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  • Luciano Marques, do Portal do MEC

    Os brasileiros que residem em outros países e têm interesse em realizar o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) podem se inscrever até as 23h59 desta sexta-feira, 5 de julho. As provas serão aplicadas no dia 15 de setembro em 18 cidades, de 12 países.

    O Encceja é destinado a jovens e adultos que buscam certificação do ensino fundamental ou médio por não terem tido a oportunidade de concluir os estudos na idade adequada. Quem busca o certificado do ensino fundamental deve possuir, pelo menos, 15 anos de idade completos na data da prova. Já para o certificado do ensino médio, a idade mínima exigida é 18 anos.

    Aqueles que precisam solicitar atendimento especializado também têm até esta sexta-feira para fazê-lo. Entram nesse caso pessoas com baixa visão, visão monocular, deficiência intelectual (mental), deficiência auditiva, surdez, autismo, déficit de atenção, discalculia, dislexia e/ou deficiência física.

    Os detalhes da inscrição e das provas estão no edital do Encceja Exterior 2019, publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no Diário Oficial da União (DOU) de 12 de junho.

    Países e cidades – Neste ano, o exame será aplicado na Bélgica (Bruxelas); Espanha (Barcelona e Madri); Estados Unidos (Boston, Houston, Nova Iorque e Miami); França (Paris); Guiana Francesa (Caiena); Holanda (Amsterdã); Itália (Roma); Japão (Nagoia, Hamamatsu e Tóquio); Portugal (Lisboa); Reino Unido (Londres), Suíça (Genebra) e Suriname (Paramaribo).

    Prova – O Encceja é composto por quatro provas objetivas, cada uma com 30 questões de múltipla escolha, além de uma redação. Para a certificação do ensino fundamental, o participante é avaliado em Ciências Naturais, Matemática, Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Artes, Educação Física e Redação, e História e Geografia.

    Para o ensino médio, as áreas avaliadas são Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Linguagens e Códigos e suas Tecnologias e Redação, e Ciências Humanas e suas Tecnologias.

    Certificação ou Declaração de Proficiência – A nota mínima exigida é de 100 pontos em cada prova objetiva, sendo a nota máxima de 200 pontos em cada área, e de 5 pontos na redação.

    Os resultados do Encceja podem ser usados de duas formas. O participante que conseguir a nota mínima exigida nas quatro provas objetivas e pontuação mínima na redação tem direito à Certificação de Conclusão de Ensino Fundamental ou do Ensino Médio. Já o participante que conseguir a nota mínima exigida em uma das quatro provas, ou em mais de uma, mas não em todas, tem direito à Declaração Parcial de Proficiência.

    Encceja Exterior PPL – O edital também apresenta as regras e o cronograma do exame para jovens e adultos reclusos em penitenciárias, o chamado Encceja Exterior PPL (Penas Privativas de Liberdade). Nesse caso, a aplicação será apenas em unidades prisionais de Tóquio, no Japão, de 16 a 27 de setembro.

    A inscrição termina nesta sexta-feira e deverá ser feita pelos responsáveis pelo consulado-geral de Tóquio, exclusivamente pelo Sistema Encceja Exterior PPL.

  • Professores que desejam se aperfeiçoar em educação de jovens e adultos (EJA) poderão participar de diversos cursos de formação continuada. O Ministério da Educação recebe, até o próximo dia 29, ou até 20 de abril, dependendo do caso, propostas de universidades públicas e institutos federais de educação, ciência e tecnologia para oferta de cursos na área. O início das aulas está previsto para o segundo semestre.

    Está em vigor uma chamada pública para envio de propostas de formação continuada de professores da educação básica em cursos de aperfeiçoamento e extensão. Podem apresentar projetos institutos federais e universidades federais e estaduais que desenvolvem atividades de pesquisa, ensino e extensão nas áreas do conhecimento ou temáticas específicas da educação básica. A data limite para envio é segunda-feira, 29.

    No mesmo dia, termina o prazo para apresentação de propostas de formação para a diversidade na modalidade de educação a distância, por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Os cursos podem ser de extensão, aperfeiçoamento ou especialização, em 16 áreas, entre elas, educação de jovens e adultos, formação de mediadores de leitura e elaboração de material didático para EJA.

    Os projetos podem ser enviados por universidades federais e estaduais, institutos federais e centros federais de educação tecnológica – todos devem ser integrantes do sistema UAB.

    Além destes, foram lançados outros dois editais para oferta de cursos de formação de professores na área de EJA. O recebimento de propostas vai até 20 de abril. Um deles se refere a cursos de especialização, que contemplam educação em prisões e no campo, por exemplo. Podem apresentar projetos instituições públicas de educação superior, instituições comunitárias e instituições que compõem a rede federal de educação profissional e tecnológica, que ofereçam educação superior.

    O outro edital alia a educação de jovens e adultos à economia solidária, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego. Os projetos – que podem ser enviados por instituições públicas de educação superior, inclusive institutos federais – são para produção de material didático e pedagógico, formação de educadores, coordenadores e gestores e publicação de experiências de educação de jovens e adultos com ênfase na economia solidária.

    Assessoria de Comunicação Social

    Veja os editais.

  • Recursos serão investidos em capacitação profissional de alunos e professores

    Larissa Lima, do Portal MEC

    Dinheiro direto na fonte. Dez institutos federais receberam mais de R$ 16 milhões para investimentos em ações de capacitação profissional de alunos e professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA), destinada a pessoas que não tiveram acesso à educação na escola convencional na idade apropriada.

    A iniciativa faz parte de um projeto-piloto em conjunto das secretarias de Educação Básica (SEB) e de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC) e deve ser transformado em programa em breve.

    Nessa primeira etapa, foram contemplados os institutos de Alagoas, do Amazonas, do Espírito Santo, de Goiás, do Maranhão, do Pará, do Rio Grande do Norte, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo.

    Os institutos são parte da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. As instituições foram escolhidas porque desde 2006 oferecem cursos no âmbito do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja).

    Os recursos serão usados em uma série de ações para capacitação profissional de alunos e professores:

    • mobilização dos municípios para realização de parcerias que viabilizem implantação de cursos de EJA, no âmbito fundamental, integradas à qualificação profissional;
    • formação continuada de docentes e demais profissionais da EJA;
    • oferta de cursos do ensino fundamental integrados à qualificação profissional;
    • produção de material pedagógico de capacitação profissional;
    • monitoramento da permanência do estudante da EJA e do professor do curso de formação continuada;
    • pesquisa e inovação para a implantação e consolidação dos espaços de integração EJA e da educação profissional.

    A seleção dos dez institutos, que contemplam todas as regiões do país, seguiu os seguintes critérios:

    • relevância quantitativa: a exigência é de que a instituição tivesse um número de oferta de vagas relevante para a região, para garantir o alcance da iniciativa;
    • eficiência acadêmica: a variável é calculada a partir de três indicadores (taxa de evasão, taxa de retenção e taxa de conclusão);
    • menor taxa de evasão: critério garante a qualidade de oferta dos cursos.
  • Pessoas privadas de liberdade e jovens sob medidas socioeducativas que não tiveram oportunidade de concluir o ensino fundamental na idade apropriada poderão pleitear a certificação de conclusão dessa etapa por meio do Exame Nacional para Certificação de competências de Jovens e Adultos (Encceja) 2014. A prova para este público será realizada no dia 29 de julho. O edital com as regras e datas foi publicado nesta segunda-feira, 19, no Diário Oficial da União.

    Os órgãos de administração prisional e socioeducativa dos estados e Distrito Federal que desejarem indicar unidades para aplicação do Encceja 2014 deverão firmar termo de adesão com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) no período entre 10h do dia 26 de maio e 23h59min do dia 20 de junho. O termo deverá ser firmado em sistema específico, na página do Inep na internet.

