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  • Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Conabe) reúne especialistas brasileiros e estrangeiros até sexta-feira, 25 de outubro, em Brasília

    O ministro da Educação, Abraham Weintraub (centro), destacou que a alfabetização é a principal pauta da atual gestão do MEC (Foto: Luís Fortes/MEC)


    Dyelle Menezes e Guilherme Pera, do Portal MEC

    Com mais de 200 participantes, teve início nesta terça-feira, 22 de outubro, a Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Conabe), organizada pelo Ministério da Educação (MEC). Especialistas de renome nacional e internacional na área reúnem-se para falar sobre experiências que deram certo em várias partes do mundo. A ideia é que as boas práticas sejam incluídas no processo de alfabetização em escolas e nas famílias brasileiras.

    A abertura do evento contou com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Anderson Correia, o presidente científico da Conabe, Renan Sargiani, e o deputado federal Gastão Vieira (Pros-MA). A sede da Capes, em Brasília, é o local de realização da conferência.

    Reino Unido, Estados Unidos e França são alguns dos países que fundamentaram as políticas de alfabetização por meio de evidências científicas, ou seja, utilizaram métodos embasados em pesquisas para garantir um melhor ensino-aprendizagem. O objetivo é trazer isso para o Brasil. “A busca da verdade é científica. É um processo lógico, racional, cartesiano”, pontuou Abraham Weintraub.

    Outra fonte de inspiração para o trabalho da atual gestão do MEC é o relatório “Alfabetização infantil: os novos caminhos”, que a então Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, em 2003, produziu. O então presidente do colegiado era Gastão Vieira. “Fico emocionado ao ver o trabalho sério que fizemos, enfim, ser reconhecido e utilizado como referência”, disse. Na Conabe, será lançada a terceira edição da obra — a segunda é de 2007.

    Em que momento a família ou a escola deve introduzir a tecnologia no processo de leitura e aprendizagem, quais são as práticas de leitura e escrita que a família pode aplicar em casa para complementar o que é abordado em sala de aula, e a importância de ler para um bebê ainda na barriga da mãe são alguns dos exemplos que serão discutidos no encontro.

    A Conabe faz parte das ações de implementação da Política Nacional de Alfabetização (PNA), instituída pelo governo federal em abril. O evento segue até sexta-feira, 25. “Neste encontro será formulado o Relatório Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Renabe), que subsidiará futuros programas de alfabetização do país”, explicou Carlos Nadalim.

    Com o tema “A Política Nacional de Alfabetização e o Estado da Arte das Pesquisas sobre Alfabetização, Literacia e Numeracia”, a conferência terá diferentes espaços de palestras com debates e trocas de experiências.

    A programação será dividida em 10 eixos temáticos:

    • ciências cognitivas e pesquisas translacionais em alfabetização;
    • aprendizagem e desenvolvimento da leitura e da escrita;
    • bases neurobiológicas da aprendizagem da leitura e da escrita;
    • autorregulação comportamental, cognitiva, emocional e motivacional no processo de alfabetização;
    • dificuldades e distúrbios da leitura e da escrita e desafios na alfabetização em diferentes contextos;
    • planejamento e orientações curriculares para o ensino de literacia e numeracia;
    • abordagens e práticas de ensino da leitura e da escrita;
    • numeracia e ensino de matemática básica;
    • formação e desenvolvimento profissional de professores;
    • avaliação e monitoramento da aprendizagem de leitura, escrita e matemática básica.

    Segundo o presidente da Capes, que participou da equipe de transição do governo, em 2018, a alfabetização tem sido tratada como prioridade desde o início. “Isso ficou evidenciado pela criação da Secretaria de Alfabetização”, sintetizou Anderson Correia.

    Produto final – Paralelo às palestras, doze especialistas vão trabalhar em um painel de discussões com dinâmicas voltadas à coleta e análise de dados científicos, práticas pedagógicas, materiais didáticos e orientações curriculares, produzindo recomendações com base em pesquisas científicas.

    O presidente científico da Conabe, Renan Sargiani, é neurocientista. Para ele, a Conabe trata de estimular “um trabalho com base em evidências científicas, afastado de crenças e ideologias”.

    O MEC vai reunir tudo o que foi discutido e proposto no painel de especialistas durante os quatro dias de trabalho no Renabe.


    22/10/2019 - 1ª Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências – CONABE.  Fotos: Luis Fortes/MEC

  • Experiências educacionais bem-sucedidas que promovem políticas, programas e projetos cujas contribuições sejam relevantes para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) foram agraciadas nesta quinta-feira, 23, em Brasília, com a Medalha Paulo Freire. Promovida pelo Ministério da Educação, a premiação contempla as instituições que se destacam nos esforços da universalização da alfabetização e na melhoria da qualidade da educação no Brasil.

    A secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, Ivana de Siqueira, destacou o caráter desafiador da EJA, oferecida a partir dos 15 anos para o público de ensino fundamental e, para o ensino médio, a partir dos 18 anos, e falou sobre a importância de dividir essas experiências para aprimorar a Educação de Jovens e Adultos no Brasil. “Avançamos muito na educação, mas nessa área ainda temos um passado que precisa se pensar muito, refletir e avançar”, afirmou, lembrando que, no Brasil, 50 milhões de pessoas, com 15 anos ou mais, não completaram a educação básica. “Temos procurado encontrar maneiras de contribuir, cada vez mais, com os estados e municípios, e com a rede de escolas do nosso país para diminuir esses números ainda preocupantes. ”  Em 2017, 58 trabalhos participaram da seleção e nove foram premiados. Cinco receberam a Medalha Paulo Freire. São representantes de Goiás, Mato Grosso, Paraná e Ceará. Os outros quatro, a Menção Honrosa. Eles vieram do Piauí, do Ceará, de Roraima e de Santa Catarina. 

    Diretora da Escola Municipal Agostinho Moreira e Silva, de Fortaleza (Ceará), Orlenilda Souza estava radiante com a chance de representar a escola e os alunos. Desenvolvido pela instituição, o projeto Cultura Afro investiu no resgate da autoestima das mulheres negras da escola. A escola tem 250 alunos, de 14 a 74 anos, e o resultado da iniciativa foram adultos mais confiantes e dedicados. “Percebemos a baixa autoestima dos nossos alunos da EJA e vimos que isso estava relacionado à identidade deles”, explicou a diretora. “O Cultura Afro busca fazer com que eles entendam a sua identidade negra e, dali, partam para um projeto de vida, para uma mudança de comportamento e uma nova postura diante dos desafios da nossa comunidade. ”

    Este ano, 58 trabalhos participaram da seleção e nove foram premiados; cinco com a Medalha Paulo Freire e outros quatro com menção honrosa (Foto: Mariana Leal/MEC)

    A Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia, de Boa Vista (Roraima), recebeu a menção honrosa pelo projeto Música para a Inteligência, que atraiu 130 estudantes de 15 e 92 anos a concluir os estudos. “Introduzimos a música popular brasileira, a música afro e a música religiosa e evangélica no ensino”, contou a diretora da escola, Adaize Rosas de Souza. “Usamos isso como inspiração para que os jovens e os idosos não deixassem a escola e fossem alfabetizados com prazer. Receber essa menção honrosa é o reconhecimento do nosso trabalho. ”

    Avaliação – A escolha dos trabalhos foi feita por uma comissão julgadora, que, para avaliação das experiências educacionais, visitou as instituições que executam na prática os projetos. Representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e membro da comissão, Maria Edineide Batista reforçou que a Medalha Paulo Freire é importante para vivenciar o comprometimento dos professores, assim como também dos gestores, frente a tantos desafios encontrados na EJA. “As experiências educacionais por mim visitadas estão em pé de igualdade, claro que em contextos diferentes, mas todas merecem a medalha número 1”, elogiou.

