhido como escola referência Brasil, com premiação de R$ 30 mil.

    Os resultados dos prêmios estão na página da iniciativa Educadores do Brasil na internet.

    Rovênia Amorim

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  • A psicanalista Beatriz Schwab salienta que narração de histórias nas sessões de terapia está entre as prioridades do projeto desenvolvido em Brasília: “O livro passa a ser tudo na vida dessas crianças e adolescentes” (foto: Mariana Leal/MEC) As páginas de todos aqueles livros da estante guardam muito mais do que histórias reais ou imaginadas, versos e aventuras. Podem abrigar na sequência das palavras a cura das alegrias roubadas de uma fase da infância ou da adolescência. Para todos eles, crianças e adolescentes vítimas da violência sexual, a descoberta do mundo da leitura tem ajudado a superar uma dor profunda e calada, que às vezes a família demora a perceber. Desde 2015, os profissionais voluntários do Instituto Chamaeleon (leia-se camáleon), instituição sem fins lucrativos, com sede em Brasília, têm usado oficinas de leitura, narração de histórias e produção de textos no atendimento gratuito a crianças e adolescentes do Distrito Federal no propósito de resgatar sonhos interrompidos e o otimismo com o futuro.

    Denominado Literatura que Cura, o projeto foi premiado este ano na oitava edição do Viva Leitura, na categoria 3, Territórios da Leitura. O concurso é realizado desde 2006 pelos ministérios da Educação e da Cultura, em parceria com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI).

    O projeto já atendeu a 200 crianças e adolescentes vítimas da violência sexual. Os resultados têm sido tão positivos que a psicanalista Beatriz Schwab, presidente e fundadora do instituto, pretende aprimorá-lo. “Quando chegam aqui, querem ficar na internet, como qualquer outro da idade deles, mas vamos incentivando a leitura e, no final, o livro passa a ser tudo na vida dessas crianças e adolescentes”, conta.

    Atualmente, 52 crianças e adolescentes, vítimas de abuso e com dificuldades de aprendizagem, são atendidos pelo projeto, que dá prioridade a oficinas de leitura, produção de textos, desenho e narração de histórias nas sessões de terapia. Beatriz explica que o trabalho psicoterapêutico com base na leitura tem repercutido em melhor desempenho em sala de aula e redução dos casos de evasão. “Muitos abusos ocorrem no ambiente escolar, praticados por colegas ou mesmo professores”, afirma. A consequência imediata é a mudança do comportamento. “Muitos pais não percebem o real motivo pelo qual a criança ou o adolescente não quer ir para a escola”, acrescenta. “Crianças e adolescentes que sofrem abuso se tornam, de uma hora para outra, agressivos ou se isolam, querendo, por exemplo, ficar trancados no quarto. É preciso ficar atento.”

    Voluntários — O projeto Literatura que Cura tem o incentivo da Vara Regional de Atos Infracionais da Infância e da Juventude do Distrito Federal e conta com o trabalho voluntário e especializado de psicólogos e profissionais da saúde, da educação, da cultura, das artes e do direito. “Por meio da literatura, dos livros, das histórias contadas, das rodas de leitura, dos saraus, do nosso clubinho da leitura, dos bate-papos literários e das atividades de formação de leitores, conseguimos transformar realidades massacradas pela dor, agonia e desesperança”, afirma Beatriz.

    Os psicólogos do projeto oferecem treinamento aos contadores de histórias e aos oficineiros que trabalham com as crianças e adolescentes. Além de atuar nas sessões de terapia, os profissionais do instituto visitam creches e escolas e participam de palestras sobre a violência sexual contra adolescentes e crianças. A ideia básica é que as vítimas aprendam a preencher os momentos solitários com lembranças agradáveis, não deixando espaço para a tristeza e as recordações ruins. Em reuniões mensais, os diretores do Instituto Chamaeleon definem os temas de leitura que serão adotados nas oficinais de amenização de traumas. Além de ouvir as histórias, as crianças e adolescentes vítimas de abuso e maus-tratos participam de workshops de produção de textos, de criação de poesias, de leituras dramáticas e de desenho.

    No ano passado, a pedagoga Patrícia Mezini, professora de ensino religioso em escola particular de Brasília, participou das atividades do instituto, ora como alfabetizadora, ora como contadora de histórias. Era a Tia Paty, que uma vez por semana ensinava a ler crianças com dificuldades de aprendizagem. “É muito gratificante ser um instrumento do bem, se colocar no lugar do outro, perceber seu sofrimento; aprendi muito com essas crianças. Eu dei amor, mas recebi amor também”, lembra. “Aconselho a todos a reservar um pouco do seu tempo para ações de voluntariado.”

    De acordo com Patrícia, vivemos em um tempo no qual as pessoas são egoístas e cuidam apenas de si. “Criança é tudo de bom; não importa se pobres ou ricas; são todas uma bênção de Deus”, diz.

    Nas sessões de leitura, a cada livro lido, a criança ou o adolescente é incentivado a fazer um pequeno relatório sobre o que entendeu e como aquela história pode contribuir para a sua vida. De acordo com Beatriz, os depoimentos de pais e responsáveis revelam um quadro de melhor autoestima das crianças e jovens que participaram do projeto Literatura que Cura. “O trauma nunca vai sumir, mas é possível conviver com ele e entender que elas foram vítimas de uma agressão e não tiveram culpa pelo acontecido”, afirma. “Temos relatos de adultos que constituíram família e conseguem trilhar a vida.”

    Desafio — O projeto tem sido custeado por empresárias brasilienses que também doam livros, roupas, brinquedos, alimentos e ajudam a arcar com as passagens dos pacientes mais carentes, que moram longe do local de atendimento. O desafio atual do projeto Literatura que Cura é levantar recursos para publicar os cinco livros da coleção infantojuvenil Confrades do Bem. A ilustração e a edição do material já foram concluídas, com o apoio de profissionais voluntários.

    Um desses livros traz cinco histórias escritas por crianças e adolescentes que participam do projeto e se inscreveram no concurso de produção de textos realizado pelo instituto. “As histórias não são sobre as suas dores. Nós não focamos a violência, mas um mundo melhor”, explica Beatriz. “E eles escrevem sobre esse olhar positivo sobre a vida futura nesse mundo.”