    Já os interessados em realizar a prova deverão ter no mínimo 15 anos completos na data de aplicação do Encceja 2014 e precisam solicitar ao responsável pedagógico de sua unidade que os inscrevam no exame. A inscrição dos participantes poderá ser realizada exclusivamente em área específica na página do Inep na internet, das 10h do dia 2 de junho até as 23h59 de 23 de junho (horário oficial de Brasília).

    Eles poderão ser inscritos em uma ou mais áreas do conhecimento avaliadas no exame: 1) língua portuguesa (com redação), língua estrangeira moderna, educação física e educação artística; 2) matemática; 3) história e geografia; 4) ciências naturais.

    As provas ocorrerão nas unidades indicadas pelos órgãos de administração prisional e socioeducativa de cada estado. Os participantes serão encaminhados aos locais das provas às 7h55 para os testes aplicados pela manhã (ciências naturais, história e geografia), e às 13h55 para as provas aplicadas à tarde (matemática, língua portuguesa, língua estrangeira moderna, artes, educação física e redação).

    Eduardo Aiache

    Acesse o edital

    Acesse a página de sistemas especiais do Inep

  • Mato Grosso é o primeiro estado a iniciar as aulas do programa Projovem Campo – Saberes da Terra, curso dirigido a jovens agricultores com idade de 18 a 29 anos, alfabetizados, mas que não completaram o ensino fundamental. No estado participam 1.100 alunos de 28 municípios. No país todo, o Projovem Campo terá este ano 35 mil vagas distribuídas entre 19 estados.

    O coordenador do programa na secretaria estadual de educação de Mato Grosso, Rui Leonardo Souza Silveira, explica que em 14 municípios as aulas começaram em 24 de abril e nos outros será em 22 de maio. No estado, a formação inicial e continuada dos professores que ministram o curso é realizada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, parceiro na ação.

    Como o currículo do Projovem Campo integra formação teórica, prática e profissional tendo como eixo a agricultura familiar e a sustentabilidade, a procura pelo curso excedeu as vagas oferecidas no estado. Segundo Rui Silveira, nos assentamentos da reforma agrária e nos Territórios da Cidadania “foi difícil explicar porque não tínhamos vagas para todos”. Eles, diz, não entendiam, por exemplo, porque um agricultor de 30 anos não é prioridade.

    Para contornar o problema gerado pela procura, a coordenação do Projovem Campo na secretaria estadual de educação de Mato Grosso aceitou criar cinco turmas paralelas em convênio com cinco prefeituras. De acordo com Rui Silveira, a secretaria oferece os professores e as prefeituras a infraestrutura, mas esses agricultores não receberão o auxílio de R$ 100,00, a cada dois meses que os demais têm direito e o certificado. “O importante para eles é ter a formação”, diz.

    O modelo de curso, na avaliação de Rui Silveira, é o principal atrativo para a população que vive nas áreas rurais do estado. A formação abre portas, torna viável e garante trabalho na agricultura familiar “numa região que não teve preocupação com os problemas ambientais e com práticas de sustentabilidade”, explica.

    Programa – O Projovem Campo – Saberes da Terra é um curso de dois anos, na modalidade educação de jovens e adultos para agricultores de 18 a 29 anos. É desenvolvido no sistema de alternância tempo-escola (aulas presenciais) e tempo-comunidade (pesquisa e prática agrícola), com duração de 2.400 horas. O currículo aborda cinco temas: sistemas de produção e processo de trabalho agrícola; desenvolvimento sustentável e solidário; economia solidária; cidadania, organização social e política pública; agricultura familiar, etnia, cultura e identidade. Além desses temas, os alunos vão estudar linguagens, ciências exatas, formação humana e profissional.

    O programa reúne os ministérios da Educação, do Desenvolvimento Agrário, do Trabalho e Emprego, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a Secretaria-Geral da Presidência da República. Tem como parceiros as secretarias de educação de 19 estados e 19 instituições de ensino superior, entre universidades federais, estaduais e institutos de educação, ciência e tecnologia.

    Ionice Lorenzoni
  • O Ministério da Educação ampliou o prazo para a prestação de contas dos recursos destinados ao Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem) da edição de 2014. Estados e municípios terão até o dia 30 de setembro para comprovar a utilização dos valores repassados, destinados às modalidades Urbano e Campo – Saberes da Terra.

    O objetivo é garantir o atendimento do maior número possível de jovens que não puderam concluir o ensino fundamental na idade apropriada. A mudança foi anunciada em resolução publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 17.

    O MEC decidiu ampliar o prazo em três meses para permitir que estados e municípios concluam as ações do programa utilizando os recursos que ainda estão disponíveis nas contas dos entes executores. Para que possam utilizar esses recursos, contudo, estados e municípios terão que aderir à edição especial do ProJovem, que será publicada em breve.

    O ProJovem faz parte da política de educação de jovens e adultos do MEC. É um mecanismo de promoção da igualdade, por meio de uma estratégia de prevenção e combate à discriminação no ensino. É voltado para jovens entre 18 e 29 anos que saibam ler e escrever, mas que não concluíram o ensino fundamental.

    Clique aqui para acessar a resolução.

    Assessoria de Comunicação Social


  • Por meio de portaria recentemente publicada no Diário Oficial da União (DOU), o MEC anunciou os nomes dos vencedores da Medalha Paulo Freire – iniciativa que reconhece e estimula experiências relevantes para a alfabetização e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. As ações vencedoras da edição de 2017 do prêmio têm representantes de Goiás, Mato Grosso, Paraná e Ceará. Ao todo, 58 trabalhos participaram da seleção.

    O coordenador de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), Rodrigo Siqueira de Oliveira, informa que o MEC, além de organizar o concurso, também está entre os avaliadores. Na fase nacional, é realizada uma visita às instituições que executam na prática os projetos.

    “Conseguimos enxergar de forma mais próxima como é feita a oferta da Educação de Jovens e Adultos, de como está sendo executada a experiência; e, se for uma experiência válida e exitosa, é interessante estimularmos a permanência dela”, explica Siqueira.

    A EJA é oferecida a partir dos 15 anos para o público de ensino fundamental e, para o ensino médio, a partir dos 18 anos. De acordo com o coordenador da Secadi, tais modalidades ainda enfrentam desafios quando são analisados os números compilados em diferentes regiões do país: “A EJA tem uma carência grande. Mais de 50 milhões de pessoas não têm a escolaridade completa, até o ensino médio, no país. Hoje são praticamente três milhões de matriculados na Educação de Jovens e Adultos. Ou seja, a demanda é muito maior que a oferta”.

    Medalha – Os autores de experiências vencedoras da edição 2017 da Medalha Paulo Freire ganham a peça em bronze. Em uma das faces aparece a imagem do educador, e na outra, a frase: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

    A premiação tem caráter exclusivamente cultural, o que exclui qualquer modalidade de sorteio ou pagamento aos concorrentes. A data e o local da cerimônia, em Brasília, serão divulgados em breve.

    Os nomes das instituições ganhadoras podem ser vistos aqui.

    Assessoria de Comunicação Social

  • Durante audiência pública no Senado foi lançada a Conferência Internacional de Educação de Adultos (Foto: Mariana Leal/MEC)Buscando discutir as políticas para educação de jovens e adultos e a educação ao longo da vida, o Ministério da Educação lançou nesta quinta-feira, 10, em audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, a Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea Brasil +6). A conferência acontecerá de 25 a 27 de abril de 2016, sete anos após a 6ª Confintea, que aconteceu em Belém, no Pará, em 2009, e foi a primeira a ser realizada em um país emergente do hemisfério sul.