    Medalha – Os autores de experiências vencedoras da edição 2017 da Medalha Paulo Freire ganham a peça em bronze. Em uma das faces aparece a imagem do educador e na outra, a frase: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. A premiação tem caráter exclusivamente cultural, o que exclui qualquer modalidade de sorteio ou pagamento aos concorrentes.


    Projetos ganhadores da Medalha Paulo Freire:

    - Cultura Afro – Escola Municipal Agostinho Moreira e Silva – Fortaleza (CE)
    - Eu, Cidadão do Mundo – Centro de Educação de Jovens e Adultos Arco Íris – Goiânia (GO)
    - Os Educandos da EJA como Agentes (Transformadores nos 300 Anos da História Cuiabana) – Secretaria Municipal de Educação, Desporto e Lazer – Cuiabá (MT)
    - Gestão dos Territórios Tradicionais de Pescadores (as) Artesanais – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná – Paranaguá (PR)
    - A Construção de Ações Cidadãs no Universo Escolar da EJA – Autarquia Municipal da Educação de Apucarana – Apucarana (PR)


    Projetos que ganharam menção honrosa:

    - Monte Sião e EJA – Educar e Ressocializar – Casa de Recuperação Monte Sião – Cascavel (CE)
    - Valorizando o Homem do Campo – Canel Central Agrícola Nova Era Ltda._ Uruçuí (PI)
    - Música para a Inteligência – Associação de Pais e Mestres da Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia – Boa Vista (Roraima)
    - Escolarização Depois dos 40 – Recomeçar para Cuidar de Si – Associação dos Professores e Alunos do NAES de Itapiranga – Itapiranga (SC)

    Assessoria de Comunicação Social

     

  • Estão abertas até 15 de março próximo as inscrições para a Medalha Paulo Freire, premiação voltada para a divulgação, reconhecimento e estímulo de experiências educacionais de alfabetização e educação de jovens e adultos. Esta edição tem como tema Direitos Humanos, Diversidade, Inclusão e Cidadania. As inscrições são gratuitas.

    De abrangência nacional, a Medalha Paulo Freire, concedida desde 2005, contempla iniciativas de inovação metodológica ou curricular. “A medalha constitui bem mais do que uma simples homenagem ou premiação”, diz a titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação, Ivana de Siqueira. “É um reconhecimento e estímulo a práticas exitosas que buscam a equidade e o direito à educação ao longo da vida.”

    Podem concorrer à premiação experiências de todo o país que estejam em execução ao longo de 2017. Na categoria pessoas jurídicas, os projetos devem estar vinculados a secretarias de Educação, universidades, movimentos sociais, instituições do Sistema S e organizações não governamentais. A categoria pessoas físicas engloba projetos desenvolvidos por personalidades que contribuam com iniciativas para a redução do analfabetismo e melhoria da educação de jovens e adultos.

    As inscrições devem ser feitas na página da Medalha Paulo Freire na internet. A seleção dos premiados está prevista para agosto. A divulgação do resultado, para dezembro.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • Em reunião nesta terça-feira, 13, na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, voltou a defender a destinação integral dos royalties do petróleo à educação pública. “Petróleo é uma riqueza não renovável, a que as futuras gerações não terão acesso”, observou ele. “Petróleo não é para financiar a máquina do governo, não é para custeio. É para preparar o Brasil pós-petróleo, preparar o Brasil do conhecimento, a sociedade da informação. Só seremos um país desenvolvido se tivermos educação universal e de qualidade para todos”, salientou.

    O ministro insistiu que o Congresso precisa definir uma fonte nova de financiamento para garantir a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação, conforme aprovado no Plano Nacional de Educação (PNE). “Não há como alcançar as metas do PNE se não houver uma receita nova. Não há espaço para aumentar os impostos”, reforçou Mercadante. “Vamos lutar no Senado por 100% dos royalties”, completou.

     

    O mesmo assunto foi pauta de uma reunião na parte da manhã com representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG). No encontro, o ministro sinalizou para a necessidade de uma campanha massiva com todos os movimentos sociais e entidades ligadas à educação para defender a destinação de 100% dos royalties do petróleo para o setor. Segundo ele, a definição precisa ser feita paralelamente à tramitação do PNE no Senado.

     

    Balanço – Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro Mercadante também apresentou aos parlamentares as principais ações do MEC no último ano. Lançado recentemente, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa foi um dos principais temas debatidos. Um dos eixos centrais do programa é a formação continuada de professores alfabetizadores. Para que possam participar do curso presencial com duração de dois anos que o MEC vai oferecer a partir de 2013, eles receberão uma bolsa. O valor inicial era de R$ 150. No entanto, foi reajustado para R$ 200, levando a ampliação do orçamento de R$ 2,7 bilhões para R$ 3,3 bilhões.


    Assessoria de Comunicação Social

     

     

  • Ao lado do senador Roberto Requião, presidente da Comissão de Educação, o ministro Mercadante defende o uso dos tablets (Foto: Fabiana Carvalho)“A questão do salário do professor não é apenas trabalhista, mas uma questão de valorização”, afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante audiência pública realizada nesta quarta-feira, 29, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal. Ao defender o piso nacional dos professores, o ministro observou que a docência deve ser uma carreira bem remunerada e valorizada, caso contrário não será possível trazer os melhores profissionais para as escolas.

    Mercadante fez uma exposição sobre as principais metas e diretrizes do Ministério da Educação, apresentando os planos da pasta, desde a educação infantil até a pós-graduação. Também fizeram parte da mesa o presidente e o vice-presidente da comissão, Roberto Requião (PMDB-PR) e Paulo Bauer (PSDB-SC).  

    No debate, o ministro apontou a importância da alfabetização até a idade de oito anos. De acordo com ele, a alfabetização – saber ler e escrever e fazer contas matemáticas simples – na idade certa permitirá melhor desenvolvimento no restante do processo educacional, reduzindo a evasão escolar. “Alfabetização na idade certa tem que ser a prioridade das prioridades deste país. Temos que atacar esse problema na origem e olhar para a valorização e capacitação dos 200 mil profissionais que fazem a alfabetização.”

    Entre os temas de sua apresentação, o ministro fez questão de dedicar especial atenção ao uso de novas tecnologias e ideias inovadoras na sala de aula, entre eles o projetor digital e os tablets, que serão distribuídos às escolas e professores. Para Mercadante, a escola precisa ser o caminho de acesso do jovem aos recursos tecnológicos, para que ele tenha maior acesso ao conhecimento. “É preciso educar nossos jovens para o século 21”, disse.

    Um programa nacional a ser lançado, sobre educação no campo, pretende impedir que escolas sejam fechadas nas zonas rurais, além de aumentar a escolarização da população dessas regiões. O projeto prevê a distribuição de material didático voltado para o campo, formação inicial e continuada de professores, educação de jovens e adultos, educação tecnológica voltada para atividades rurais, além de empreendedorismo e atendimento a escolas quilombolas.

    Diego Rocha

    Acesse a apresentação do ministro Aloizio Mercadante na Comissão de Educação do Senado

    Ouça exposição do ministro Aloizio Mercadante sobre o piso nacional do magistério
  • Maria Eneide de Araújo Melo tinha apenas seis anos quando acompanhou os pais na primeira turma de alfabetização de adultos por meio do método Paulo Freire. Foi em 1963, em Angicos (RN), município a cerca de 180 quilômetros de Natal. Aqueles dias de aulas no Círculo da Cultura mudaram a vida de toda a família. Neste mês de abril, faz 54 anos que o método foi colocado em prática pela primeira vez.