    Mais informações sobre o atendimento na página do Instituto Chamaeleon na internet e no endereço eletrônico Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

    Rovênia Amorim

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  • A proposta do concurso é valorizar o papel das merendeiras e incentivar a prática de hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar (arte: ACS/MEC)Há dez anos na Escola Estadual Vereador Antônio Laurindo, em Iporá, Goiás, a merendeira Osmarina Pereira Assini, 40 anos, não imaginava que um velho hábito na cozinha a levaria tão longe. Ela, que nunca foi de se acomodar com a falta de algum ingrediente e se acostumou a substituir uma coisa por outra para criar novas iguarias, é uma das 15 finalistas do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar.

    Promovido pelo Ministério da Educação e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o concurso premiará este mês, em Brasília, as cinco melhores receitas servidas em escolas de todas as regiões do país. E a torta saborosa de batata-doce com peixe, criada por Osmarina a partir da falta da farinha de trigo, é uma das concorrentes. 

    “A minha farinha de trigo tinha ficado pouca para a receita original; aí eu tinha bastante batata-doce, então resolvi com ela”, conta Osmarina. A merendeira estava certa de que não seria classificada ante as mais de duas mil receitas inscritas. “Porque a gente é do interior, e a escola é muito pequenininha”, diz. “Graças a deus, chegamos. Tem hora que a gente faz as coisas e acha que nem vai dar certo, mas é onde dá.”

    Apesar de já ter “cozinhado pra fora” e trabalhado em restaurantes, Osmarina, em sua paixão pela cozinha, se realiza ao alimentar os estudantes das turmas do primeiro ao nono ano que compõem a escola. Cada refeição, ela diz, é um desafio. “É muito gratificante quando você faz as coisas ou inventa alguma receita diferente, e eles amam, pedem pra repetir”, afirma. “Quando eles não gostam, você fica frustrada.” Ela garante que já sabe lidar com a sinceridade e a exigência de sua “clientela”.

    No caso da torta saborosa de batata-doce com peixe, a aprovação foi unânime, tanto que foi preciso repetir o prato outras vezes. “O mais legal é que a receita tem a tilápia, que é fonte de ômega 3 (ácido graxo que auxilia na diminuição dos níveis de triglicerídeos e colesterol ruim, enquanto favorece o aumento do colesterol bom), e tem ainda a batata, com valor nutricional muito grande, uma fonte de energia”, explica a merendeira. Segundo Osmarina, até com sardinha é possível fazer a iguaria. “O importante é ter criatividade.”

    Formação — Tanto conhecimento sobre o valor nutricional do peixe e da batata-doce não é à toa. A Secretaria de Educação do estado promoveu, também este ano, o primeiro concurso de alimentação entre as unidades escolares. Em duas etapas formativas, as profissionais da cozinha receberam informações sobre a importância desses ingredientes específicos. Além disso, os alunos do programa Mais Educação — estratégia do MEC para ampliar a jornada escolar, com cursos oferecidos pelas escolas participantes — foram estimulados a plantar o vegetal na própria unidade de ensino.

    Osmarina Assini duvidava das chances de chegar à final: “Tem hora que a gente faz as coisas e acha que nem vai dar certo, mas é onde dá” (foto: divulgação)Para Osmarina, o segredo para oferecer uma boa alimentação aos estudantes é a atenção com o cardápio. Na escola Vereador Antônio Laurindo, não há espaço para frituras, por exemplo. Há sempre muita salada, e a variedade dos pratos dá mais equilíbrio ao que as crianças consomem. “Quando algum aluno tem restrição e não pode comer um determinado alimento, a gente procura substituir”, diz. Além das duas refeições por dia servidas a todos os estudantes, aqueles que fazem parte do Mais Educação e, portanto, passam mais tempo no ambiente escolar recebem ainda um reforço no lanche, com frutas da estação.

    Orgulho — Feliz por participar do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar, a merendeira fala com orgulho da função que exerce na educação dos meninos e meninas de Iporá, município com 32 mil habitantes. “Uai, eu amo o que eu faço, e é tão bom quando você faz um trem que você gosta”, diz Osmarina. Para ela, o destaque dado aos que trabalham na cozinha é um reconhecimento que só professores e diretores estão acostumados a ter. “É muito importante. A gente fica com vontade de fazer melhor ainda.”

    A receita da torta saborosa de batata-doce com peixe de Osmarina pode ser conferida na página do prêmio na internet.

    Assessoria de Comunicação Social

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  • O Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), órgão federal ligado ao Ministério da Educação, recebeu, no último dia 6 de dezembro, na Filadélfia, nos Estados Unidos, o prêmio Reimagine Education 2018, considerado o Oscar da educação mundial. A instituição brasileira faturou o primeiro lugar na categoria “Educação híbrida”, com o projeto do curso on-line de pedagogia bilíngue, ofertado nas duas modalidades, on-line e presencial.

    Com destaque, o projeto alcançou a primeira colocação na categoria geral, com a proposta mais inovadora nas áreas de tecnologia e educação do mundo. Um dos responsáveis pelo curso, Bruno Galasso, lembrou que o prêmio é um reconhecimento pelo trabalho feito pelo Ines. “Há 160 anos, o Ines vem fazendo um trabalho sério e muito importante para a educação dos surdos”, afirmou o professor. “Acho que agora, com essa premiação internacional, a educação de surdos foi levada a um outro patamar e o mundo inteiro consegue observar o trabalho de excelência que o Ines tem feito.”

    O concurso é organizado pela instituição britânica Quacquarelli Symonds (QS), uma das principais e mais respeitadas do mundo e responsável por avaliar e ranquear todas as instituições de ensino superior no mundo, em parcerias com Google, Microsoft e IBM. Foram mais de mil projetos inscritos, enviados por universidades de 73 países. Dentre os participantes, o Ines superou instituições renomadas, como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e as universidades de Harvard e Oxford.

    Premiação – Além do reconhecimento global, a instituição receberá US$ 5 mil em serviços de tecnologias on-line e mais US$ 50 mil em dinheiro. “Os US$ 50 mil, ainda não sabemos como podem ser investidos no projeto, então estamos aguardando as regras de como esse dinheiro pode ser utilizado”, explicou o professor Dirceu Esdras, outro integrante da equipe reponsável pelo projeto.

