Primeiro curso de graduação bilíngüe para deficientes auditivos
O Ministério da Educação criou nesta segunda-feira, 15, o primeiro curso de graduação bilíngüe para deficientes auditivos, de português/Libras (Língua Brasileira de Sinais). Segundo o ministro Fernando Haddad, “o dia é o mais importante para a educação especial no Brasil”. A solenidade foi realizada no Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) – órgão vinculado ao MEC, com sede no Rio de Janeiro.
Com 30 vagas e duração de quatro anos, o curso será aberto para surdos e ouvintes (intérpretes e tradutores). O pré-requisito é ter domínio da Língua Brasileira de Sinais. De acordo com a diretora do Departamento de Políticas de Educação Especial, da Secretaria de Educação Especial (Seesp/MEC), Cláudia Griboski, o Ines lançará imediatamente o edital para a seleção dos alunos. As aulas devem começar já neste semestre. O curso será oferecido na modalidade normal superior para a educação infantil de 1ª a 4ª série do ensino fundamental, ministrado em Libras e português.
Na cerimônia, Haddad lembrou que em vinte anos, somente dois ministros visitaram o Ines: seu antecessor, Tarso Genro, e ele próprio, no evento desta segunda-feira. “É um passo muito importante, mas que somente terá reconhecimento quando ocorrer a formatura da primeira turma”, afirmou o ministro, referindo-se à criação do curso de nível superior.
Entre as metas do MEC estão o acesso dos surdos ao ensino superior e a qualificação de professores bilíngües para trabalhar na educação básica. De acordo com o censo escolar de 2004, estão matriculados na educação básica 566 mil alunos portadores de necessidades educacionais especiais. Desses, 27.387 são surdos e 34.938 portadores de deficiência auditiva, mas muitos não estudam por falta de acesso, especialmente nos municípios pequenos. Na educação superior, diz Cláudia Griboski, o acesso depende ainda do fim de barreiras pedagógicas, arquitetônicas e de comunicação.
Ampliação – Além deste curso, que formará educadores para atender a educação infantil e as séries iniciais do ensino fundamental, o Ines estará autorizado a abrir, em 2006, o curso de pedagogia bilíngüe, com habilitação em Educação de Jovens e Adultos (EJA), e em 2007 e 2008, ciências da computação, licenciatura em letras português/Libras e bacharelado em interpretação de Libras e língua portuguesa.
Repórter: Sandro Santos