    Filha de um agricultor e de uma dona de casa, que não sabiam ler nem escrever, Maria Eneide assistia aquelas aulas no colo do pai. Ela conta que foi a primeira da turma a aprender as lições, já que ainda era criança. Mas os pais também conseguiram estudar – contavam, inclusive, com a ajuda da filha para entender algum conteúdo ou retomar alguma aula que não puderam assistir.

    “Teve muita mudança. Antes, meu pai trabalhava em sítio. Foi trabalhar de pedreiro e depois teve comércio”, conta. “Minha mãe, que era só do lar, foi fazer curso de corte e costura. Para minha vida foi determinante aquele passo. Eu dizia que queria ser a professora Valquíria [da turma de alfabetização]. Cresci alimentando esse sonho de ser professora e tornei-me uma”. Maria Eneide lembra que, além da própria alfabetização, as lições de política e cidadania ensinadas no curso foram essenciais. Hoje, duas de suas cinco filhas seguiram seus passos e também são professoras.

    Metodologia – O método se diferenciava por trabalhar com palavras que faziam parte da realidade dos alunos, como tijolo ou cimento, por exemplo. Além disso, se propunha a debater a situação de vida dos estudantes e, a partir daí, dar-lhes consciência crítica e autonomia. A primeira experiência ficou conhecida como as 40 horas de Angicos; esse era o tempo total em que o método era aplicado.

    Para o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Rossieli Soares da Silva, o método Paulo Freire é revolucionário porque o autor acreditava que a educação proporciona os meios para transformar as pessoas e a sociedade numa escala global. "A educação também é uma luta. Uma luta diária. E diante dessa visão que Paulo Freire tinha sobre o mundo, conseguiu ter a fina sensibilidade de que a alfabetização tinha que ocorrer a partir da realidade do alfabetizando e não por métodos impostos, que não conversavam com o aluno", destaca.

    Rossieli lembra que o educador considerava a educação uma batalha para ajudar todas as pessoas a conquistarem a felicidade. "Para Paulo Freire, o objetivo da educação e a missão dos professores são, acima de tudo, capacitar os estudantes a se tornarem felizes a partir da sala de aula. Por isso, mesmo após décadas, esta metodologia é e será contemporânea, pois a educação é uma grande batalha para assegurar e propagar os princípios da dignidade humana", ressaltou.

    Assessoria de Comunicação Social

  • No Pará, o Movimento pela Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova) tem trabalhado para reduzir os índices de analfabetismo nas regiões mais carentes A vida profissional da professora Denilda Maria do Socorro Martins da Silva, 51 anos, mudou quando ela ouviu a história de Paulo Freire, um dos maiores educadores brasileiros. O encantamento pelo criador do revolucionário método de alfabetização baseado na pedagogia da libertação a fez descobrir o prazer de alfabetizar jovens e adultos. Segundo a pedagogia da libertação, conhecida e pesquisada em todo o mundo, os alunos são alfabetizados com as palavras que usam no dia a dia, sempre associando o processo de alfabetização à vida.

    A transformação na carreira da professora de Belém aconteceu há oito anos, após 23 anos alfabetizando crianças. Tudo começou com o convite de uma colega para participar do Movimento pela Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova), do governo do Pará. “Quando ouvi sobre a forma de ensino e a vida de Paulo Freire, fui me interessando, me identificando, me fascinando. Virei uma fã dele e de seu método”, revela.

    Atualmente, Denilda tem 16 alunos — 15 são mulheres — entre 26 e 76 anos. Moradora do bairro Cremação, na periferia de Belém, ela dá aulas em casa, enquanto a escola é construída, de segunda a quinta-feira, de manhã. Nos outros dois turnos, ministra aulas particulares de reforço e também ensina em uma escola particular. Mas seu maior prazer está em ensinar jovens e adultos.

    Para formar novas turmas, a professora faz, inicialmente, a chamada pesquisa antropológica — primeira fase do método Paulo Freire. Nesse trabalho de campo ela identifica os alunos e observa os problemas por eles enfrentados na comunidade, como falta de saneamento e violência. “Durante as conversas, eu retiro frases significativas ou um tema gerador que futuramente será usado nas aulas”, esclarece.

    Muitos jovens e adultos que não sabem ler ou sabem pouco não se identificam como analfabetos. Diante disso, é preciso conhecer as pessoas para conseguir atraí-las. “Os carvoeiros, por exemplo, têm a prática da matemática, mas precisam do conhecimento de escrita e leitura para ampliar esse conhecimento”, observa. O segundo passo é levar os estudantes para a sala de aula. A partir daí, a professora começa a apresentar o tema central, desenvolvido em conversa de roda, durante a qual ela insere o conteúdo.

    Após a alfabetização, os alunos são encaminhados por Denilda a uma escola tradicional. Ela envia a lista com os nomes à secretaria estadual de educação e indica a escola mais próxima do local de moradia do estudante. Quando o aluno procura a escola, a vaga está garantida. Denilda não tem ideia de quantas pessoas já formou desde 2002.

    Cidadania

    A coordenadora de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do Pará, Rafaela Dias Pires, afirma que a política do estado estimula a conquista da cidadania com a mobilização pela leitura e a escrita. “O Mova, herdeiro nato do Brasil Alfabetizado, ganha credibilidade e adesões a cada exercício”, diz Rafaela, pedagoga com dez anos de experiência em educação de jovens e adultos. “Os índices de analfabetismo no Pará vêm caindo, mesmo que tenhamos ainda muito o que fazer para diminuí-los ainda mais.”
    Na opinião de Rafaela, as maiores dificuldades do estado estão, principalmente, na região do arquipélago do Marajó, que registra os mais altos índices de analfabetismo. “Mas as dificuldades vêm sendo vencidas pela flexibilidade que o programa Brasil Alfabetizado oferece em seu modelo”, afirma.

    Denilda diz que educar jovens e adultos é um desafio permanente. “É preciso morar e conhecer a comunidade, interessar-se pelo dia a dia do aluno, pelo conhecimento que ele tem”, salienta. “A gente conversa, se interessa e vê como formá-lo de uma maneira eficaz.”

    Como problema, a professora aponta a capacitação dos educadores populares. Ela mesma gostaria de participar dos programas de formação de professores oferecidos pelos governos federal e estadual — no Mova, participa de encontros de formação todas as sextas-feiras. No entanto, o sonho de Denilda é fazer graduação em história e aprofundar o conhecimento sobre o método Paulo Freire. “Apesar das dificuldades, sou muito agradecida pela alfabetização de jovens e adultos ter surgido na minha vida. São pessoas mais velhas que têm problemas de aprendizagem, mas é muito bom ver alguém aprender”, diz. “Eu tenho uma ex-aluna que agora ensina os netos.”

    Adriane Cunha

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  • O Ministério da Educação e as secretarias de estado de educação do Nordeste criarão um programa específico de alfabetização para alunos da região. O anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante encontro dos gestores estaduais de educação do Nordeste, realizado em Salvador nesta terça-feira, 27, para discutir as ações específicas do MEC para a região.

    “Estamos fazendo um projeto específico para o Nordeste, que está sendo construído pelos secretários da região. Os secretários vão coordenar e gerir o programa e o MEC dará todo o apoio necessário”, explicou. Segundo ele, o programa deve integrar o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic).