    Bruno Galasso ressaltou a existência uma série de práticas que podem ser melhoradas com essa verba: “Nós trabalhamos o desenvolvimento de objetos digitais de aprendizagem, complexos e que envolvem várias etapas de designer gráfico, designer funcional. Podemos comprar equipamentos para construir esses objetos de alta complexidade e melhorar ainda mais a aprendizagem dos surdos”.

    Curso – O curso on-line de pedagogia bilíngue na modalidade de Ensino a Distância (EAD), experiência pioneira na América Latina, foi concebido dentro do Plano Nacional dos Direitos da Pessoal com Deficiência – Viver sem Limites. A meta é formar professores que reflitam e possam tratar os grandes temas pedagógicos inerentes às especificidades culturais e linguísticas dos estudantes surdos. 

    A partir de fevereiro de 2018, o curso será ofertado em 13 polos, nas cinco macrorregiões do país, para 390 estudantes surdos e ouvintes. O processo seletivo será realizado com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “É importante lembrar que o exame neste ano teve a opção da prova com videolibras, então essa conquista internacional foi muito grande para toda a comunidade surda do país”, destacou Bruno Galasso.

    Ines – Com sede no Rio de Janeiro, o Ines é um centro de referência nacional na área da surdez. O instituto atua na formação e qualificação profissional, em pesquisa e extensão, produção e publicação de conhecimentos do campo da surdez.

    Hoje, o Ines tem aproximadamente 400 alunos matriculados no colégio de aplicação da instituição (da educação infantil ao ensino médio), apenas para surdos, cerca de 200 no ensino superior (graduação em pedagogia bilíngue e pós, para surdos e ouvintes), além de mais de 500 estudantes no curso de libras. Em escolas que não são bilíngues ou especializadas, como o Ines, em geral, alunos surdos e ouvintes frequentam as mesmas aulas e salas e precisam do apoio de intérpretes de libras.

    Assessoria de Comunicação Social

     

  • O Ministério da Educação divulgou nesta terça-feira, 17, o resultado da etapa estadual da 10ª edição do Prêmio Professores do Brasil. Foram selecionados 150 profissionais, que vão disputar a etapa regional, prevista para o final deste mês. Serão distribuídos R$ 255 mil em premiações em dinheiro, além de viagens educativas e equipamentos de informática e atletismo a professores dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas que tenham desenvolvido experiências pedagógicas criativas e inovadoras.

    A premiação, lançada em 2005, tem como objetivo reconhecer o trabalho dos professores das redes públicas que contribuem para a qualidade da educação básica, valorizar o papel dos educadores no processo formativo das novas gerações, e dar visibilidade às experiências pedagógicas exitosas que sejam passíveis de adoção por outros professores e pelos sistemas de ensino.

    Neste ano, os professores concorrem em seis categorias: creche (educação infantil), pré-escola (educação infantil), ciclo de alfabetização: 1º, 2º e 3º anos (anos iniciais do ensino fundamental), 4º e 5º anos (anos iniciais do ensino fundamental), 6º ao 9º (anos finais do ensino fundamental) e ensino médio.

    O coordenador-geral de Apoio a Certames e Programas Especiais do MEC, Joselino Goulart Junior, explica que os inscritos são analisados por dois avaliadores estaduais, indicados por coordenadores do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

    “São levados em consideração o potencial de que a experiência do professor seja replicada em sala de aula, os resultados objetivos com a turma e as etapas de planejamento e execução”, detalha. “O objetivo é valorizar o professor, com suas experiências e resultados obtidos em sala, com o intuito de estimular outros professores em sua atuação profissional.”

    O Prêmio Professores do Brasil é uma iniciativa do MEC em parceria com instituições que buscam reconhecer, divulgar e premiar o trabalho de educadores de escolas públicas que contribuem para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos nas salas de aula. A divulgação dos vencedores nacionais desta edição e a cerimônia de premiação ocorrerão no dia 6 de dezembro, na Praça das Artes, na cidade de São Paulo.

    Para conferir os vencedores da etapa regional basta acessar a página do prêmio.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • A presidenta da República, Dilma Rousseff, entregou à matemática e economista Maria da Conceição Almeida Tavares o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia 2011, em cerimônia no Palácio do Planalto, na manhã desta quinta-feira, 17. A premiação é considerada a mais importante do país nesse setor.

    Maria da Conceição é portuguesa naturalizada brasileira, graduada em matemática pela Universidade de Lisboa e em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fez mestrado na Universidade de Paris II e doutorado em economia da indústria e da tecnologia pela UFRJ.

    Professora, Tavares lecionou nas universidades Estadual de Campinas (Unicamp), Latinoamericana de Ciencias Sociales da Argentina, Nacional Autonoma do México, Pontifícia Universidade Católica do Chile e na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Um de seus orientandos foi o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que esteve presente à cerimônia. O ministro da da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, também compareceu. A economista também publicou e organizou mais de dez livros, dezenas de artigos em livros e publicações nacionais e estrangeiras e capítulos em mais de 20 livros.

    Dilma, que foi aluna da homenageada, destacou a importância da professora para o desenvolvimento dos estudos em economia no país. “Este prêmio significa uma justiça e um reconhecimento por toda a sua orientação, que influenciou várias gerações de estudantes e de profissionais brasileiros. Reconhece a contribuição inestimável de nossa professora Maria da Conceição Tavares ao nosso país, por meio de obstinada e vitoriosa militância política institucional”, disse a presidenta.

    O Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia reconhece pesquisadores brasileiros pelo trabalho em prol do avanço da ciência e pela transferência de conhecimento da academia ao setor produtivo. É uma iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a Fundação Conrado Wessel e a Marinha do Brasil. Na edição de 2011, o prêmio contemplou a área de ciências humanas, sociais, letras e artes.

    Assessoria de Comunicação Social

  • Dois projetos de incentivo à leitura desenvolvidos nos municípios de Santa Maria de Jetibá e de Vitória, no Espírito Santo, e um em São Paulo, capital, foram os vencedores do prêmio Vivaleitura de 2011. O anúncio foi feito na noite de quinta-feira, 10, na Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Concorreram ao prêmio 1.865 experiências das 27 unidades da Federação.

    O projeto Biblioteca Itinerante nas Comunidades Pomeranas de Santa Maria de Jetibá foi o ganhador na categoria bibliotecas. A experiência envolve cerca de sete mil estudantes da rede pública municipal urbana e rural. O município, de 34,1 mil habitantes, a 80 quilômetros de Vitória, foi colonizado no século 19 por pomeranos — europeus oriundos de região entre a Alemanha e a Rússia, atual Polônia. A população da cidade capixaba fala o português e pomerano.