    Segundo o diretor de políticas para educação de jovens e adultos do Ministério da Educação, Arlindo Queiroz, a Confintea Brasil +6 é um prolongamento da conferência de 2009, uma preparação do Brasil para construir sua política de educação ao longo da vida. “Nós precisamos mudar a arquitetura da educação de jovens e adultos no Brasil e isso só é possível com uma articulação federativa com estados e municípios e com a participação dos movimentos populares. A educação ao longo da vida não pode ser construída para a população, precisa ser feita com a população”, afirmou.

    A educação ao longo da vida inclui o direito à educação básica para aqueles que não a tiveram na idade própria, mas também abrange a educação para saúde, para economia, para o desenvolvimento local e valoriza os espaços de estímulo à aprendizagem, formais ou não, articulados. “Nós temos 80 milhões de brasileiros sem concluir o ensino médio, esse é um número expressivo, e a maior parte está entre os mais pobres, os negros e as populações camponesas. A educação ao longo da vida busca romper com as desigualdades sociais”, disse Queiroz.

    Segundo o secretário de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Paulo Gabriel Nacif, o Brasil possui um débito com a educação de jovens e adultos. “Nos últimos anos, nós demos passos efetivos para a educação de jovens e adultos com a institucionalização do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica. Tivemos investimentos, tivemos formação, mas precisamos avançar mais para que o país resolva de uma vez por todas esse grande débito social”, explicou o secretário.

    A educação, como explica Nacif, é um direito do cidadão, não apenas dos 4 aos 17 anos.  “Precisamos erradicar o analfabetismo, mas acima de tudo ter um vínculo direto da alfabetização com a educação de jovens e adultos. A educação é um processo ao longo da vida e exatamente por isso não podemos focar apenas na eliminação do analfabetismo, mas na construção de um programa efetivo de educação de jovens e adultos com alfabetização, ensino fundamental, médio; enfim, colocando todos os brasileiros no processo de aprendizagem ao longo da vida”, concluiu.

    Assessoria de Comunicação Social

    Ministério da Educação debate estratégias para erradicar o analfabetismo entre adultos

     

  • No próximo dia 5 de agosto, mais de 1 milhão de pessoas, entre jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental ou ensino médio na idade adequada e desejam finalizá-los, terão seus conhecimentos testados nas provas do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja Nacional 2018).

    Para ter sucesso nas avaliações, é necessário controlar a ansiedade, comum neste tipo de testes. No entanto, o bom desempenho é resultado da concentração em sala de aula, que inclui, entre outras táticas, seguir dicas simples e eficazes. Pensando nisso, o Ministério da Educação resolveu ajudar os candidatos com orientações.

    “O importante, nessa reta final, é manter a calma e, principalmente, acreditar na concretização do sonho que é conquistar o certificado do ensino fundamental ou ensino médio”, lembra Eunice Santos, diretora de gestão e planejamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação que aplica os exames.

    Para começar, confira no edital do exame o que é permitido durante a realização das provas. Certifique-se que o seu documento com foto usado na inscrição está válido e em bom estado. Não use nenhum tipo de equipamento eletrônico ou de comunicação, “Caso o participante tenha em mãos algum desses objetos, deverá guardá-los no envelope porta-objetos, fornecido pelo aplicador da sala”, explica Eunice Santos. Lembre-se ainda de evitar comunicar-se verbalmente, por escrito ou por qualquer outra forma com qualquer pessoa, durante as provas.

    É permitido apenas o uso de caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente, sob pena de impossibilitar a leitura óptica do cartão-resposta ou folha de redação. Embora não seja obrigatório, leve o cartão de confirmação de inscrição, do qual constam informações como número, data, hora, local de realização das provas e indicação dos atendimentos (se solicitados e deferidos).

    Dê atenção especial aos documentos permitidos pela organização do Encceja 2018 para garantir sua presença em sala de aula, de preferência os que você utilizou para fazer sua inscrição. Entre os aceitos, estão passaporte do Mercosul, cédula de identidade (RG) e Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Confira os demais informados no edital do exame.

    Alimentação é outra questão importante e merece atenção. Assim, não saia de casa sem estar bem alimentado. Prefira refeições leves que o ajude na digestão e não o incomodem durante as provas. Beba bastante água e mantenha-se hidratado. Se a fome surgir no meio da avaliação, dê preferência a lanches balanceados, como frutas, barras de cereais ou suco de frutas.

    Confira seus dados pessoais no cartão-resposta, na folha de redação, na lista de presença e nos demais documentos do exame. Além disso, leia com bastante atenção as instruções contidas na capa do caderno de questões, no cartão-resposta, na folha de redação. Aguarde a autorização do aplicador para iniciar a prova e confira seu nome na lista de presença, e certifique-se de que está assinando no local adequado. A coleta de assinatura é feita após o início da prova.

    Cuidado para não ter seu resultado prejudicado. Marque apenas uma opção de resposta no cartão e evite cometer dupla marcação, rasuras, emendas ou marcações não preenchidas integralmente no campo. Não amasse, molhe, rasgue ou, de qualquer outro modo, danifique o cartão-resposta.

    “O participante que ainda não sabe seu local de prova deve acessar o sistema de inscrição e verificar o cartão de confirmação da inscrição”, afirma Eunice Santos. Se você já sabe seu local de prova, mas ainda não fez o percurso, tente fazê-lo antes do dia do exame. Isso o ajudará a escolher o melhor trajeto e tipo de locomoção, evitando retenções no tráfego e chegar atrasado. E não esqueça: chegue ao local de prova com uma hora de antecedência do horário do início dos testes.

    Recorde – Este ano, mais pessoas farão o Encceja Nacional. Segundo o Inep, as inscrições chegaram um total de 1.695.607. Desse montante, 356.326 desejam obter o certificado de conclusão do ensino fundamental e 1.339.281, do ensino médio. Este ano, o Encceja Nacional abrange 592 municípios, 28 a mais que em 2017.

    Exame - O Encceja foi realizado pela primeira vez em 2002 para aferir competências, habilidades e saberes de jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental ou ensino médio na idade adequada. Antes, a certificação para alunos da educação de jovens e adultos (EJA) era feita por meio de provas realizadas pelas secretarias municipais ou estaduais de educação, outra opção para obtenção do certificado. Embora aplicado pelo Inep, a emissão do certificado e declaração de proficiência no exame é de responsabilidade das secretarias estaduais de educação e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que firmam termo de adesão ao Encceja. O Encceja tem quatro aplicações, com editais e cronogramas distintos: Encceja Nacional para residentes no Brasil, Encceja Nacional PPL, para residentes no Brasil privados de liberdade ou que cumprem medidas socioeducativas, Encceja Exterior, para brasileiros residentes no exterior e Encceja Exterior PPL, para residentes no exterior privados de liberdade ou que cumprem medidas socioeducativas. As aplicações fora do Brasil são realizadas em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

    O exame é direcionado aos jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos em idade própria e que atendam ao artigo 38, parágrafo 1º e 2º da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996: tenham, no mínimo, 15 anos completos na data de realização do exame, para quem busca a certificação do ensino fundamental; ou, no mínimo, 18 anos completos na data de realização do exame, para quem busca a certificação do ensino médio.

    Assessoria de Comunicação Social

  • Experiências educacionais bem-sucedidas que promovem políticas, programas e projetos cujas contribuições sejam relevantes para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) foram agraciadas nesta quinta-feira, 23, em Brasília, com a Medalha Paulo Freire. Promovida pelo Ministério da Educação, a premiação contempla as instituições que se destacam nos esforços da universalização da alfabetização e na melhoria da qualidade da educação no Brasil.