    O ministro lembrou ainda dos resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização e anunciou a intenção de, em parceria com as secretarias estaduais, construir um material didático específico para a região. “A nossa avaliação é que temos excelentes experiências no Nordeste e, juntando todo este esforço, esperamos dar um grande salto”, afirmou.

    A reunião discutiu ainda os programas educacionais federais, como o Pnaic, o Mais Educação e o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), com foco nas especificidades regionais. Foram abordados temas como diversidade cultural, densidade demográfica e as necessidades singulares de cada estado, para avançar na educação pública.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Educação da Bahia

  • Rio de Janeiro— O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda-feira, 7, no Rio, que pensar a educação no Brasil é pensar uma política que contemple da creche à pré-escola de forma sistêmica. “Esse é o alicerce da construção de todo o sistema”, disse o ministro, que fez palestra sobre os desafios para alfabetizar as crianças até oito anos ao participar da conferência Early Childhood: the International and Brazilian Experience (primeira infância: as experiências no Brasil e no mundo).

    O encontro, na Fundação Getúlio Vargas, em Botafogo (Zona Sul), tem a participação do economista norte-americano James Heckman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2000. Mercadante destacou a importância dos trabalhos de Heckman para a formulação de políticas sociais destinadas à primeira infância em diversos países. “Os estudos mostram como esse crescimento na primeira infância é fundamental e decisivo para o desenvolvimento futuro das crianças”, disse.

    Dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 15,2% das crianças brasileiras com oito anos de idade ainda não estão alfabetizadas. Enquanto no Paraná e em Santa Catarina as taxas de não alfabetização nessa faixa etária ficam em 4,9% e 5,1%, respectivamente, o Maranhão, com 34%, e o Pará, com 32,2%, apresentam os casos mais graves.

    Um dos instrumentos do Ministério da Educação para melhorar os índices de alfabetização das crianças brasileiras é o Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância). Ele surgiu para garantir a construção e a reforma de creches e pré-escolas públicas no Distrito Federal e municípios do país, além da aquisição de equipamentos para a rede física escolar.

    Com o apoio do Proinfância, o MEC tem como meta construir 6.427 estabelecimentos até 2014. O investimento será de R$ 7,6 bilhões, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

    Retorno — Economista, formado pela universidade de Princeton, Estados Unidos, James Heckman recebeu o prêmio Nobel em 2000 por sua contribuição na criação de métodos econométricos que ajudam a medir com precisão o impacto de políticas públicas. Segundo ele, o maior retorno que um país pode ter em educação é o investimento no primeiro ciclo de vida das crianças, quando elas estão construindo as habilidades não cognitivas e os traços de personalidade. “Eu acredito que o Brasil está indo nesse caminho, com estratégias de promoção da educação nos primeiros anos de vida da criança”, disse.

    Assessoria de Comunicação Social

    Acesse a apresentação do ministro

  • São Bernardo do Campo (SP) — O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, conclamou os gestores da educação brasileira a um grande pacto nacional pela alfabetização na idade correta. “Alfabetização é absoluta prioridade, e não faltarão recursos para cumprir essa tarefa”, disse. Para o ministro, é fundamental a alfabetização na primeira fase, até os oito anos de idade.

    Mercadante participou na tarde desta terça-feira, 15, da solenidade de abertura do 5º Fórum Nacional Extraordinário dos Dirigentes Municipais de Educação, em São Bernardo do Campo, São Paulo. O encontro é promovido pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e reúne, nesta edição, mais de 1,2 mil dirigentes, sob a temática 25 Anos Construindo Redes.

    Ao apresentar aos gestores as prioridades e programas do MEC, o ministro destacou a importância estratégica daqueles voltados para a primeira infância, para crianças até três anos de idade. “Na fase de descoberta do mundo, é importante que se deem todos os estímulos pedagógicos, fundamentais para a construção dos valores nessa faixa etária”, disse.

    O representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Gary Stahl, apontou o papel essencial do município na garantia dos direitos das crianças e adolescentes quanto ao acesso, permanência, aprendizagem e conclusão da educação básica na idade certa. O vice-presidente da Fundação Itaú Social, Antônio Jacinto Matias, citou a Olimpíada da Língua Portuguesa como exemplo de que as parcerias entre entes privados e públicos têm inspirado políticas públicas consistentes, que mobilizam estudantes e professores pela causa da educação.

    O fórum segue até sexta-feira, 18. Até lá, os participantes discutirão o Plano Nacional de Educação e a criação de redes para definição de políticas públicas, entre outros temas. Terão ênfase as relações entre municípios, diferentes setores, instituições, sociedade civil, governo e Congresso Nacional em busca de educação de qualidade.

    Atendimento— Técnicos do Ministério da Educação e de suas autarquias vão receber os dirigentes participantes do fórum para prestar informações sobre os programas e projetos como alimentação escolar, transporte e infraestrutura educacional.

    O ministro visitou o espaço de exposição organizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Uma equipe vai orientar os gestores sobre o Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC), que informatiza todo o processo de prestação de contas dos recursos repassados pela autarquia

    Os técnicos também vão apresentar os itens educacionais que podem ser adquiridos por meio de registro de preços nacional (RPN), modelo de compras que garante transparência nas licitações, rapidez na contratação, padronização, controle de qualidade e economia. Serão expostos produtos como uniformes escolares, computadores e mobiliário escolar, que podem ser adquiridos por municípios e estados que aderirem aos registros de preço.

    A Undime, criada há 25 anos, tem como missão articular, mobilizar e integrar dirigentes municipais para construir e defender a educação pública com qualidade social.

    Assessoria de Comunicação Social

    Confira a apresentação Educação no Brasil, feita pelo ministro Aloizio Mercadante aos participantes do fórum
  • Em debate promovido pela rede RBS, em Porto Alegre, Mercadante falou também sobre a necessidade de reformulação do ensino médio no país (foto: clicrbs com br)Porto Alegre — O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta terça-feira, 28, que o Brasil precisa dar prioridade e reforçar a alfabetização de crianças até os oito anos de idade. Mercadante participou, em Porto Alegre, do lançamento da campanha A Educação Precisa de Respostas, promovida pelo Grupo RBS.

    No período de um ano, serão produzidas matérias jornalísticas nas emissoras do grupo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. As matérias terão o propósito de alertar e conscientizar os cidadãos, fiscalizar e cobrar ações do Poder Público, estimular e valorizar ações concretas de transformação no campo da educação nos dois estados.

    Durante 20 minutos, Mercadante respondeu perguntas de professores, especialistas e autoridades educacionais. Sobre a alfabetização até os oito anos, de acordo com o ministro, programa sobre a idade certa, a ser lançado pelo governo federal em setembro, já tem a adesão de todas as secretarias estaduais de Educação do país e de quatro mil municípios.

    O ministro também lembrou que a reformulação do ensino médio é um grande desafio para o país. Ele destacou o papel do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nesse processo de mudança e alertou os estudantes sobre as possibilidades abertas com um bom desempenho no Enem. Entre elas, o acesso a políticas públicas do setor educacional, como o programa Ciência sem Fronteiras.

    A formação de professores foi outro tema abordado no debate. O ministro salientou que 350 mil professores cursam hoje a primeira ou a segunda graduação por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).