    Para incentivar o uso da língua portuguesa nas áreas ocupadas pela colônia pomerana, a Secretaria Municipal de Educação desenvolve projeto de biblioteca itinerante, que faz visitas às escolas. Com o prêmio de R$ 30 mil, ganhos nesta edição do Vivaleitura, a secretaria pretende comprar um ônibus e mais livros para ampliar a experiência.

    Na categoria escolas públicas e privadas, o prêmio ficou com o projeto A Volta ao Mundo em Mil e Uma Histórias, desenvolvido na Escola Municipal Professor Vercenilio da Silva Pascoal, da periferia de Vitória. A experiência foi desenvolvida pela bibliotecária Elane de Oliveira Ebinger com estudantes do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos.

    Para introduzir os estudantes na leitura dos clássicos da literatura infantil e infanto-juvenil, Elane faz um trabalho que une geografia, história e atualidades. Ela seleciona um país, fala de sua história e de seus escritores e apresenta a literatura ali produzida. Ao escolher a França, por exemplo, ela chama a atenção dos estudantes para o livro Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, disponível na biblioteca da escola.

    A terceira experiência premiada é Biblioteca do Arsenal Esperança, que concorreu na categoria sociedade. O projeto é desenvolvido no Albergue Social, que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo. Lá vivem cerca de 1,2 mil pessoas. De uma pequena sala de leitura que existia em 2005, o espaço e o acervo foram ampliados por iniciativa de Lourival Lopes Cancela, que morou no albergue e hoje faz graduação em biblioteconomia.

    Hoje, o espaço de leitura reúne cerca de 6 mil obras catalogadas. Com o prêmio de R$ 30 mil dado ao projeto, Lourival pretende incluir tecnologias digitais e criar um acervo de obras em DVD.

    Autores de seis projetos escolhidos pela comissão julgadora receberam a menção honrosa José Mindlin, uma homenagem ao bibliófilo paulista, que morreu em fevereiro de 2010.

    Evolução— Criado no Ano Ibero-Americano da Leitura (2005), o prêmio incentiva a leitura em espaços escolares, bibliotecas, instituições, entidades e residências. Desde a primeira edição, até 2010, o Vivaleitura recebeu cerca de 10,3 mil projetos — 90 classificados e 15 premiados. No período, foram distribuídos R$ 450 mil.

    O prêmio é promovido pelos ministérios da Educação e da Cultura, coordenado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) e patrocinado pela Fundação Santillana, da Espanha. A cada ano são distribuídos R$ 90 mil, em dinheiro, aos vencedores das três categorias. O Vivaleitura tem o apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

    Ionice Lorenzoni

  • Cada uma das quatro iniciativas vencedoras receberá prêmio de R$ 25 mil (arte: ACS/MEC) Escolas, bibliotecas, entidades e cidadãos, crianças e jovens incluídos, que desenvolvam projetos de formação de leitores em todo o Brasil têm até 13 de março para se inscrever gratuitamente no 8º Prêmio Viva Leitura. Nesta edição, quatro iniciativas dividirão R$ 100 mil.

    A ação conjunta dos ministérios da Educação e da Cultura busca reconhecer as melhores experiências de promoção da leitura no país. Este ano, a novidade é o interesse por projetos que tenham crianças e jovens como protagonistas. Além da possibilidade de fazer a inscrição individualmente, com autorização dos responsáveis, eles também podem aparecer no público-alvo das iniciativas. 

    “Tem os dois vieses: os projetos em que a criança e o jovem são beneficiários, mas também — e principalmente — estamos tentando mapear e incentivar projetos em que as crianças sejam protagonistas da ação”, diz o titular da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca do Ministério da Cultura, Volnei Canônica. “Não só a criança que montou uma biblioteca, mas também aquela que está desenvolvendo ações de leitura na escola, que faz diferentes ações envolvendo sua família e as famílias da comunidade.”

    Este ano, as inscrições para o prêmio tiveram início no último dia 29 de janeiro. Serão escolhidos projetos em quatro categorias:

    • Biblioteca Viva, para bibliotecas comunitárias e públicas.
    • Escola Promotora de Leitura, para instituições públicas.
    • Território da Leitura, para entidades que promovam o hábito da leitura em espaços diversos.
    • Cidadão Promotor de Leitura, para ações individuais.

    Cada iniciativa vencedora receberá R$ 25 mil.

    “O prêmio tem um potencial multiplicador incrível porque vai compartilhar com o país a riqueza de várias experiências a serem inscritas e que até então eram desconhecidas”, diz a coordenadora-geral de materiais didáticos do MEC, Tassiana Cunha Carvalho. “Essas ações têm de ser reconhecidas, recompensadas e divulgadas porque assim incentivamos o brasileiro a ser mais leitor.”

    Além do incentivo em dinheiro aos projetos vencedores, o prêmio distingue, com a menção honrosa José Mindlin, iniciativas que se destaquem pelo impacto e abrangência.

    Incentivo — Criado em 2006, após o Ano Ibero-Americano da Leitura, o Viva Leitura integra as ações do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) como uma forma de incentivar a sociedade e mapear as ações desenvolvidas fora do âmbito governamental. “O país tem um déficit muito grande de leitura, um número muito alto de analfabetismo funcional, e essas práticas desenvolvidas em todo o território brasileiro são importantes para contribuir com as políticas públicas e com a redução do analfabetismo funcional”, considera Volnei Canônica. Segundo ele, desde a primeira edição, o prêmio teve mais de 13 mil projetos inscritos, um número expressivo, que precisa ser conhecido para gerar novos frutos. Por isso, de acordo com o diretor, mesmo aquelas iniciativas que não receberam a comenda vão compor um banco de boas práticas de leitura, com previsão de estar disponível ainda neste primeiro semestre.

    Conforme Tassiana Carvalho, a disseminação das ações gera um hábito que acaba repercutindo diretamente na escola. “A leitura é um instrumento muito importante no processo de aprendizagem; não adianta ela estar só ali dentro do componente curricular na escola”, afirma. “Quando o aluno adquire o hábito de fazer a leitura fora desse ambiente, acaba diversificando os atributos que tem para desenvolver esse conhecimento; ele se aprofunda.”