    A secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, Ivana de Siqueira, destacou o caráter desafiador da EJA, oferecida a partir dos 15 anos para o público de ensino fundamental e, para o ensino médio, a partir dos 18 anos, e falou sobre a importância de dividir essas experiências para aprimorar a Educação de Jovens e Adultos no Brasil. “Avançamos muito na educação, mas nessa área ainda temos um passado que precisa se pensar muito, refletir e avançar”, afirmou, lembrando que, no Brasil, 50 milhões de pessoas, com 15 anos ou mais, não completaram a educação básica. “Temos procurado encontrar maneiras de contribuir, cada vez mais, com os estados e municípios, e com a rede de escolas do nosso país para diminuir esses números ainda preocupantes. ”  Em 2017, 58 trabalhos participaram da seleção e nove foram premiados. Cinco receberam a Medalha Paulo Freire. São representantes de Goiás, Mato Grosso, Paraná e Ceará. Os outros quatro, a Menção Honrosa. Eles vieram do Piauí, do Ceará, de Roraima e de Santa Catarina. 

    Diretora da Escola Municipal Agostinho Moreira e Silva, de Fortaleza (Ceará), Orlenilda Souza estava radiante com a chance de representar a escola e os alunos. Desenvolvido pela instituição, o projeto Cultura Afro investiu no resgate da autoestima das mulheres negras da escola. A escola tem 250 alunos, de 14 a 74 anos, e o resultado da iniciativa foram adultos mais confiantes e dedicados. “Percebemos a baixa autoestima dos nossos alunos da EJA e vimos que isso estava relacionado à identidade deles”, explicou a diretora. “O Cultura Afro busca fazer com que eles entendam a sua identidade negra e, dali, partam para um projeto de vida, para uma mudança de comportamento e uma nova postura diante dos desafios da nossa comunidade. ”

    Este ano, 58 trabalhos participaram da seleção e nove foram premiados; cinco com a Medalha Paulo Freire e outros quatro com menção honrosa (Foto: Mariana Leal/MEC)

    A Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia, de Boa Vista (Roraima), recebeu a menção honrosa pelo projeto Música para a Inteligência, que atraiu 130 estudantes de 15 e 92 anos a concluir os estudos. “Introduzimos a música popular brasileira, a música afro e a música religiosa e evangélica no ensino”, contou a diretora da escola, Adaize Rosas de Souza. “Usamos isso como inspiração para que os jovens e os idosos não deixassem a escola e fossem alfabetizados com prazer. Receber essa menção honrosa é o reconhecimento do nosso trabalho. ”

    Avaliação – A escolha dos trabalhos foi feita por uma comissão julgadora, que, para avaliação das experiências educacionais, visitou as instituições que executam na prática os projetos. Representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e membro da comissão, Maria Edineide Batista reforçou que a Medalha Paulo Freire é importante para vivenciar o comprometimento dos professores, assim como também dos gestores, frente a tantos desafios encontrados na EJA. “As experiências educacionais por mim visitadas estão em pé de igualdade, claro que em contextos diferentes, mas todas merecem a medalha número 1”, elogiou.

    Medalha – Os autores de experiências vencedoras da edição 2017 da Medalha Paulo Freire ganham a peça em bronze. Em uma das faces aparece a imagem do educador e na outra, a frase: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. A premiação tem caráter exclusivamente cultural, o que exclui qualquer modalidade de sorteio ou pagamento aos concorrentes.


    Projetos ganhadores da Medalha Paulo Freire:

    - Cultura Afro – Escola Municipal Agostinho Moreira e Silva – Fortaleza (CE)
    - Eu, Cidadão do Mundo – Centro de Educação de Jovens e Adultos Arco Íris – Goiânia (GO)
    - Os Educandos da EJA como Agentes (Transformadores nos 300 Anos da História Cuiabana) – Secretaria Municipal de Educação, Desporto e Lazer – Cuiabá (MT)
    - Gestão dos Territórios Tradicionais de Pescadores (as) Artesanais – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná – Paranaguá (PR)
    - A Construção de Ações Cidadãs no Universo Escolar da EJA – Autarquia Municipal da Educação de Apucarana – Apucarana (PR)


    Projetos que ganharam menção honrosa:

    - Monte Sião e EJA – Educar e Ressocializar – Casa de Recuperação Monte Sião – Cascavel (CE)
    - Valorizando o Homem do Campo – Canel Central Agrícola Nova Era Ltda._ Uruçuí (PI)
    - Música para a Inteligência – Associação de Pais e Mestres da Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia – Boa Vista (Roraima)
    - Escolarização Depois dos 40 – Recomeçar para Cuidar de Si – Associação dos Professores e Alunos do NAES de Itapiranga – Itapiranga (SC)

    Assessoria de Comunicação Social

     

  • Estão abertas até 15 de março próximo as inscrições para a Medalha Paulo Freire, premiação voltada para a divulgação, reconhecimento e estímulo de experiências educacionais de alfabetização e educação de jovens e adultos. Esta edição tem como tema Direitos Humanos, Diversidade, Inclusão e Cidadania. As inscrições são gratuitas.

    De abrangência nacional, a Medalha Paulo Freire, concedida desde 2005, contempla iniciativas de inovação metodológica ou curricular. “A medalha constitui bem mais do que uma simples homenagem ou premiação”, diz a titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação, Ivana de Siqueira. “É um reconhecimento e estímulo a práticas exitosas que buscam a equidade e o direito à educação ao longo da vida.”

    Podem concorrer à premiação experiências de todo o país que estejam em execução ao longo de 2017. Na categoria pessoas jurídicas, os projetos devem estar vinculados a secretarias de Educação, universidades, movimentos sociais, instituições do Sistema S e organizações não governamentais. A categoria pessoas físicas engloba projetos desenvolvidos por personalidades que contribuam com iniciativas para a redução do analfabetismo e melhoria da educação de jovens e adultos.

    As inscrições devem ser feitas na página da Medalha Paulo Freire na internet. A seleção dos premiados está prevista para agosto. A divulgação do resultado, para dezembro.

    Assessoria de Comunicação Social 

  • As experiências mais relevantes para a educação de jovens e adultos (EJA) serão premiadas com a medalha Paulo Freire. As inscrições para concorrer à medalha estão abertas e serão encerradas em 20 de maio.

    Serão selecionadas no máximo cinco iniciativas – entre políticas, programas e projetos – que contribuam com a redução dos índices de analfabetismo e para a permanência dos jovens e adultos nos anos iniciais do ensino fundamental de EJA. A intenção é identificar e estimular ações que ajudem a promover a educação de jovens e adultos em todo o país.

    “Queremos valorizar e disseminar essas experiências para inspirar outras iniciativas enriquecedoras para a educação de jovens e adultos”, disse a coordenadora-geral de formação e leitura da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), Carmem Gato. De acordo com ela, a última premiação ocorreu em 2007 e, a partir deste ano, será anual.

    Podem participar secretarias de educação, universidades, movimentos sociais e organizações não-governamentais. Cada instituição pode inscrever apenas uma experiência, iniciada antes de dezembro de 2008 e que podem estar em curso. Comissões estaduais e distrital indicarão até duas iniciativas por cada estado à Secad.

    Uma comissão técnica da Secad avaliará as experiências recebidas e visitará as dez mais relevantes, dentre as quais serão escolhidas até cinco na etapa final. A previsão de divulgação do resultado é 19 de agosto. A premiação deve ocorrer em setembro.

    As inscrições são gratuitas e podem ser feitas exclusivamente pela internet. A medalha Paulo Freire será uma obra de arte produzida especialmente para a ocasião. A premiação não inclui pagamento em dinheiro.