    Assessoria de Comunicação Social


    Confira a Portaria nº 867, de 4 de julho último, que institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

  • O fato de a professora a realidade de viver nas ruas da capital baiana, por ser ela também moradora de rua, facilita o processo de aprendizagem (foto: programa Topa)Logo após o almoço, os moradores de rua, com cadernos e apostilas nas mãos, vão se acomodando nas mesas e cadeiras de plástico, dispostas de forma improvisada na Praça Marechal Deodoro, mais conhecida como Praça das Mãos, no bairro do Comércio, em Salvador. Homens e mulheres que não tiveram a oportunidade de ser alfabetizados encontraram a chance de aprender a ler e a escrever. O fato de a professora conhecer tanto quanto eles a realidade de viver nas ruas da capital baiana, por ser ela também, há quase sete anos, moradora de rua, facilita o processo de aprendizagem.

    A pernambucana Edlúcia Menezes, 52 anos, tem curso de magistério e, pelas circunstâncias da vida, foi morar nas ruas de Salvador. Ao verificar que ela tinha certificado de conclusão do curso, dirigentes do movimento Rua Tua, que trabalha com a população de rua em Salvador, resolveram aproveitá-la no projeto de alfabetização, em parceria com o programa Todos pela Alfabetização (Topa), da Secretaria de Educação da Bahia. “É a primeira experiência de alfabetização de população de rua que acontece em ambiente aberto, e tem dado muito certo”, explica Daiane Sodré, coordenadora do Topa. “Estamos colocando em prática o método de Paulo Freire de levar a escola onde os alunos estão.” O movimento Rua Tua tem sede no Pelourinho, na Ladeira de São Francisco, na capital baiana.

    As aulas são dadas à tarde, no centro da Praça das Mãos, de segunda a sexta-feira. Tem-se a expectativa de que os 25 alunos que frequentam o curso da professora Edlúcia iniciem o processo de alfabetização e encontrem motivação para, em seguida, fazer a matrícula em uma turma regular de educação de jovens e adultos (EJA) em escola pública de Salvador.

    Nesse processo inicial, que busca aliar alfabetização e cidadania, o estímulo e o exemplo da importância dos estudos e da emancipação vêm da própria Edlúcia. “Eu tenho a maior paciência com eles, conheço seus problemas e vejo a alegria que eles têm em aprender”, conta. “Meu marido, mesmo, está estudando na turma e já está juntando as letras para ler os nomes nos ônibus. Eu amo ensinar e há dez anos não tinha essa oportunidade.”

    Pelas aulas na “escola da praça”, Edlúcia recebe R$ 400. “O dinheiro ajuda na alimentação, mas não dá para sair da rua. Aluguel aqui em Salvador é muito caro”, diz a professora. Ela também se preocupa com os alunos, que são assíduos e fazem os deveres de casa, mas não recebem merenda. “Essa escola na praça está dando certo porque os alunos se sentem livres para aprender, mas quando chove não temos como ter aula. Se tivesse uma cobertura aqui na praça seria muito bom”, sugere.

    Redução — Coordenadora-geral do Topa há nove anos, a professora Elenir Alves, doutora em educação, com área de atuação em educação de jovens e adultos, observa que em 2007, quando o programa foi criado, o índice de analfabetismo na Bahia era de 23,15%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O programa já conseguiu reduzir esse índice para 14,7%, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2014. “O que significa uma alfabetização de cerca de 1,4 milhão de pessoas, oriundas de segmentos sociais diversos, tais como pescadores, quilombolas, trabalhadores rurais, pessoas privadas de liberdade e moradores de rua”, afirma Elenir.

    O programa Topa já envolveu 600 entidades e levou atendimento a 416 municípios baianos. Os professores que trabalham como alfabetizadores são voluntários e devem ter, no mínimo, o ensino médio completo e experiência com educação popular. “Acreditamos na ressocialização a partir do processo educativo porque a alfabetização contribui para o empoderamento dos indivíduos”, diz Daiane.

    Todos os alfabetizadores recebem bolsa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e passam por cursos de formação, inicial e continuada nas universidades contratadas pelo Topa. “Alfabetizar as pessoas é uma das tarefas mais dignas que considero enquanto educadora popular que sou”, afirma Elenir. “O Topa vai além da ação alfabetizadora. Os espaços de sala de aula são espaços de socialização e cidadania para os nossos alfabetizandos.”

    Premiação — O programa de alfabetização da Secretaria de Educação da Bahia, que procura aliar educação e emancipação, está entre as iniciativas de educação de jovens e adultos premiadas em 2016 pelo Ministério da Educação com a Medalha Paulo Freire. Desde 2005, o MEC promove essa premiação, que tem o objetivo de divulgar experiências bem-sucedidas, nos estados e municípios, de alfabetização e de ensino fundamental e médio para a EJA.

    A educação de jovens e adultos é um grande desafio para o Brasil. Segundo dados recentes da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, o país tem 3,8 milhões de pessoas com 18 anos ou mais que retomaram os estudos em classes de educação de jovens e adultos. Apesar do número considerável de matrículas, as turmas de EJA atendem apenas a 5% do público potencial, de 81 milhões de brasileiros sem ensino médio.

    Recentemente, o MEC anunciou ações, como unir as turmas de alfabetização de jovens e adultos ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A ideia é que o estudante da EJA, ao desenvolver o aprendizado, tenha direito a escolher determinados cursos do Pronatec para que a formação ocorra de forma associada. Assim, tem-se a integração entre o conteúdo da escolarização e o do mundo do trabalho.

    Rovênia Amorim

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    Ministro Rossieli Soares anuncia liberação de recursos para Cascavel, no Paraná, para a construção de duas creches no município (Foto: André Nery/MEC)

    Paraná, 29/9/2018 – O ministro da Educação, Rossieli Soares, anunciou neste sábado, 29, a liberação de R$ 5 milhões para o município de Cascavel, no Paraná, para a construção de duas creches que irão atender 752 crianças nos dois turnos. Para o ministro, para que o Brasil consiga reverter resultados ainda ruins da educação, é preciso investir no ensino infantil e em todas as demais etapas do ensino básico. “Estudos mostram que os investimentos que fazemos nos primeiros mil dias das crianças definem desde a personalidade a tudo aquilo que a criança pode se transformar. Todo esse cuidado com as nossas crianças é fundamental”, enfatizou.

    Na ocasião, Rossieli comemorou o crescimento constante da educação da cidade no resultado do Ideb, o que para ele comprova todo o avanço que tem sido feito no município. “Vivemos em um país em que um terço das crianças não estão alfabetizadas com nove anos. Se queremos ser um pais sério, que transforme, que tenha uma economia pujante não podemos perder essas crianças. Se a criança não for alfabetizada no inicio ela carregará muitas dificuldades e terá uma grande chance de abandonar a escola", ressaltou o ministro.

    O prefeito de Cascavel, Leonardo Paranhos, agradeceu a presença do ministro e disse que essa ação é uma semente que está sendo plantada para o futuro, e que não existe a mínima possibilidade de uma educação com êxito e qualidade se não houver investimento, seja financeiro ou na capacitação de profissionais.  “O poder público tem uma dívida com o setor da educação. Todas as áreas são importantes, mas a educação é uma questão de decisão administrativa”, afirmou Paranhos.

    Outras demandas ainda deverão ser atendidas até o final deste ano, segundo o ministro. "Especialmente o transporte escolar. Faremos anúncios até o final do ano de novos ônibus para a região. Temos outras cidades que deverão receber apoio porque também estamos focando muito em concluir obras que estão em andamento", finalizou.

    Assessoria de Comunicação Social

  • O Ministério da Educação abre nesta quarta-feira, 12, as adesões para os municípios interessados em participar do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). A portaria que instituiu as diretrizes do programa em 2017 foi publicada no Diário Oficial da União da última segunda-feira, 9, e o prazo para as inscrições vai até 11 de agosto.