    O prêmio conta também com a parceria da Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI). Além disso, tem o apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Fundação Santillana, da Espanha.

    As inscrições devem ser feitas na página do Prêmio Viva Leitura de 2016 na internet.

    Assessoria de Comunicação Social

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  • A preocupação em reutilizar a água que pinga dos aparelhos de ar condicionado levou a professora de biologia Juliana Girardello Kern a criar o projeto Reúso da Água de Condicionadores de Ar para Irrigar Hortas Suspensas. Incluído entre os 39 vencedores da oitava edição do Prêmio Professores do Brasil, na categoria Temas Livres, subcategoria Ensino Médio, o projeto foi desenvolvido este ano com 40 alunos de segundo ano do Centro de Ensino Médio Tiradentes, de Palmas, Tocantins.

    A ideia surgiu em 2013, quando Juliana criou um protótipo do projeto. Este ano, ela resolveu retomar a ideia. Mostrou aos alunos o desperdício de água dos aparelhos de ar condicionado e explicou que aquela água poderia ser reutilizada. “Pensamos em uma horta, mas a horta comum seria apropriada para pessoas que moram em casas, não em apartamentos”, observa. “Chegamos então à conclusão de que deveríamos fazer uma horta suspensa.”

    Com a turma dividida em grupos, cada aluno escolheu uma residência para realizar o projeto. Essa medida, além do acompanhamento do desenvolvimento das plantas, possibilitou o envolvimento das famílias. “Os alunos e seus familiares tiveram a oportunidade de cuidar de uma planta e vê-la crescer e também desenvolveram técnicas e sensibilização em questões ambientais”, analisa Juliana.

    Outros benefícios trazidos pelo projeto, segundo a professora, foram o estreitamento dos laços familiares e a conscientização sobre o uso da água como o direito de todo cidadão, sem desperdício. Nas mini-hortas foi usado material reciclável, como caixotes de madeira, garrafas plásticas e garrafões de água de 20 litros.

    O projeto foi executado de abril a outubro, com a participação da professora de língua portuguesa Patrícia Pinheiro. “Com ela, vieram as orientações para a produção de um resumo do projeto de cada grupo e para o desenvolvimento do ‘diário de bordo’, para que todas as etapas pudessem ser descritas e analisadas”, diz Juliana. “O projeto me fez acreditar que posso fazer diferença, sim, em alguns lares”, afirma. “E este é meu maior prêmio: saber que a família do aluno participou do processo e se envolveu de fato.”

    Com licenciatura plena em biologia e especialização em ecoturismo, Juliana atua no magistério estadual há 12 anos. “Gosto de fazer coisas diferentes, inventar e recriar maneiras para estimular os alunos a estudar.”

    De acordo com a professora a distinção no 8º Prêmio Professores do Brasil resultou em satisfação profissional, paz interior, sentimento de dever cumprido. “Os alunos sentiram que é possível fazer diferença com muito pouco”, avalia.

    Fátima Schenini

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  • Três programas da TV Escola, emissora vinculada ao Ministério da Educação, estão entre os finalistas de uma das mais reconhecidas premiações da categoria na América Latina, o Prêmio TAL (Televisión América Latina). São mais de 150 produções de TVs públicas e culturais de 22 países concorrendo, pela relevância de seus conteúdos sociais e educativos.

    Produzido pela TV Escola em homenagem aos 200 anos da Revolução Pernambucana, 1817, a revolução esquecida, de Tizuka Yamasaki, é um dos finalistas em duas categorias: Ficção e Melhor produção educativa.  Considerado uma das mais importantes produções da emissora, o filme conta a história do movimento separatista sob um prisma feminino. A protagonista é Maria Teodora da Costa (personagem interpretada por Klara Castanho), companheira do líder revolucionário Domingos José Martins (Bruno Ferrari). O documentário mescla ficção e entrevistas e foi filmado em locações originais no Recife.

    Na categoria de Melhor conteúdo infantil, a TV Escola concorre com a série Guerreiros da Amazônia, animação que conta a história dos Amazon, povo lendário composto por descendentes de tribos da região e que tem a missão de lutar contra os vilões da natureza e poluidores da floresta.

    Em segunda temporada, a série Chico na Ilha dos Jurubebas, uma produção multiplataforma da TV Escola, com animação, games e material de apoio pedagógico para o professor, é finalista da categoria Melhor Produção Transmídia. A animação também se destaca como finalista do Prêmio ComKids 2018, evento que está em sua quinta edição e conta com 14 categorias. O Brasil participa de dez delas, com um total de 11 obras. O resultado final será divulgado no dia 26 de julho, em Montevidéu, no Uruguai.

    Intercâmbio – A Televisión América Latina é uma instituição sem fins lucrativos com centenas de associados reunidos em uma rede de incentivo, intercâmbio e divulgação de audiovisual do continente latinoamericano. A TAL contribui com a divulgação de canais públicos de TV, instituições culturais e educativas e produtores independentes, que produzem e divulgam documentários, séries e curtas-metragens

    Assessoria de Comunicação Social

     

  • Nelson Astrath (D), ao lado do reitor da UEM, Mauro Baesso (E), e do parceiro de pesquisa professor Stephen Bialkowski, considera a premiação importante para toda a comunidade científica nacional (foto: acervo pessoal)O professor brasileiro Nelson Astrath recebeu, no início deste mês, o prêmio Cientista Júnior da Associação Internacional de Fotoacústica e Fototérmica [International Photoacoustic and Photothermal Association (IPPA)]. Professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Astrath é ex-bolsista de pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação.

    O prêmio, considerado o mais importante do mundo na área de fotoacústica e fototérmica, visa a reconhecer jovens cientistas, abaixo de 40 anos, nesse campo de pesquisa. A cerimônia de premiação foi realizada durante a 18ª Conferência Internacional de Fotoacústica e Fenômenos Fototermais, em Novi Sad, Sérvia, no dia 9 último.

    Entre os trabalhos realizados pelo professor Astrath, a IPPA destacou a técnica de espelho térmico, que permite desenvolvimento substancial na caracterização de materiais em geral. A pesquisa do professor brasileiro foi definida pela organização internacional como contribuição excepcional no desenvolvimento teórico e experimental de diferentes métodos fototérmicos.