    Maria Clara Machado
  • A índia ticuna Djuena Tikuna cantou o Hino Nacional na abertura da conferência (foto: Isabelle Araújo/MEC)

    Unir a dimensão técnico-profissional à educação oferecida na vida adulta e pensar a formação de professores com uma pedagogia específica para essa modalidade de ensino. Estas são algumas das novas ações do Ministério da Educação para a educação de jovens e adultos. As iniciativas foram anunciadas pelo ministro Aloizio Mercadante na abertura da Conferência Internacional de Educação de Adultos, a Confintea Brasil +6, aberta nesta segunda-feira, 25. O evento segue até quarta-feira, 27, em Brasília.

    Seis anos após sediar a primeira edição da conferência no hemisfério sul, o Brasil volta a reunir sociedade civil, organismos internacionais e especialistas no tema para avaliar e discutir os avanços na área. “Queremos trabalhar a ideia Pronatec-EJA e não mais separar essas duas dimensões”, disse Mercadante. “A formação técnico-profissional, a qualificação profissional, motiva esses trabalhadores a voltar à escola, a voltar a estudar, e eles podem concluir os anos iniciais, os anos finais, o ensino médio com uma formação.”

    Segundo o ministro, os institutos federais de educação, ciência e tecnologia estão trabalhando nessa direção, com o Sistema S, para criar novas matrículas para jovens e adultos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Um grupo de trabalho já foi formado no MEC, para planejar a formação de mais professores com atuação na educação de jovens e adultos. Segundo Mercadante, é importante trabalhar uma pedagogia específica dentro dos cursos de licenciatura para que os professores respondam melhor à realidade dos alunos que chegam à escola em etapa posterior à regular.

    Durante a abertura do fórum, representantes de organismos internacionais, como o gerente do Instituto para a Aprendizagem ao Longo da Vida da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Werner Mauch, e a secretária-geral do Conselho Internacional de Educação de Adultos (Icae), Katarina Popovic, elogiaram o comprometimento do governo brasileiro com a inclusão de jovens e adultos na escola. Para Katarina, a educação dos adultos nunca foi tão necessária e tão pouco valorizada no mundo, mas o Brasil tem “levado muito a sério” a responsabilidade sobre a educação voltada para a esse público.

    Mercadante ressaltou as políticas públicas que o país implementou desde a Confintea realizada em Belém, em dezembro de 2009. O ministro lembrou as conferências nacionais de educação ocorridas em duas edições e a criação do Plano Nacional de Educação (PNE), com metas específicas para a educação de jovens e adultos.

    Medalha — Promovida pelo Ministério da Educação, com o apoio da Unesco e a da Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI), o evento foi palco, ainda, da entrega da Medalha Paulo Freire. Concedida pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC desde 2005, a comenda, de valor cultural, reconhece experiências bem-sucedidas na educação de jovens e adultos no Brasil.

    Entre as 65 concorrentes deste ano, cinco receberam menção honrosa e outras cinco foram premiadas com a medalha. Bahia, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina são os estados que tiveram instituições agraciadas.

    Assessoria de Comunicação Social

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  • Belém — Kadijatou Baldeh viajou 14 horas de avião, de Gâmbia, para chegar ao Brasil. Das Filipinas, Ramom Bacani demorou 30 horas para alcançar Belém. Em comum, além das longas horas de avião, os dois guardam o desejo de discutir um desafio mundial: a educação de jovens e adultos. São cerca de 1,5 mil participantes, entre representantes de governos, de organizações não governamentais e da sociedade civil de todo o mundo, reunidos em Belém para a 6ª Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos (Confintea), aberta nesta terça-feira, 1º, na capital paraense.


    "Há 770 milhões de pessoas analfabetas no mundo", lembrou o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o sul-coreano Ban Ki-moon, em mensagem enviada à abertura da conferência. "Na África, 50% da população é analfabeta", informou o malinês Alpha Konaré, fundador do Movimento pelos Estados Unidos da África, na solenidade de abertura.


    De acordo com Ban Ki-moon, a educação é fundamental para que as pessoas conheçam seus direitos, saibam reivindicá-los e contribuam para um mundo mais justo e economicamente mais forte. A búlgara Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), concorda. “A educação é transformadora em todos os estágios. Transforma pessoas em cidadãos ativos e tem impacto no crescimento da economia”, afirmou. “Ainda preciso lembrar que a educação é um direito de todos?”, indagou, em alusão à Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.


    Desafio — Na opinião do ministro da Educação, Fernando Haddad, o desafio é aliar o desenvolvimento humano ao desenvolvimento econômico. “Porque não é possível ter desenvolvimento sustentável sem pessoas que façam isso”, disse.


    De acordo com Haddad, para alcançar metas internacionais de educação de jovens e adultos, todos os países devem trabalhar juntos. “Este é um desafio incontornável. Se cada país buscar isoladamente o cumprimento da meta global, talvez ela não seja cumprida”, afirmou. “Defendemos que sejam perseguidas (as metas) cooperativamente. Por isso, organismos internacionais como a Unesco têm uma função muito importante a cumprir.”


    Metas — De acordo com a meta estabelecida pela Conferência Mundial de Educação de Dacar, em 2000, os países comprometidos devem melhorar a taxa de alfabetização em 50% até 2015. O Brasil deve alcançar 6,7% de taxa de analfabetismo — atualmente, é de 10%. Para Alpha Konaré, além de cooperação, é preciso aumentar o financiamento de políticas educacionais. “Sem isso, estaremos discutindo os mesmos problemas daqui a 50 anos”, provocou.


    Kadijahtou, da organização não governamental Actionaid, espera que os compromissos assumidos em Belém sejam efetivamente cumpridos. “Não queremos só discursos”, enfatizou. O filipino Ramom, membro do Ministério da Educação daquele país, sugeriu que as ações a serem discutidas na Confintea sejam assumidas também pela sociedade. “A estratégia para educar um grupo tão grande de pessoas precisa envolver todos. Só o governo não tem recursos nem gente para isso”, propôs. Também para a secretária-geral da Unesco, é fundamental que o desafio seja assumido por todos. “É uma questão de liberdade humana.”


    A 6ª Confintea é resultado de parceria entre a Unesco, o Ministério da Educação e o governo do Pará. Serão quatro dias de discussões até sexta-feira, 4, para balizar as ações dos países participantes quanto à educação de jovens e adultos.

    Maria Clara Machado

  • O fato de a professora a realidade de viver nas ruas da capital baiana, por ser ela também moradora de rua, facilita o processo de aprendizagem (foto: programa Topa)Logo após o almoço, os moradores de rua, com cadernos e apostilas nas mãos, vão se acomodando nas mesas e cadeiras de plástico, dispostas de forma improvisada na Praça Marechal Deodoro, mais conhecida como Praça das Mãos, no bairro do Comércio, em Salvador. Homens e mulheres que não tiveram a oportunidade de ser alfabetizados encontraram a chance de aprender a ler e a escrever. O fato de a professora conhecer tanto quanto eles a realidade de viver nas ruas da capital baiana, por ser ela também, há quase sete anos, moradora de rua, facilita o processo de aprendizagem.

    A pernambucana Edlúcia Menezes, 52 anos, tem curso de magistério e, pelas circunstâncias da vida, foi morar nas ruas de Salvador. Ao verificar que ela tinha certificado de conclusão do curso, dirigentes do movimento Rua Tua, que trabalha com a população de rua em Salvador, resolveram aproveitá-la no projeto de alfabetização, em parceria com o programa Todos pela Alfabetização (Topa), da Secretaria de Educação da Bahia. “É a primeira experiência de alfabetização de população de rua que acontece em ambiente aberto, e tem dado muito certo”, explica Daiane Sodré, coordenadora do Topa. “Estamos colocando em prática o método de Paulo Freire de levar a escola onde os alunos estão.” O movimento Rua Tua tem sede no Pelourinho, na Ladeira de São Francisco, na capital baiana.

