Arte na educação
“Eu não entendo nada de artes, mas tenho professores que abraçam a causa e vejo que os alunos aprendem de fato”, diz a diretora Eliana Koch Schimitt. “Eles sabem não só a história da arte, quem são os grandes artistas, como têm noção prática das técnicas usadas.”
Para o próximo ano letivo, os alunos terão sala própria para as atividades. “Será uma sala-ambiente, adaptada, com mobiliário adequado”, adianta a diretora.
A professora Moara Gustmann dá aulas de arte a turmas do primeiro ao sexto ano; Gláucia Maria Erbs, do quinto ao oitavo. Elas seguem apostila adotada pela prefeitura — o conteúdo é seguido a cada ano letivo —, mas recorrem à criatividade e ao improviso para dar vida aos trabalhos dos alunos. No projeto sobre impressionismo, por exemplo, Gláucia recorreu às técnicas de canetinha e canetão; guache na ponta arredondada do pincel e cotonete.
“Todas as telas ficaram lindas porque cada criança tem habilidade de trabalhar com técnicas diferentes”, empolga-se a professora, que tem descoberto talentos em suas aulas semanais, de duas horas. Roger Maas, 13 anos, que concluiu o sétimo ano, é um deles. Ele pinta paisagens e flores em telhas de cerâmica e aprendeu a desenhar retratos com giz pastel seco em papel canson. O talento do adolescente já é reconhecido na cidade. Tanto que ele passou a receber encomendas. Roger pretende fazer faculdade de artes plásticas. “Meu sonho é ser artista”, afirma. O pai, artesão, está orgulhoso com o aprimoramento do talento do filho. “Ele já desenhava muito bem desde pequeno, e nas aulas de artes aprendeu mais e se destacou”, diz Gerson Maas. “Fico feliz porque é um dom e ele gosta do que faz.”
As aulas de artes não ficam restritas à sala de aula. No turno oposto ao das aulas (contraturno), os estudantes podem fazer cursos extras, também abertos à comunidade. O projeto Arte e Educação na Escola recebe também alunos hiperativos e com transtornos. “Meu filho melhorou a concentração, a coordenação motora e está mais tranquilo”, conta Simone Jeger, mãe de Lucas Jeger, 13 anos, portador da síndrome de Tourette, que se caracteriza por tiques, reações e movimentos bruscos e vocalização repetida.
Entre os cursos abertos à comunidade estão pintura em tecido, crochê, decupagem em MDF (medium density fiberboard — fibra de média densidade), vidros e telhas, pinturas em parede (texturização), pátinas e até da técnica chinesa feng shui. “É um público diferente, que quer aprender a fazer arte para ganhar dinheiro e complementar a renda familiar”, explica a professora Gláucia, que levou as aulas também para as turmas da educação de jovens e adultos.
Arte moderna — No ano passado, nas aulas da professora Moara, a inspiração foi a Semana de Arte Moderna de 1922, na qual se destacaram artistas como Di Cavalcanti (1897-1976) e Tarsila do Amaral (1886-1973). As crianças ainda aprenderam sobre o estilo abstrato da japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake e a obra do artista plástico brasileiro Juarez Machado. “Levei a música A Bicicleta, do Toquinho, para complementar o trabalho sobre Juarez Machado”, diz Moara. “Eles produziram uma bicicleta em arte tridimensional, usando papel, depois a colaram em bidimensional e desenharam um cenário.”
Nascido em Joinville, Santa Catarina, em 1941, Juarez Machado elegeu a bicicleta como tema da primeira exposição, aos 19 anos. “Passei toda a minha infância e adolescência em cima de uma bicicleta”, destaca. “Foi e ainda é o grande tema de meus desenhos, pinturas e esculturas.”
Se a bicicleta empolga a criançada nas aulas de artes, por que não brincar de cata-vento na hora do recreio? A professora de educação física Sorinéia Goede teve a ideia como forma de resgatar antigas brincadeiras. “A produção faz parte de projeto que estou elaborando sobre o resgate das brincadeiras antigas da comunidade de Pomerode”, explica. Alunos do oitavo ano ajudaram na confecção dos cata-ventos, oferecidos às turmas do primeiro ao terceiro ano.