    “A premiação é muito valiosa para nossas agências de fomento e para a comunidade científica nacional”, disse Astrath. “Não só para a área de fototérmica, mas para várias áreas correlatas, um reconhecimento de muito trabalho e amadurecimento científico.” De acordo com o professor, o prêmio foi dado pelo conjunto da obra e se estende a todos os envolvidos, não apenas da UEM, mas de várias outras instituições parceiras, do Brasil e do exterior.

    Astrath atuou como professor-pesquisador visitante com bolsa de estágio pós-doutoral da Capes na Utah State University, Estados Unidos, em 2013. “A pesquisa sobre parte dos efeitos da pressão de radiação, feita com meu colega Stephen Bialkowski, foi iniciada lá, durante o estágio”, observou. “Acabou virando uma linha muito forte em nosso grupo na UEM, e os resultados obtidos aqui levaram à publicação de vários artigos de impacto.” Ele considera a experiência no exterior importante para consolidar as pontes de internacionalização das pesquisas realizadas. “Considero fundamental esse período como professor visitante nos EUA”, afirmou.

    O Programa de Pesquisa Pós-Doutoral no Exterior da Capes destina-se à realização de estudos avançados posteriores à obtenção do título de doutor. O programa oferece bolsas de estudos a pesquisadores que tenham o título de doutor há menos de oito anos. Mais informações no Programa de Pesquisa Pós-doutoral no Exterior.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações da Capes

     

     

  • Velhas brincadeiras de roda fazem parte da proposta pedagógica implantada na escola do interior baiano (foto: arquivo da professora Vânia Dourado)Brincadeiras antigas podem ser mais fascinantes para as crianças do que as atuais. Afinal, são novidade para a geração dos brinquedos industrializados e dos jogos eletrônicos. A professora Vânia Emília Dourado, 36 anos, da Escola Anísio de Souza Marques, na zona rural de Iraquara, cidade baiana de 25 mil habitantes, encravada na Chapada Diamantina, conseguiu envolver alunos da educação infantil e seus avós numa proposta pedagógica para ensinar a brincar como antigamente.

    Cantigas de roda, como Seu Juquinha e Mulher Rendeira foram selecionadas entre as muitas enviadas pelas famílias das crianças de quatro e cinco anos. O projeto pedagógico Meus Avós Brincavam de Quê? foi um dos distinguidos este ano no 6º Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo Ministério da Educação. “É preciso valorizar aquilo que está perdido. Tirar o aluno da sala para brincar, resgatar brincadeiras antigas que a maioria das crianças de hoje não conhece”, comenta a professora.

     

    Foram selecionadas para o projeto pedagógico dez brincadeiras vinculadas a vivências culturais da região. Assim, avós e pais puderam lembrar a infância e brincar com filhos e netos.

     

    Jaime Francisco Dourado, 78 anos, avô de Jaiane, de cinco, mostrou à neta como ele e os amigos construíam os próprios carrinhos, com rodas de sabugo de milho e casca de cabaça. “Nem me lembrava mais; há quanto tempo não fazia um”, diz Dourado. “Ela gostou demais e as crianças da escola, também. Voltei a brincar, a me divertir.”

     

    Zulmira Emília, 68 anos, mulher de Dourado, também entrou na roda das brincadeiras antigas. Além das cantigas cantadas em roda nos tempos de menina, ela criava as próprias bonecas. “A gente brincava com bonecas de espiga de milho”, lembra. “Os cabelos eram feitos de palha desfiada, que a gente amarrava; os olhos, com carvão. Depois, era só enrolar nuns paninhos e fazer de conta que era um nenê”, conta, feliz com as lembranças da infância. “Minha neta nunca tinha visto esse tipo de boneca. Ela achou engraçada e brincou.”

     

    O projeto ainda resgatou frutos típicos da caatinga que as crianças de antigamente usavam para criar brinquedos, como o quiabento, arbusto coberto de espinhos que pode chegar a cinco metros de altura. Com os frutos, eram simulados animais em fazendinhas. Gravetos viravam pernas, rabos e chifres. “As crianças de Iraquara, que é uma cidade pequena, ainda têm o hábito de brincar na rua, mas com bola”, diz a professora. “As brincadeiras antigas, elas não conhecem.”

     

    Resgate — Autores como o historiador Câmara Cascudo [1898-1986] e a professora Tizuko Kishimoto explicam que o resgate de jogos tradicionais infantis é importante porque esses jogos partem da cultura popular e expressam a produção espiritual de um povo em uma determinada época histórica. Como são transmitidos pela oralidade, estão sempre em transformação, incorporando criações anônimas das sucessivas gerações.

     

    Pesquisas mostram a importância de resgatar os jogos tradicionais na educação e socialização da infância, a exemplo do projeto da professora Vânia Emília. Ao brincar e jogar, a criança cria vínculos sociais, ajusta-se ao grupo, obedece a regras e aprende a ganhar e a perder. Valores que seguirão com ela na vida futura.

     

    Na experiência lúdica de brincar juntos, promovida pela Escola Anísio de Souza Marques, netos e avós puderam cultivar a fantasia, vivenciar a amizade e a solidariedade, traços fundamentais para o desenvolvimento de uma cultura solidária na sociedade brasileira atual, como afirma a professora Elizabeth Lannes Bernardes, da Universidade Federal de Uberlândia, no artigo Jogos e Brincadeiras Tradicionais: um Passeio pela História.

     

    Assim, durante os quatros meses do projeto da escola baiana, as crianças e seus avós uniram-se para brincar como antigamente. “O projeto foi uma troca, um resgate cultural e uma forma de aproximar e de integrar a comunidade escolar”, comemora Vânia, que vai investir parte do dinheiro do prêmio em livros. “Fui premiada, mas todos ganharam.”

     

    Vânia começou a dar aulas antes mesmo de concluir o magistério. Já são 19 anos de sala de aula. “A formação continuada para mim é tudo”, afirma. Ela já pensa em um novo projeto para 2013. Agora, com a cultura escrita inserida em cantinhos temáticos de brincar para crianças da educação infantil.

     

    Rovênia Amorim

     

     

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  • Mercadante, com os vencedores do Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos: “Somos um país marcado pela pluralidade” (foto: Letícia Verdi/MEC)O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, destacou nesta segunda-feira, 17, o papel da escola no combate ao preconceito e como espaço de promoção da cultura de paz e respeito ao próximo. Ele participou, com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, da entrega do Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, terceira edição.