    O Pnaic é um compromisso formal assumido pelos governos federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao fim do terceiro ano do ensino fundamental. Isso implica uma articulação entre todos os secretários estaduais e municipais de educação, com o objetivo de ofertar cursos de formação continuada a professores alfabetizadores, com tutoria permanente e auxílio de orientadores de estudo.

    “A adesão ao programa pode ser feita pelo Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec) e todos os municípios interessados em participar da ação já podem se inscrever a partir desta quarta, 12”, explica a coordenadora geral da formação de professores da educação básica, Mirna de Araújo.

    Este ano, o Pnaic chega com o diferencial de fortalecer as estruturas de gestão estadual e municipal. “Agora vamos poder definir formadores dentro do município e coordenadores que podem seguir todos os passos do processo”, garante a coordenadora.

    O próximo passo é a publicação de uma segunda portaria que define os valores e as diretrizes para as concessões de bolsas de estudos e pesquisas, além de cursos de educação inicial e continuada e material didático específico. “Após a adesão ao programa, o secretário de educação indicará um coordenador para o seu município e eles serão responsáveis por cadastrar suas equipes. Esses coordenadores participarão de reuniões no MEC para se definir a estratégia de formação daqui para frente”, finalizou Mirna de Araújo.

    Balanço - Desde que foi instituído, em 2013, o Pnaic já formou mais de 58 mil orientadores de estudos e mais de 1 milhão de professores alfabetizadores, espalhados pelos 5.570 municípios do país. Veja os números:

    Professores alfabetizadores

    2013 – 281.725
    2014 – 267.375
    2015 – 235.983
    2016 – 226.808

    Orientadores de estudos

    2013 – 15.953
    2014 – 15.146
    2015 – 14.691
    2016 – 13.198

    Municípios que aderiram

    2013 – 5.276
    2014 – 5.489
    2015 – 5.222
    2016 – 5.360

    Para fazer a adesão, acesse a página do Simec

    Assessoria de Comunicação Social 

  • Durante as aulas, os estudantes têm contato com diversos instrumentos, como o saxofone soprano (foto: arquivo da Escola Deputado Caio Prado Júnior)Um projeto criado para que os estudantes se interessem pela música e percebam as diferentes linguagens usadas na produção das obras musicais movimenta as aulas do primeiro ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Deputado Caio Prado Júnior, em Barueri (SP). A iniciativa, da professora Ana Lúcia Pereira Lima, surgiu para estimular os alunos, que não demonstravam interesse em participar das diferentes atividades oferecidas.

    “Estudos já comprovaram que a música desenvolve a inteligência, contribui para a organização e o desenvolvimento da criança”, diz a professora. “Sabendo disso, não podemos descartar nenhuma possibilidade de obter sucesso com nossos educandos.”

    Formada em pedagogia, Ana Lúcia atua no magistério há 19 anos, 11 dos quais com alunos da educação infantil. Segundo ela, as crianças ficaram entusiasmadas com o projeto, que recebeu o nome de Musicalizando e Aprendendo. Dividida em três etapas, a proposta da professora apresenta, em primeiro lugar, a música com sons da natureza, como os da chuva, do vento e dos animais. Depois, vem a apresentação do primeiro instrumento inventado pelo homem — a flauta. No terceiro momento, as crianças são estimuladas a estabelecer a relação da música com as diferentes linguagens envolvidas — de textos, visual e instrumental — e a perceber que a música não ocorre num único momento nem apenas com uma única pessoa.

    Durante a realização do projeto, Ana Lúcia leva diversos instrumentos para os estudantes conhecerem. Sempre que possível, convida músicos para tocar na sala de aula. “A música é um despertar para aprender a aprender”, diz a professora.

    Além de conversarem informalmente sobre as atividades realizadas, os estudantes registram ideias e sentimentos de várias formas, bem como as experiências vivenciadas, por meio de ilustrações, lista coletiva ou escrita espontânea. Surge assim o portfólio dos alunos.

    Linguagens — Ana Lúcia considera fundamental usar diferentes linguagens para despertar o interesse do aluno em aprender e, assim, alcançar o maior número possível de crianças. “Sabemos que os educandos têm diferentes maneiras de aprender; não podemos nos limitar a uma única forma, pois assim estaríamos prejudicando uma parcela dos aprendizes”, analisa.

    Todos os alunos da classe participam das atividades propostas, seja a gravação de canções ou a execução de dramatizações e coreografias. “Enfatizando o que eles já desenvolveram no projeto, com músicas do universo infantil, valorizando suas produções, pretendo mostrar a importância da escrita e da poesia na produção musical”, revela a educadora. Ela ressalta que todo o trabalho ocorre atrelado ao processo de alfabetização. No fim do projeto, os alunos recebem cópia de todas as atividades das quais participam ao longo do ano, com as dramatizações, coreografias e músicas executadas por eles, além do portfólio.

    O projeto de Ana Lúcia, que concorre ao prêmio Professor Giz de Ouro, da prefeitura de Barueri, surgiu por iniciativa da própria professora, mas conta com o apoio da instituição de ensino. “Procuramos, enquanto gestão, motivar os professores a buscar estratégias diferenciadas de ensino, para que a aprendizagem ocorra de forma prazerosa e eficaz”, salienta a diretora, Fátima da Conceição Manso. Para ela, o trabalho de Ana Lúcia condiz com a proposta pedagógica da escola, pois estimula práticas inovadoras por parte dos professores.

    Fátima Schenini


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  • A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do Ministério da Educação encerrou na sexta-feira, 27, em Brasília, a formação de 63 consultores para o ciclo do programa Brasil Alfabetizado a ser implementado no fim deste ano e em 2010. No novo ciclo, está previsto o atendimento a 945,8 mil alfabetizandos em áreas urbanas e a cerca de um milhão nas rurais.

    Os consultores — profissionais com curso superior em diversas áreas do conhecimento e com experiência em planejamento e gestão educacional — prestarão assistência técnico-pedagógica a 1.928 municípios que registram índices de analfabetismo de jovens e adultos iguais ou superiores a 25% da população. Esses municípios estão nas regiões Norte e Nordeste e em parte do Sudeste.

    A tarefa dos consultores será a de auxiliar os municípios na elaboração dos planos de alfabetização e na definição de estratégias de mobilização para a matrícula de jovens e adultos. Os profissionais participarão ainda da elaboração e da execução do Plano Plurianual de Alfabetização (PPAlfa), pré-requisito para participação no Brasil Alfabetizado.

    “Os municípios precisam ganhar capacidade de gestão para desenvolver a política de educação de jovens e adultos por conta própria e garantir a alfabetização e a elevação da escolaridade”, explica o diretor de políticas de educação de jovens e adultos do MEC, Jorge Teles.