Rovênia Amorim
Saiba mais no Jornal do Professor
Criatividade extrapola a sala de aula em escola catarinense
“Eu não entendo nada de artes, mas tenho professores que abraçam a causa e vejo que os alunos aprendem de fato”, diz a diretora Eliana Koch Schimitt. “Eles sabem não só a história da arte, quem são os grandes artistas, como têm noção prática das técnicas usadas.”
Para o próximo ano letivo, os alunos terão sala própria para as atividades. “Será uma sala-ambiente, adaptada, com mobiliário adequado”, adianta a diretora.
A professora Moara Gustmann dá aulas de arte a turmas do primeiro ao sexto ano; Gláucia Maria Erbs, do quinto ao oitavo. Elas seguem apostila adotada pela prefeitura — o conteúdo é seguido a cada ano letivo —, mas recorrem à criatividade e ao improviso para dar vida aos trabalhos dos alunos. No projeto sobre impressionismo, por exemplo, Gláucia recorreu às técnicas de canetinha e canetão; guache na ponta arredondada do pincel e cotonete.
“Todas as telas ficaram lindas porque cada criança tem habilidade de trabalhar com técnicas diferentes”, empolga-se a professora, que tem descoberto talentos em suas aulas semanais, de duas horas. Roger Maas, 13 anos, que concluiu o sétimo ano, é um deles. Ele pinta paisagens e flores em telhas de cerâmica e aprendeu a desenhar retratos com giz pastel seco em papel canson. O talento do adolescente já é reconhecido na cidade. Tanto que ele passou a receber encomendas. Roger pretende fazer faculdade de artes plásticas. “Meu sonho é ser artista”, afirma. O pai, artesão, está orgulhoso com o aprimoramento do talento do filho. “Ele já desenhava muito bem desde pequeno, e nas aulas de artes aprendeu mais e se destacou”, diz Gerson Maas. “Fico feliz porque é um dom e ele gosta do que faz.”
As aulas de artes não ficam restritas à sala de aula. No turno oposto ao das aulas (contraturno), os estudantes podem fazer cursos extras, também abertos à comunidade. O projeto Arte e Educação na Escola recebe também alunos hiperativos e com transtornos. “Meu filho melhorou a concentração, a coordenação motora e está mais tranquilo”, conta Simone Jeger, mãe de Lucas Jeger, 13 anos, portador da síndrome de Tourette, que se caracteriza por tiques, reações e movimentos bruscos e vocalização repetida.
Entre os cursos abertos à comunidade estão pintura em tecido, crochê, decupagem em MDF (medium density fiberboard — fibra de média densidade), vidros e telhas, pinturas em parede (texturização), pátinas e até da técnica chinesa feng shui. “É um público diferente, que quer aprender a fazer arte para ganhar dinheiro e complementar a renda familiar”, explica a professora Gláucia, que levou as aulas também para as turmas da educação de jovens e adultos.
Arte moderna — No ano passado, nas aulas da professora Moara, a inspiração foi a Semana de Arte Moderna de 1922, na qual se destacaram artistas como Di Cavalcanti (1897-1976) e Tarsila do Amaral (1886-1973). As crianças ainda aprenderam sobre o estilo abstrato da japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake e a obra do artista plástico brasileiro Juarez Machado. “Levei a música A Bicicleta, do Toquinho, para complementar o trabalho sobre Juarez Machado”, diz Moara. “Eles produziram uma bicicleta em arte tridimensional, usando papel, depois a colaram em bidimensional e desenharam um cenário.”
Nascido em Joinville, Santa Catarina, em 1941, Juarez Machado elegeu a bicicleta como tema da primeira exposição, aos 19 anos. “Passei toda a minha infância e adolescência em cima de uma bicicleta”, destaca. “Foi e ainda é o grande tema de meus desenhos, pinturas e esculturas.”
Se a bicicleta empolga a criançada nas aulas de artes, por que não brincar de cata-vento na hora do recreio? A professora de educação física Sorinéia Goede teve a ideia como forma de resgatar antigas brincadeiras. “A produção faz parte de projeto que estou elaborando sobre o resgate das brincadeiras antigas da comunidade de Pomerode”, explica. Alunos do oitavo ano ajudaram na confecção dos cata-ventos, oferecidos às turmas do primeiro ao terceiro ano.
Rovênia Amorim
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cultura