Encontro no Rio vai discutir a diáspora africana
A cidade do Rio de Janeiro vai sediar, em outubro, a terceira Conferência Bienal da Associação para o Estudo Mundial da Diáspora Africana (Aswad, em inglês). O evento, em parceria com a Secretaria de Ensino Superior (SESu/MEC), será sediado no Centro de Convenções do Hotel Sofitel-Copacabana, na Avenida Atlântica, Posto 6, entre os dias 5 e 7 de outubro. A Aswad foi criada para que estudiosos, ativistas, políticos, ONGs e a sociedade discutam o estado global das comunidades africanas dispersas por todo o mundo.
Para Júlio César de Tavares, professor de antropologia e comunicação, da Universidade Federal Fluminense e um dos coordenadores do comitê de organização da Aswad no Brasil, a importância do MEC em apoiar o evento está na visão planetária assumida pelo atual governo, no momento em que se abre uma campanha global de valorização racial e da cultura africana.
Dentre os temas a serem debatidos estão: Relacionamento e conexões entre a África e suas diásporas; Presença africana pré-colombiana nas Américas; África e o Desenvolvimento das Américas e da Europa; o Pan-Africanismo do Século XXI; Racismo e Anti-racismo no Século XXI; Intelectuais Diaspóricos e Africanos; e Discussões de um "Atlântico Negro"; A Diáspora Africana do Oceano Índico; Migrações Diaspóricas; Guerras, Estados Disfuncionais, Refúgios e Migrações.
Africanidade - Segundo Sheila Walker, professora e diretora do African Diaspora and the World Program Spelman College (EUA), a Aswad escolheu o Brasil para a terceira conferência como reconhecimento do lugar histórico do país no interior da diáspora e a prevalência da africanidade em sua cultura. "Além do Brasil ter a maior descendência populacional africana nas Américas. A Aswad é consciente do envolvimento do governo brasileiro com a África atual, ressaltando a cadeia de questões que incluem o comércio norte-sul, o alívio da dívida e a luta contra a moléstia pandêmica", disse.
De acordo com o censo nacional, a população de descendentes africanos no Brasil é de aproximadamente 90 milhões de pessoas, 50% do total de habitantes. A cidade do Rio de Janeiro abriga seis milhões de negros, dos quais 52% são descendentes africanos. A inscrição para norte-americanos ou europeus na Aswad custa US$ 50 (R$ 135,00). Para participantes ou observadores latino-americanos, caribenhos e africanos o valor é US$ 30 (R$ 81,00). As línguas oficiais do evento serão o português, o inglês e o espanhol e haverá tradução simultânea.
Sonia Jacinto