    As unidades da Federação e municípios participantes do programa recebem recursos financeiros suplementares para custeio de atividades como formação inicial e continuada de alfabetizadores e coordenadores de turmas; aquisição de material escolar, pedagógico, didático ou literário; compra de gêneros alimentícios e transporte dos alfabetizandos. Alfabetizadores, tradutores-intérpretes da linguagem brasileira de sinais (Libras) e coordenadores de turmas recebem bolsas-benefício pagas diretamente pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

    Agenda — Além do apoio técnico aos municípios, o MEC implementa, desde 2008, a Agenda Territorial de Educação de Jovens e Adultos, criada para fortalecer a política dessa modalidade de ensino nas redes estaduais e municipais de educação. De 10 a 12 de dezembro, a Secad promoverá, em Brasília, a segunda oficina nacional da agenda. O objetivo é discutir estratégias e ações e ampliar a parceria entre governos e sociedade civil organizada. O encontro vai reunir representantes das comissões estaduais e da comissão nacional de alfabetização e educação de jovens e adultos; do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

    Juliana Meneses
  • Para que todas as crianças das escolas públicas estejam alfabetizadas até o final do terceiro ano, o MEC investirá nos alfabetizadores (Foto: Wanderley Pessoa/Arquivo MEC) O Ministério da Educação acrescentou aperfeiçoamentos ao desenho inicial do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic em Ação 2016) e investirá R$ 340,2 milhões na capacitação de 310 mil alfabetizadores de todo o Brasil, no último trimestre deste ano. O Pnaic tem como finalidade assegurar que todos os estudantes dos sistemas públicos de ensino estejam alfabetizados, em língua portuguesa e matemática, até o final do terceiro ano do ensino fundamental, o que está previsto no Plano Nacional de Educação (PNE).  

    De acordo com o ministro da Educação, Mendonça Filho, os dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) foram analisados pela equipe técnica do MEC, que chegaram à conclusão de que é necessário um esforço maior na aprendizagem do aluno. “No resultado de 2014 da ANA, observamos que, em leitura, apenas 11% das crianças estão plenamente alfabetizadas ao final do terceiro ano do ensino fundamental. Isso é inadmissível”, avaliou o ministro. 

    Com foco na aprendizagem do aluno e uma sistematizada articulação entre o governo federal e as redes estaduais e municipais de ensino, com a instituição de um comitê gestor, o Pnaic em Ação 2016 capacitará os professores alfabetizadores com uma supervisão maior e enfoque muito mais prático para a realidade da sala de aula. 

    Comitê – O comitê gestor fortalecerá a responsabilização das estruturas estaduais, regionais e locais de gestão pela definição de metas e acompanhamento direto das ações. O comitê será composto por um coordenador estadual, que representará o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed); um coordenador municipal, que representará a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), além de coordenadores regionais e locais (um por município), para assegurar capilaridade, mobilização e controle social.

    “Nos ciclos passados, não contávamos com essa estrutura de supervisão. Ela foi instituída nesta versão por entendermos que, para o sucesso do programa, o acompanhamento é primordial”, observa Mendonça Filho.

     Neste novo desenho do Pnaic em Ação 2016, o protagonismo do professor alfabetizador será fortalecido. Com a inclusão de alfabetizadores com bom desempenho no grupo de orientadores de aprendizagem, o MEC traz a ideia de aperfeiçoamento e formação entre pares, valorizando o protagonismo dos educadores que vêm se destacando na área de alfabetização.

    “Temos ótimas experiências de professores cujas turmas apresentam desempenho diferenciado na alfabetização, e esses profissionais precisam ser melhor aproveitados para que repassem seu conhecimento para os demais”, disse Mendonça Filho.

    Outra novidade é que as instituições que capacitarão os alfabetizadores – universidades públicas e os centros de formação de docentes das redes públicas – organizarão a formação em serviço dos agentes envolvidos. “Nesta nova versão, temos desenho de projetos pedagógicos de formação em serviço, marcados pela criatividade, resolução de problemas, uso de tecnologias educacionais e metodologias ativas, aproximando teoria e prática”, afirma o ministro. 

    Avaliação – As escalas da ANA são divididas em níveis de proficiência, assim como ocorre na Prova Brasil e no Sistema de Avaliação Básica (Saeb). São quatro níveis em leitura e matemática, sendo o nível 1 o mais baixo e o nível 4, o mais alto. Em escrita são cinco níveis. 

    Os resultados 2014 da ANA mostram níveis insuficientes de alfabetização e letramento dos estudantes, ao final do primeiro ciclo (primeiro ao terceiro ano) do ensino fundamental. “Estamos falando de um cenário de crianças com oito anos de idade que frequentaram a escola por três anos e que, ao final desse ciclo, mal sabem ler e escrever. Interpretar, nem se fala. Portanto, alfabetizá-las correta e efetivamente até os oito anos exige medidas robustas e urgentes, pois, a cada ano, quando não o fazemos, estamos ocasionando um atraso social sem precedentes”, destaca Mendonça Filho.

    Dados do Censo Escolar reforçam a fala do ministro Mendonça Filho. Com 7,4 milhões de estudantes matriculados em todo o Brasil no primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental, a taxa de aprovação cai e a distorção idade-série cresce a cada ano escolar. (Ver gráfico no final da matéria).

    Taxa de aprovação e distorção idade/série - 1º ao 3º ano do EF

    Assessoria de Comunicação Social 

  • A professora Flaviana, que participa do curso de formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, dá autonomia aos alunos: “Na sala, eles sugerem, perguntam, questionam e mostram muito interesse” (foto: João Neto/MEC)“O que vamos fazer hoje?” Assim a professora Flaviana Lopes Moreira começa a aula com as crianças de 6 e 7 anos de idade que fazem o primeiro ano do ensino fundamental na Escola Municipal Madalena Mendes Nessralla, em Formosa, Goiás. A resposta das crianças é buscar os jogos com figuras, letras e números que estão no armário da sala. Mas a correria maior é na hora de sentar no Cantinho da Leitura, na parte da frente da sala de aula, junto à mesa da professora.

     

    Com essa forma de ouvir os estudantes, Flaviana criou e construiu com eles um ambiente de comunicação na sala e de cuidado com o material escolar. O cantinho é um lugar colorido, no qual as 29 crianças sentam com os livros e os objetos de brincadeiras e estudos. Para traduzir o que essa motivação representa, a professora mostra um fantoche e desenhos criados por eles para contar histórias que leram. “Na sala, eles têm autonomia, sugerem, perguntam, questionam. Eles têm muito interesse”, diz.

     

    Na avaliação da educadora, que é pedagoga e trabalha há três anos com alfabetização no primeiro ano do ensino fundamental, a turma tem bom desempenho. No grupo, três crianças leem para si e para os colegas. Outras 15 usam os jogos para identificar sons, cores e letras. Uma criança tem pouca interação com a turma e as demais estão em diversos estágios de aprendizado.


    Formação — Flaviana Moreira diz que o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa chegou para dar o norte aos educadores, para evitar exageros no desenvolvimento de algumas habilidades e falhas em outras. Ela destaca que o curso de formação mostra aos professores o que deve ser ensinado em cada fase da alfabetização e como preparar os alunos para a etapa seguinte. “Sabemos que a alfabetização é um começo”, salienta.

     

    No convívio com os colegas de curso, Flaviana observa e troca experiências, testa e aprende como aplicar jogos em sala de aula, como conduzir atividades de leitura e interpretação de texto. “A orientadora nos faz refletir sobre a prática pedagógica, e isso é muito rico na alfabetização”. Em Formosa, a formação para os professores das turmas do primeiro ano ocorre a cada 15 dias, no turno da noite, sob a supervisão de professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), parceira do Ministério da Educação no pacto.


    Desafios — Com pouco apoio de alguns pais, a professora Alyne George de Souza, que leciona em turma do terceiro ano do ensino fundamental da mesma escola, relata os desafios na alfabetização de 34 crianças. Ela explica que um grupo de oito estudantes não faz as tarefas em casa por falta de apoio da família e não consegue acompanhar as atividades na aula. “Pais muito ausentes dificultam o desempenho escolar dos filhos”, avalia. Com experiência de cinco anos na alfabetização de crianças, Alyne sugere que a única possibilidade de conseguir melhorar a leitura dessas oito crianças, ainda neste semestre, é com reforço escolar, acompanhamento diário, apoio individual. Ela lembra que em 2012 fez um trabalho de reforço com estudantes de outra turma e obteve bons resultados.