    As aulas são dadas à tarde, no centro da Praça das Mãos, de segunda a sexta-feira. Tem-se a expectativa de que os 25 alunos que frequentam o curso da professora Edlúcia iniciem o processo de alfabetização e encontrem motivação para, em seguida, fazer a matrícula em uma turma regular de educação de jovens e adultos (EJA) em escola pública de Salvador.

    Nesse processo inicial, que busca aliar alfabetização e cidadania, o estímulo e o exemplo da importância dos estudos e da emancipação vêm da própria Edlúcia. “Eu tenho a maior paciência com eles, conheço seus problemas e vejo a alegria que eles têm em aprender”, conta. “Meu marido, mesmo, está estudando na turma e já está juntando as letras para ler os nomes nos ônibus. Eu amo ensinar e há dez anos não tinha essa oportunidade.”

    Pelas aulas na “escola da praça”, Edlúcia recebe R$ 400. “O dinheiro ajuda na alimentação, mas não dá para sair da rua. Aluguel aqui em Salvador é muito caro”, diz a professora. Ela também se preocupa com os alunos, que são assíduos e fazem os deveres de casa, mas não recebem merenda. “Essa escola na praça está dando certo porque os alunos se sentem livres para aprender, mas quando chove não temos como ter aula. Se tivesse uma cobertura aqui na praça seria muito bom”, sugere.

    Redução — Coordenadora-geral do Topa há nove anos, a professora Elenir Alves, doutora em educação, com área de atuação em educação de jovens e adultos, observa que em 2007, quando o programa foi criado, o índice de analfabetismo na Bahia era de 23,15%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O programa já conseguiu reduzir esse índice para 14,7%, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2014. “O que significa uma alfabetização de cerca de 1,4 milhão de pessoas, oriundas de segmentos sociais diversos, tais como pescadores, quilombolas, trabalhadores rurais, pessoas privadas de liberdade e moradores de rua”, afirma Elenir.

    O programa Topa já envolveu 600 entidades e levou atendimento a 416 municípios baianos. Os professores que trabalham como alfabetizadores são voluntários e devem ter, no mínimo, o ensino médio completo e experiência com educação popular. “Acreditamos na ressocialização a partir do processo educativo porque a alfabetização contribui para o empoderamento dos indivíduos”, diz Daiane.

    Todos os alfabetizadores recebem bolsa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e passam por cursos de formação, inicial e continuada nas universidades contratadas pelo Topa. “Alfabetizar as pessoas é uma das tarefas mais dignas que considero enquanto educadora popular que sou”, afirma Elenir. “O Topa vai além da ação alfabetizadora. Os espaços de sala de aula são espaços de socialização e cidadania para os nossos alfabetizandos.”

    Premiação — O programa de alfabetização da Secretaria de Educação da Bahia, que procura aliar educação e emancipação, está entre as iniciativas de educação de jovens e adultos premiadas em 2016 pelo Ministério da Educação com a Medalha Paulo Freire. Desde 2005, o MEC promove essa premiação, que tem o objetivo de divulgar experiências bem-sucedidas, nos estados e municípios, de alfabetização e de ensino fundamental e médio para a EJA.

    A educação de jovens e adultos é um grande desafio para o Brasil. Segundo dados recentes da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, o país tem 3,8 milhões de pessoas com 18 anos ou mais que retomaram os estudos em classes de educação de jovens e adultos. Apesar do número considerável de matrículas, as turmas de EJA atendem apenas a 5% do público potencial, de 81 milhões de brasileiros sem ensino médio.

    Recentemente, o MEC anunciou ações, como unir as turmas de alfabetização de jovens e adultos ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A ideia é que o estudante da EJA, ao desenvolver o aprendizado, tenha direito a escolher determinados cursos do Pronatec para que a formação ocorra de forma associada. Assim, tem-se a integração entre o conteúdo da escolarização e o do mundo do trabalho.

    Rovênia Amorim

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  • Jovenilha, Maria da Luz e Raimunda tomaram a iniciativa de voltar para os bancos escolares, depois de dedicar suas vidas à educação dos filhos (Fotos: Mariana Leal/MEC)Na Goiânia dos tempos de criança da dona de casa Jovenilha Maria Xisto, 60 anos, as crianças eram obrigadas a trabalhar. “Ou ia para a roça ou não comia”, ela conta. Para as meninas, lápis e caderno ficavam ainda mais distantes. “Naquela época era muito triste, a gente não podia estudar, pra não escrever carta pros namorados”, resgata, com o olhar de quem ainda não consegue entender a injustiça.

    A primeira escola que Jovenilha pôde chamar de sua foi o Centro Educacional 2 do Cruzeiro Novo, em Brasília. Por iniciativa própria, “sozinha mesmo”, como frisou, um dia ela decidiu entrar no colégio por onde sempre passava, e se matricular. Chegou apenas assinando o nome, lendo “nada, nada”, e saiu aluna da turma inicial do primeiro segmento da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

    Na noite da última quinta-feira, 3, na primeira semana do ano letivo de 2016 na rede pública do DF, Jovenilha mostrava, orgulhosa, o caderno que abrigou as primeiras lições de caligrafia e que vai seguir dando espaço aos desafios da segunda série. “Já estou aprendendo, já passei de ano. Está difícil, mas eu vou conseguir”, diz a mulher que, depois de ter sua força testada na criação solitária dos dois filhos, precisou superar a idade para realizar o grande sonho da vida: estudar.

    Sonho assumido por Maria da Luz Melo de Menezes, 74, poucos meses atrás. Viúva, mãe de cinco filhos “criados e casados”, ela se viu sozinha em casa, após uma vida inteira dedicada a cuidar da família. Uma vida em que não sobrava tempo nem disposição para retomar a educação formal interrompida com o casamento, que veio cedo. “Há 62 anos eu não estudava. Então eu pensei assim: ‘acho que tá na hora de estudar um pouco pra me relembrar. Se é de estar deitada, assistindo novela... não, vou estudar’. Aí me deu aquela vontade muito, muito grande”, conta Maria da Luz, alagoana de Santana do Ipanema que vive em Brasília há 54 anos.

    Raimunda, 60: a sensação de que agora vai poder ajudar as pessoasRaimunda Rodrigues de Morais, 60, se inspira na filha, Fernanda, para ser mais uma da família a “tomar o caminho da Universidade de Brasília”. Outra que casou cedo e teve de se dedicar a ser somente dona de casa e mãe, ela precisou parar os estudos na quinta série. Ficou com o pouco que sabia, o suficiente para o marido, e não realizou o sonho de ser advogada “para ajudar os outros”.

    “É muito importante a mulher ter estudo, sempre pensei nisso. Não pude ensinar os meus filhos. Foi muito ruim pra mim, não gosto nem de lembrar, porque queria ensinar os meus filhos e eu não podia”, recorda-se a mulher alegre que só se entristece quando lembra da falta que a educação lhe fez. Hoje na terceira série do primeiro segmento da EJA, ela é colega de turma da animada Maria da Luz e, vizinha de Jovenilha, adora fazer as lições de casa junto com a amiga.

    Jovenilha, 60: o sabor da liberdade ao ler as placas nas ruasSessenta – Jovenilha, Maria da Luz e Raimunda são três das milhares de brasileiras com 60 anos ou mais que têm (re)descoberto a escola – e, às vezes, a própria vida – por meio da Educação de Jovens e Adultos. Das 92.392 pessoas dessa faixa etária que voltaram a ser inseridas na educação básica pela EJA, mais de 57 mil são mulheres, segundo o Censo Escolar de 2014.