    “Somos um país marcado pela pluralidade”, disse Mercadante. “Nossa constituição histórica se deu por múltiplas vertentes. Quando a identidade é construída com a exclusão do outro, ela é a raiz da violência.”

     

    De acordo com o ministro, a escola deve combater essa visão. “Precisa construir uma cultura de respeito à diversidade, à pluralidade, a todas as formas e dimensões de ouvir, conhecer, ter interesse pelo que o outro traz em sua bagagem e em sua história”, salientou.

     

    Dos mais de 200 trabalhos inscritos, foram selecionados nove vencedores, em quatro categorias, além de uma menção honrosa. Um deles foi o de Antônio Marcos Lima de Oliveira, que ganhou o primeiro lugar na categoria voltada para desenvolvimento de projetos de direitos humanos nas escolas públicas e particulares do país.

     

    O professor Antônio Marcos Oliveira recebeu do ministro Aloizio Mercadante o prêmio pelo projeto de programa de rádio no interior cearense, produzido com os alunos, em que são debatidos temas como alcoolismo, exploração sexual, trabalho infantil e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (foto: Letícia Verdi/MEC)Professor na escola pública Deputado Joaquim de Figueiredo Correia, no município de Iracema, Ceará, Oliveira desenvolveu o programa de rádio Palavra Jovem: a Voz da Cidadania. Com duração de 30 minutos, o programa, produzido pelos alunos com ajuda dos professores, vai ao ar todas as terças-feiras. Nele são debatidos temas como alcoolismo, exploração sexual, trabalho infantil e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, entre outros.

    “Em algumas cidades do interior brasileiro, não há jornal local, nem televisão, nem universidade para fazer o trabalho de extensão”, observou o professor. “Cabe muitas vezes às escolas fazer esse papel, trabalhar com os alunos e suas famílias.”

     

    Valores — A premiação é considerada importante mecanismo de fortalecimento de práticas educacionais que promovam a construção de uma cultura universal dos direitos humanos. Ela foi concebida como bienal para permitir, entre uma edição e outra, a troca de experiências e a reflexão sobre os projetos premiados. Uma forma de contribuir para a consolidação de uma sociedade que afirme valores como liberdade, justiça, igualdade, solidariedade, tolerância e paz.

     

    O prêmio distingue projetos de instituições educacionais e órgãos gestores da educação nos estados e municípios. Podem participar instituições públicas e particulares de educação básica e superior, secretarias estaduais e municipais de educação e instituições de educação não formal. O projeto também pode ser desenvolvido em parceria com organizações não governamentais, sindicatos, igrejas, agremiações, associações, movimentos sociais, entidades civis, empresas públicas e particulares. Nesta terceira edição, os primeiros colocados foram premiados com R$ 15 mil; os segundos, com R$ 5 mil.

     

    O Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos é uma iniciativa da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI), em parceria com o Ministério da Educação e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, com o patrocínio e a execução da Fundação SM.


    Paula Filizola

     

     

     

  • Com o dinheiro que aprenderam a economizar, os estudantes da escola de Ivoti conseguiram pagar o aluguel do ônibus e os ingressos para ir a Porto Alegre e visitar o Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS (foto: saojosedonorte.rs.gov.br)Uma discussão sobre o valor arrecadado pela professora para custear fotocópias usadas nas aulas de matemática deu origem a uma proposta pedagógica premiada. O projeto Aprendendo a Poupar, desenvolvido com alunos do oitavo ano do ensino fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Professor Mathias Schütz, em Ivoti (RS), foi um dos vencedores da oitava edição do Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo Ministério da Educação.

    De acordo com a professora de matemática Denise Brandão Kern, autora do projeto, alguns alunos consideravam alto o valor a ser pago pelas cópias. Ela propôs aos estudantes que anotassem todos os gastos. “Assim, poderiam identificar se aquele valor era justo”, esclarece. De acordo com Denise, o envolvimento dos pais e de outras pessoas da comunidade no processo de discussão e de reflexão sobre o tema enriqueceu a aprendizagem.

    De março a outubro de 2013, os alunos participaram de diversas atividades, tanto em sala de aula quanto em passeios. Em visita a um supermercado, eles tiveram como tarefa anotar os produtos que custavam menos de R$ 1 e os preços daqueles mais consumidos nos lanches. Durante visita a uma agência bancária, conversaram com o gerente sobre o funcionamento do estabelecimento.

    Outra atividade foi a abertura de uma conta de poupança da turma, com previsão de depósitos mensais. O total arrecadado ao final do projeto permitiu custear uma viagem de estudos ao Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. “Com o dinheiro economizado, conseguimos pagar o ônibus e os ingressos. E ainda sobraram R$ 6,50 para cada um”, revela a professora.

    Em sala de aula, o conteúdo sobre números decimais foi trabalhado a partir dos valores pesquisados no supermercado. “As discussões ajudaram os alunos, que aprenderam a se posicionar com respeito, a ouvir e a argumentar”, esclarece a professora. “As aulas contribuíram na formação da cidadania.”

    Reconhecimento— Para Denise, receber o Prêmio Professores do Brasil representa reconhecimento. “O trabalho de um professor, em nosso país, ainda é pouco valorizado, e a visibilidade que um prêmio como esse nos dá ajuda a acreditar que vale a pena ser professor”, enfatiza. “Estar entre os selecionados é uma forma de representar a classe dos professores que lutam dia a dia para fazer a diferença na educação no Brasil.”

    Denise tem licenciatura plena em ciências e em matemática e mestrado em ensino de ciências exatas. Há 25 anos no magistério, ela diz esperar que sua influência seja sempre positiva na vida dos alunos e os ajude a fazer boas escolhas.

    Fátima Schenini

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  • Ao perceber que seus alunos classificavam as aulas teóricas de educação física como monótonas e chatas e que, durante as práticas esportivas, eles só se interessavam por futebol, a professora Laís Cecília da Silva Borges resolveu desenvolver um trabalho que os motivasse. Surgiu assim o projeto Sedentarismo x Atividade Física – Uma Luta Diária.