     

    Os 34 estudantes têm na sala de aula todo o material enviado para as turmas da alfabetização na idade certa — livros didáticos e paradidáticos, dicionários e jogos — e o Cantinho da Leitura, com títulos para o terceiro ano. As obras foram enviadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

     

    Sobre o curso de formação, Alyne diz que a troca de experiências com colegas é rica e que ajuda na prática em sala de aula. A turma de professores do terceiro ano faz a formação no turno da noite, das 19 às 23 horas, a cada 15 dias. Alyne fez licenciatura curta em ciência e, depois, o curso normal superior e o de pedagogia.


    O Cantinho da Leitura é um dos pontos favoritos das crianças de 6 e 7 anos que cursam o primeiro ano na escola de Formosa (foto: João Neto/MEC) Ideb— A Escola Municipal Madalena Mendes Nessralla aparece com índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) acima da média nacional. Em 2009, alcançou 4,7 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (média nacional de 4,4). Em 2011, chegou a 5,3 pontos (média nacional de 4,7).


    Ionice Lorenzoni

     

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    Pacto leva mais de 318,5 mil professores às salas de aula

  • Alfabetizar crianças na idade certa: pacto prevê a formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores, com investimento inicial de R$ 2,7 bilhões (foto: João Neto/MEC)O Pacto pela Alfabetização na Idade Certa levou para as salas de aula 318.507 professores alfabetizadores, que lecionam a turmas do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental nas redes públicas do país. Esses educadores iniciaram a formação continuada em 2013 e vão estudar até o fim do próximo ano.

    O pacto, lançado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, em novembro de 2012, é um compromisso para alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade. A adesão de estados, Distrito Federal e municípios é a forma de alcançar o objetivo. O compromisso envolve e mobiliza educadores, universidades e secretarias de educação em todo o território nacional. O investimento inicial é de R$ 2,7 bilhões.

     

    O principal eixo do pacto é a formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores. De acordo com o Censo Escolar de 2012, esses educadores estão distribuídos em 108 mil escolas públicas e em 400 mil turmas de alfabetização. Quanto ao número de crianças dos três primeiros anos do ensino fundamental, o Censo informa que são 9,4 milhões.

     

    Dados da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação, computados na última terça-feira, 15, mostram que os cursos já começaram em 5.420 municípios dos 26 estados e no Distrito Federal. São cursos presenciais, com duração de dois anos. No primeiro ano de formação, a ênfase é a linguagem; no segundo, matemática.

     

    Tarefas— Os signatários do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa dividem responsabilidades e tarefas. Cabem ao Ministério da Educação os encargos das bolsas de estudos de R$ 200 mensais para os alfabetizadores e das demais bolsas — para os educadores das universidades envolvidos na formação, coordenadores do pacto nas unidades federativas e municípios e professores orientadores de cursos nos municípios. Também é atribuição do MEC providenciar, produzir e distribuir o caderno de formação dos professores e enviar material didático, paradidático, dicionários e obras literárias às escolas que tenham turmas de alfabetização. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) promoverá avaliações anuais e universais do desempenho das crianças do terceiro ano do ensino fundamental.

     

    É responsabilidade das instituições públicas de educação superior que aderiram ao pacto — 31 universidades federais e sete estaduais — coordenar, supervisionar e qualificar os professores formadores. Para a execução dessas tarefas, o MEC assegura bolsas mensais de R$ 2 mil para o coordenador-geral da instituição; R$ 1,4 mil para o coordenador-adjunto; R$ 1,2 mil para o supervisor e R$ 1,1 mil para o professor formador.

     

    As tarefas dos estados, Distrito Federal e municípios que firmaram o compromisso são as de criar condições para que os alfabetizadores tenham formação continuada, designar coordenadores das ações do pacto em âmbito estadual e municipal e selecionar alfabetizadores experientes em cada rede para orientar os cursos. O MEC garante bolsa de estudos de R$ 765 para o coordenador das ações do pacto nos estados, no Distrito Federal e nos municípios e do mesmo valor ao professor orientador do curso — esse professor é o alfabetizador mais experiente da rede. Dados da SEB relativos a outubro deste ano mostram que 15.962 professores orientadores estão em atividade no país.

     

    As escolas também têm responsabilidades no Pacto pela Alfabetização na Idade Certa. Elas devem liberar os professores para a formação, presencial, e fazer a avaliação diagnóstica anual das turmas de alfabetização.

     

    Material — Este ano, alfabetizadores e escolas receberam coleções de material didático, paradidático e literário. Para apoiar a formação continuada dos professores, o MEC distribuiu 4,6 milhões de cadernos, elaborados sob a coordenação da Universidade Federal de Pernambuco. As escolas receberam 26,5 milhões de livros didáticos, 4,6 milhões de dicionários e 17,3 milhões de obras paradidáticas. Para o cantinho da leitura, obrigatório em cada sala de alfabetização, foram enviadas 10,7 milhões de obras literárias. A primeira remessa contou com 75 títulos, divididos em três acervos, um para cada ano da alfabetização. Em 2014, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) vai reforçar os cantinhos de leitura com seis novas coleções, cada uma com 35 livros, num total de 210 títulos.

     

    Prêmio — Para incentivar os professores a fazer a formação e a melhorar os índices de alfabetização das crianças, o governo federal prometeu a distribuição de prêmios em dinheiro aos educadores e escolas que mostrarem avanços. Em 2014, serão distribuídos R$ 500 milhões em premiações.

     

    Ionice Lorenzoni

     

     

     

     

     

  • Ao completar um ano de lançamento, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa já conta com a participação de 108 mil escolas públicas e 318 mil professores alfabetizadores. Lançado pela presidenta Dilma Rousseff em 8 de novembro de 2012 com investimento inicial de R$ 2,7 bilhões, envolve educadores, universidades e secretarias de educação em todo o território nacional no compromisso de alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade.

    O principal eixo do pacto é a formação continuada de cerca de 318 mil professores alfabetizadores, em cursos presenciais com duração de dois anos. No primeiro ano de formação, a ênfase é a linguagem; no segundo, matemática. Distribuídos em 108 mil escolas públicas, já estão trabalhando em 400 mil turmas de alfabetização.

    De acordo com o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Romeu Caputo, o Pacto é uma grande ação que envolve as administrações municipais e estaduais e o Governo Federal. “O Pacto envolve mais de 5400 municípios, todos os estados e o Governo Federal numa grande ação de formação de professores para alfabetização das crianças dos seis aos oito anos de idade. Junto a isso, há distribuição de livros, recursos didáticos e conteúdos para melhorar a aprendizagem dessas crianças”, disse.

    O pacto conta com a participação de 38 universidades públicas, envolvendo uma equipe de quase 600 professores formadores, responsáveis pela capacitação de 16.814 orientadores de estudo. Esses profissionais, das redes dos estados e municípios, capacitarão os professores alfabetizadores.

    Outro eixo importante é a avaliação, que permite aos educadores e gestores do Pacto analisar diferentes aspectos educacionais, como currículo, planejamento, ensino e aprendizagem. Os componentes são as avaliações processuais, debatidas durante o curso de formação; os resultados da Provinha Brasil de cada criança, no início e no final do segundo ano. Finalmente, após a conclusão do terceiro ano, todos os alunos farão uma avaliação coordenada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), com o objetivo de medir o nível de alfabetização alcançado pelas crianças ao final do ciclo.

    Assessoria de Comunicação Social
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