    Uma maioria que, de acordo com Marcos Maia Antunes, coordenador geral da EJA no Ministério da Educação, não se repete entre as faixas etárias mais baixas que essa modalidade de ensino engloba (a partir dos 15 anos). E que revela, entre outras coisas, um problema herdado de décadas passadas, quando “os sistemas ou redes de educação eram outros e a abrangência era menor”. Ele lembra que se hoje há a quase totalidade de pessoas de 7 a 14 anos estudando, tempos atrás o cenário diferia muito.

    A professora Cláudia Pereira Vianna, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), confirma o problema com os dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta um crescente número de mulheres não instruídas ou com instrução incompleta quanto maior é a faixa etária. Tendência contrária no caso dos homens.

    “Você tem políticas públicas de educação que vêm focando na igualdade, na equidade, e elas são recentes. Portanto, não é à toa que, quanto mais baixa a faixa etária, mais sujeitos dessas políticas públicas essas meninas são. E o contrário também é verdadeiro”, analisa a pesquisadora de políticas públicas da educação.

    Assim se dá o diálogo entre o número de alunas com 60 ou mais na EJA e o estudo Estatísticas de gênero: uma análise dos resultados do censo demográfico 2010, do IBGE, publicado em 2014. A pesquisa anuncia maioria de analfabetos com 60 anos ou mais entre as mulheres (27,4%, enquanto o índice é de pouco mais de 24% na população masculina dessa faixa etária).

    Escolarização – Entre os fatores que explicam esse contingente de mulheres analfabetas, ou acima de 60 anos que ainda não completaram a educação básica, Cláudia Vianna aponta três problemas. O fato dessas mulheres ainda trabalharem ou se disporem a ficar em casa com os netos para garantir que as filhas trabalhem, o que lhes toma tempo, é o primeiro. O segundo, diz ela, está no chamado “preconceito de ciclo de vida”, o olhar torto com que muitos idosos têm de lidar quando voltam a estudar, e que se torna ainda mais forte relacionado ao gênero feminino.

     “O modelo patriarcal vem restringindo o acesso da mulher à escolarização há mais de um século. E ele persiste. Apesar de todos os avanços de algumas políticas públicas educacionais, ainda tem pedras no caminho”, explica a professora.

    O sexismo, ou a exclusão de gênero, é outro obstáculo, conforme a pesquisadora. Ainda hoje, muitas mulheres continuam sendo impedidas de estudar por seus maridos. Nesse contexto, a EJA ganha ainda mais importância por ser uma segunda oportunidade que, aliada a outras políticas públicas, pode significar a garantia plena do direito dessas mulheres à educação. “No melhor dos mundos, que bom seria se ela não precisasse existir”, comenta Vianna.

    Maria da Luz, 74, sente mais vitalidade e está mais feliz Conquistas – Professora da EJA há 15 anos, Ilma Gláucia Reis Fortunato sabe o quanto a modalidade ainda é necessária e importante, inclusive para quem está ali para ensinar. “É um estímulo pra gente, como mulher, incentivá-las a abrir caminhos. Porque pela educação elas estão abrindo portas”, reflete.

    Para quem retornou à escola após tanto tempo e tantas dificuldades, o sabor é de conquista. A cada letra desenhada com esmero, a cada soma acertada, em cada dia em que o compromisso da noite é estudar. Jovenilha, que antes se sentia cega pela rua, sem conseguir ler o que diziam as placas, hoje experimenta o sabor da liberdade. Maria da Luz é só felicidade e vitalidade depois das aulas. Raimunda tem certeza de que, agora, concluindo os estudos para fazer enfermagem ou direito, poderá ajudar as pessoas.

     Assessoria de Comunicação Social

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  • A partir de 2011, o governo federal vai distribuir livros didáticos específicos para a educação de jovens e adultos. As obras serão entregues nas escolas públicas e entidades parceiras do programa Brasil Alfabetizado com turmas de ensino fundamental.


    A decisão consta da Resolução nº 51 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), publicada nesta quinta-feira, 17. A norma cria o Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA).


    A iniciativa vai beneficiar 5,4 milhões de alunos, que recebiam apenas livros de alfabetização. O edital com as normas e os prazos para as editoras inscreverem as obras será divulgado nesta sexta-feira, 18, na página eletrônica do FNDE. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do Ministério da Educação será a responsável pela avaliação dos títulos, que devem atender critérios estabelecidos no edital.


    “As editoras que tiverem obras de alfabetização inscritas no PNLA (Programa Nacional do Livro Didático) de 2010 poderão migrar para a categoria de alfabetização do PNLD-EJA, aproveitando os mesmos livros”, explica o diretor de ações educacionais do FNDE, Rafael Torino.


    As disciplinas das turmas de alfabetização contempladas serão letramento e alfabetização linguística e alfabetização matemática. Os jovens e adultos matriculados em séries do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental receberão livros de língua portuguesa, matemática, ciências, artes, história e geografia. Além dessas matérias, os estudantes do sexto ao nono ano ganharão uma obra de língua estrangeira (inglês ou espanhol). Todos os livros serão consumíveis e não precisarão ser devolvidos ao fim do período letivo.


    Adesão — Para participar do novo programa de distribuição de livros didáticos, as secretarias estaduais e municipais de educação e as entidades parceiras do programa Brasil Alfabetizado devem preencher o termo de adesão, que estará disponível na página eletrônica do Ministério da Educação. As escolas públicas que ofereçam educação de jovens e adultos precisam estar cadastradas no censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). As entidades parceiras precisam manter atualizado o cadastro no sistema do programa Brasil Alfabetizado.


    A Resolução nº 51/2009 foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 17.

    Assessoria de Comunicação Social do FNDE

  • O Ministério da Educação divulgou nesta quinta-feira, 26, a relação dos vencedores do 3º Concurso Literatura para Todos. Cada escritor selecionado receberá um prêmio de R$ 10 mil, em dinheiro, e as obras, que integrarão a coleção Literatura para Todos, serão publicadas com tiragem de 300 mil exemplares.


    O público-alvo dos livros premiados são os chamados neoleitores, jovens com mais de 15 anos e adultos que participam do programa Brasil Alfabetizado em todo o país e nas escolas públicas com turmas de educação de jovens e adultos (EJA). A premiação será no dia 4 de dezembro, no encerramento da 6ª Conferência Internacional de Jovens e Adultos (Confitea), evento que acontece de 1º a 4, em Belém.


    No gênero poesia foram premiados quatro autores: Maria Amélia de Amaral e Elói com a obra Poesia torta; Alexandre Jorge Marinho Ribeiro, com Poemas de pouco empenho; Adriano Bitarães Netto, com Poesia da indagação; e José Luís Tavares (de Cabo Verde, África), com À bolina ao redor do Natal.


    Dois autores venceram no gênero prosa: Mayrant Gallo, com Moinhos, e Carlos Augusto de Almeida, com Tempo de chuva. No gênero tradição oral venceu Marco Aurélio Pinotti Catalão, com No cravo e na ferradura; na dramaturgia o ganhador foi Carlos Correia Santos, com Não conte com o número um no Reino de Numespólis; no gênero perfil biográfico venceu Alaor Ignácio dos Santos Júnior, com Cascatinha e Inhana: a história e os trinados dos sabiás do sertão. Também foi selecionada, com menção honrosa, a obra O papagaio de Van Gogh (prosa), de Antonio de Pádua Barreto Carvalho.


    O concurso Literatura para Todos seleciona anualmente oito obras de escritores brasileiros e, desde 2008, escolhe um livro de escritor africano de língua portuguesa. Nas edições de 2008 e deste ano, o autor africano vencedor foi José Luís Tavares, de Cabo Verde. O concurso também destaca uma obra com menção honrosa.


    As coleções serão enviadas para uma série de entidades e instituições, entre elas, as parceiras do programa Brasil Alfabetizado, escolas públicas que oferecem educação de jovens e adultos, núcleos de EJA das instituições de educação superior, unidades prisionais.