    Desenvolvido em 2015, com alunos do sexto ano do ensino fundamental da Escola Municipal Rural de Tempo Integral Ponte de Pedra, no município goiano de Paraúna, o trabalho foi criado para mudar os hábitos alimentares e físicos da comunidade escolar, mostrar a importância da prática de atividades físicas e acabar com o sedentarismo. A escola, de educação infantil e ensino fundamental, está localizada no assentamento Ponte de Pedra, a cerca de 60 quilômetros da sede do município.

    Antes de dar início ao projeto, Laís observou que os estudantes apresentavam vícios alimentares prejudiciais à saúde originados por hábitos de família. Decidiu então torná-los orientadores dos familiares quanto à necessidade de optar por alimentos saudáveis no lugar dos industrializados, instantâneos. O primeiro passo foi buscar ajuda profissional na Secretaria Educação do município. “Desenvolvemos encontros semanais com profissionais da saúde, como nutricionista, médico, fisioterapeuta e psicólogo”, explica.

    A professora criou um grupo, o Medida Certa, formado por representantes da escola e da comunidade, para participar de caminhadas e de sessões de reeducação alimentar. A partir das explicações recebidas dos profissionais, os estudantes desenvolveram uma sequência de atividades com o grupo. O projeto também incluiu uma oficina culinária, na cozinha da escola, na qual os participantes puderam aprender receitas de refeições saudáveis.

    “Tivemos grandes conquistas”, destaca a professora. Uma das participantes perdeu 18 quilos. Para Laís, constatar que o projeto fez diferença na vida de muitas pessoas foi prazeroso e satisfatório. Mas o que a deixou mais feliz foi ver pessoas sedentárias adotarem a prática de atividades físicas.

    Segundo a professora, os alunos contribuíram bastante com o projeto, ao dar ideias. “Eles participaram efetivamente em toda a execução e enriqueceram a aprendizagem sobre o assunto tratado no projeto”, ressalta.

    Prêmio — O projeto Sedentarismo x Atividade Física incluiu a professora Laís entre os ganhadores da nona edição do Prêmio Professores do Brasil, na categoria sexto ao nono ano do ensino fundamental. “O reconhecimento que tive após o prêmio foi muito bom, mas o reconhecimento pessoal foi mais importante ainda, por saber que, por mais difícil que seja, não há nada melhor que ser algo a mais na vida dos meus alunos.”

    Estudante de pedagogia, Laís atua como professora há dois anos. Além de lecionar educação física em turmas do sexto ao nono ano, ela dá aulas de matemática no sexto ano.

    Na visão da professora Mirian da Costa Tavares, diretora da escola há sete anos, é relevante para ela e para toda a comunidade escolar ser representada por uma professora classificada entre as 30 melhores do Brasil. “Nossa instituição, que antes sofria preconceito por ser escola do campo, já está recebendo reconhecimento pela qualidade do ensino”, salienta Mirian. Com formação em curso normal superior e pós-graduação em psicopedagogia, ela atua na área da educação há 13 anos.

    Edição — A nona edição do Prêmio Professores do Brasil selecionou, em 2015, 30 experiências pedagógicas desenvolvidas por professores das cinco regiões brasileiras. Os trabalhos foram destacados entre 11.812 inscritos, nas categorias creche; pré-escola; ciclo de alfabetização: primeiro, segundo e terceiro anos – anos iniciais do ensino fundamental; quarto e quinto anos – anos iniciais do ensino fundamental; sexto ao nono ano – anos finais do ensino fundamental; ensino médio. Cada um dos 30 professores recebeu prêmio de R$ 7 mil. Cada categoria teve um professor destacado para receber prêmio extra, no valor de R$ 5 mil.

    A partir de 2015, o Prêmio Professores do Brasil passou a integrar a iniciativa Educadores do Brasil, ao lado do Prêmio Gestão Escolar, do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). Assim, a entrega dos prêmios a professores e diretores de escolas foi realizada pela primeira vez, este ano, em conjunto.

    O Prêmio Gestão Escolar selecionou 22 escolas como destaques estaduais, com premiação de R$ 6 mil para cada uma. As cinco escolas indicadas como destaque regional receberam R$ 10 mil. O Colégio Estadual Professora Maria das Graças Menezes Moura, de Itabi, Sergipe, foi escolhido como escola referência Brasil, com premiação de R$ 30 mil.

    Os resultados dos prêmios estão na página da iniciativa Educadores do Brasil na internet.

    Fátima Schenini

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  • Haddad, na abertura do seminário: “A avaliação de uma escola também deve ser medida pela capacidade de formar cidadãos plenos”Cinco escolas, uma de cada região brasileira, foram premiadas na noite de segunda-feira, 24, por desenvolver práticas de inclusão de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. A entrega do prêmio Experiências Educacionais Inclusivas fez parte da abertura do seminário internacional A Escola Aprendendo com as Diferenças, que vai até quinta-feira, dia 27, em Brasília.

    “Sempre que falamos em aferir a qualidade da educação, pensamos em exames de proficiência, mas esquecemos que a avaliação de uma escola também deve ser medida pela capacidade de formar cidadãos plenos”, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo ele, as escolas devem ensinar, acima de tudo, o convívio harmonioso entre as crianças e jovens, baseado no respeito mútuo. “Todos se beneficiam com a inclusão.”

    Haddad destacou os programas do Ministério da Educação que dão condições às escolas regulares de receber alunos com deficiência, como a implantação de salas de recursos multifuncionais, que reforçam o aprendizado de acordo com as peculiaridades de cada estudante. O ministro citou, também, a contagem de dupla matrícula no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para as escolas regulares que oferecem atendimento especializado no turno oposto ao das aulas. “As ações já se refletem no censo escolar, que registrou número maior de matrículas de alunos com deficiência nas escolas regulares do que nas especializadas”, ressaltou.

    O prêmio Experiências Educacionais Inclusivas recebeu 713 inscrições, oriundas de 420 municípios de todos os estados. Os vencedores apresentarão as experiências durante o seminário e em publicação conjunta da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) e da Secretaria de Educação Especial (Seesp) do MEC.

    Para o secretário-geral da OEI, Álvaro Marchesi, as experiências das escolas precisam ser compartilhadas com outros países. “Precisamos aprender juntos para, juntos, transformar a sociedade, que precisa de bons exemplos”, afirmou.

    Além das cinco vencedoras, 11 escolas foram homenageadas e uma, de educação infantil, recebeu menção honrosa. O prêmio também tem o apoio do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Fundação Mapfre.

    Assessoria de Comunicação Social



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