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Educação indígena

Indígenas do Mato Grosso do Sul terão curso de agroecologia

  • Sexta-feira, 21 de outubro de 2005, 16h38
  • Última atualização em Terça-feira, 15 de maio de 2007, 10h21

 

Os povos Terena e Kadiwéu terão, em 2006, o primeiro curso de graduação em agroecologia voltado exclusivamente para alunos indígenas. O curso será oferecido pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), de Campo Grande (MS), em parceria com os ministérios da Educação, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o governo do estado do Mato Grosso do Sul.

O acordo para a criação de um curso-piloto em 2006 foi acertado nesta sexta-feira, 21, pelos ministros da Educação, Fernando Haddad, e do Meio Ambiente, Marina Silva, a UCDB, a Funai e o governo do MS. O objetivo da iniciativa é qualificar e oferecer novos instrumentos para os povos promoverem sua auto-sustentabilidade. O curso vai formar pessoas para prestar assistência técnica nas comunidades e assim construir o desenvolvimento baseado na etnoeconomia dos próprios indígenas.

Para o ministro Haddad, essa é uma forma de a educação superior ir ao encontro das demandas sociais, culturais e econômicas dos povos, combinando saber tradicional com conhecimentos científicos e tecnológicos. A ministra Marina Silva destacou que este é um processo de resgate ético e moral do país com as populações indígenas.  Ela lembrou que quando os portugueses chegaram ao Brasil, aqui viviam cerca de cinco milhões de índios e que hoje eles somam entre 450 mil e 500 mil. “Isso significa que foram eliminados em torno de um milhão de indígenas a cada século”, disse.

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, lembrou que Mato Grosso do Sul tem nove povos que somam 50 mil pessoas, o que constitui a segunda maior população indígena do país. A primeira está no Amazonas. Mércio também destacou o crescimento do acesso dos indígenas à educação superior nos últimos 12 anos. Em 1993, 97 índios estavam na universidade e hoje são 2.200.

Curso – O curso-piloto de agroecologia na UCDB terá 40 alunos, duração de três anos e meio divididos em 27 módulos. Cada módulo terá 35 dias de duração. Ao todo, serão 3.024 horas de aula e um estágio curricular supervisionado de 1.728 horas. As aulas serão em regime de alternância, combinando aulas na universidade e atividades de campo na aldeia. O custo, que será dividido entre os parceiros, está estimado em R$ 2,9 milhões. Entre os dias 3 e 5 de novembro, a UCDB promove uma oficina, em Campo Grande, com os parceiros para discutir o formato dos convênios que serão celebrados e a divisão de custos e tarefas. O curso foi construído de acordo com os referenciais da graduação de antropologia, agroecologia e do etnodesenvolvimento, em diálogo com os saberes tradicionais dos povos Terena e Kadiwéu. Os professores são da Universidade Católica Dom Bosco.

UCDB – A universidade foi criada em 1993 e em 1995 estruturou o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Populações Indígenas (Neppi). O núcleo desenvolve um programa de caráter interdisciplinar e interinstitucional de pesquisas e ações de apoio aos índios Kaiowá e Guarani do Mato Grosso do Sul. Hoje, a universidade tem 38 cursos de graduação, três programas de mestrado e cerca de 30 cursos de extensão.

Repórter: Ionice Lorenzoni

Assunto(s): mec , notícias , jonalismo , matérias
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