    Em 2010, o Ministério da Educação oferecerá um curso de mediadores de leitura para professores que trabalham com jovens e adultos. As obras premiadas serão utilizadas por esses professores. A formação será feita por sete universidades públicas integrantes da Universidade Aberta do Brasil (UAB).

    Ionice Lorenzoni

  • Além da formação nos anos finais do ensino fundamental os agricultores frequentaram aulas do curso de formação inicial continuada de técnicas em agricultura familiar (foto: divulgação)O reencontro com a escola, tantos anos depois, rendeu novos conhecimentos para a lida no campo, mais autoestima e amizades entre os agricultores de duas comunidades da zona rural de São Miguel do Oeste, município catarinense de 38,9 mil habitantes. “Não queria que o projeto acabasse; com as aulas, a gente volta a ser criança, esquece os problemas e a vida de só trabalhar”, comenta Santina Alves Ferreira, 50 anos. Ela e o marido, que moram numa chácara de 11,5 hectares, onde plantam “de tudo um pouco” e criam 50 galinhas, oito porcos e cinco vacas, estão entre as duas turmas de 60 trabalhadores rurais que concluíram, em 2015, o ensino fundamental.

    O curso foi ofertado pelo Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), em parceria com a prefeitura de São Miguel do Oeste, que pretendia revitalizar as escolas da zona rural. Além da formação nos anos finais do ensino fundamental (quinto ao nono ano), os alunos frequentaram aulas do curso de formação inicial continuada de técnicas em agricultura familiar. Esse projeto (Proeja FIC em técnicas de agricultura familiar) foi um dos vencedores do prêmio Medalha Paulo Freire, do Ministério da Educação. Desde 2005, o prêmio identifica experiências relevantes para a alfabetização e a educação de jovens e adultos no Brasil.

    Dona Santina e o marido, Vilmar Pereira, 52 anos, interromperam os estudos na antiga quarta série por falta de oportunidades. “Sempre passei correto e gostava de estudar; tinha os cadernos caprichados”, diz dona Santina. “Mas a escola, depois da quarta série, ficava muito longe, não dava para ir a pé: eram mais de quatro quilômetros só para ir; naquela época, não tinha ônibus escolar, e meu pai não podia pagar transporte.”

    Mãe de três filhos, a caçula com 17 anos e no último ano do ensino médio, a agricultora espera que o projeto do IFSC prossiga, com turmas de ensino médio. “Alunos não vão faltar; eu mesma serei a primeira da fila”, garante.

    Parceria — A oferta dessa etapa de escolarização depende de parceria do IFSC com a rede de ensino do estado. “Ficamos tocados com os relatos e estamos trabalhando para viabilizar o ensino médio”, diz Douglas Antonio Rogeri, coordenador dos cursos Proeja FIC do IFSC, campus de São Miguel do Oeste. “Se a parceria der certo, ofereceremos disciplinas técnicas, praticamente as mesmas descritas na forma de curso FIC, porém, nesse caso, integrado ao ensino médio.”

    A parceria é importante para o serviço de transporte escolar dos alunos e para a composição do quadro de professores. “Hoje, o IFSC não tem condições de oferecer o ensino médio, pois os professores dessa área já estão sobrecarregados com as disciplinas do campus”, justifica Rogeri.

    Para concluir o ensino fundamental, Santina, Vilmar e os demais agricultores precisaram ir à escola duas vezes por semana, durante quatro anos. As aulas eram ministradas à noite, em duas comunidades rurais. Na Linha Dois Irmãos, os agricultores assistiam às aulas na Escola Municipal Padre José de Anchieta; em Canela Gaúcha, na Escola Municipal Rural Waldemar Antonio von Dentz. O IFSC cedeu professores da área técnica e alguns da básica. O município ofereceu professores da área básica, transporte, espaço físico e alimentação.

    A experiência foi proveitosa tanto para os alunos quanto para os professores. “Eu tinha aulas das 19h às 22h30; assim que chegava em casa, ia fazer logo os deveres de casa porque, no outro dia, tinha de trabalhar na lavoura e cuidar dos animais”, conta Santina, que estudava na escola da comunidade Linha Dois Irmãos, a 25 quilômetros do IFSC. “Tinha dia, depois do dia todo trabalhando na roça, que o cansaço batia, mas mesmo assim a gente não deixava de ir. Valeu muito a pena e não senti dificuldade nenhuma em aprender.”

    Coordenador do curso Proeja FIC em técnicas de agricultura familiar nos dois anos iniciais, o professor José Carlos Martins, de português e inglês, descreve a experiência para chegar ao povoamento rural: “O trajeto era bem acidentado, com bastante sobe e desce; dificuldades nos dias de chuva, com possibilidades de nem poder sair de lá no mesmo dia”.

    Tanto na Linha Dois Irmãos quanto em Canela Gaúcha, a 8 quilômetros do IFSC, o professor encontrou estudantes com idades de 40 a mais de 60 anos, com muita experiência para compartilhar, o que tornava as aulas mais fáceis. “Lembro que trabalhamos na aula de português um texto que envolvia uma raposa; como, nessas comunidades, raposa é o mesmo que gambá, histórias fantásticas surgiram”, diz. Nas aulas de inglês, muitos alunos confessavam que jamais se imaginaram um dia estudando essa língua. O rendimento escolar foi um sucesso, na avaliação do professor. “Não havia nada de excepcional no material didático; o que fez a diferença foi o sentimento de inclusão, de valor como ser humano, de comunidade que tinha o que dizer, de reconhecimento de identidades”, afirma. “Trabalhar com pessoas que ficaram tanto tempo fora da escola é trabalhar a valorização do ser humano e suas experiências. É saber que, em determinados contextos, mais aprendemos do que ensinamos.”

    Prática — Além das disciplinas da grade curricular comum, como matemática, português e inglês, os agricultores tiveram aulas práticas sobre técnicas de agricultura e pecuária. Professor do ensino profissionalizante, Cherilo Dalbosco ministrou aulas de gestão agropecuária. Segundo ele, os alunos aprenderam sobre fluxo financeiro da propriedade rural familiar, custos de produção e apuração de resultados econômicos. “O objetivo foi ensinar o agricultor familiar a fazer controles e gestão financeira da sua propriedade”, explica.

    Para assimilar o conteúdo, o trabalho final dessa disciplina foi realizado nas pequenas propriedades dos próprios alunos. A aquisição de conhecimentos básicos de matemática e o uso da calculadora permitiram aos agricultores, garante Dalbosco, obter “um maior domínio de conceitos e técnicas de controles e registros financeiros” das propriedades rurais familiares. “Foi tudo muito bom no curso: aprendemos a plantar árvores frutíferas, o modo certo de criar galinhas, como organizar as pastagens, fazer a matemática baseada na nossa realidade”, resume uma ex-aluna ao relatar a experiência com o curso em um encontro de avaliação do MEC. “Todas as aulas foram importantes.”

    O diretor do campus de São Miguel do Oeste, Diego Albino Martins, explica que há demanda na região para novas turmas de agricultores com o perfil de Santina e do marido. Duas turmas que unem a educação de jovens e adultos ao ensino profissionalizante estão em andamento no município de Iporã do Oeste, a 35 quilômetros de São Miguel do Oeste. “Percebemos a mudança, o empoderamento dessas famílias, que voltam a estudar, que querem tirar carteira de motorista, seguir para o ensino médio e a graduação”, afirma Martins. “E como as aulas são alinhadas com as atividades e realizadas em escolas das comunidades, eles reforçam os laços sociais e incentivam uns aos outros para que ninguém desista dos estudos”.

    Rovênia Amorim

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