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  • Na biblioteca da escola, os estudantes participam de rodas de leitura de livros, leem jornais e revistas e fazem a leitura e a releitura de elementos iconográficos (foto: João Bittar-arquivo MEC)Incentivar estudantes e seus familiares a se envolver com a leitura, de modo lúdico e recreativo, é uma das razões que levaram o professor Enildo da Paixão Rodrigues a promover atividades capazes de atrair os alunos à biblioteca da Escola de Ensino Fundamental Durmeval Trigueiro Mendes, em João Pessoa. Professor de português, ele também é coordenador da biblioteca, que leva o nome do poeta Lúcio Lins (1948-2005), nascido na capital paraibana.

    “Todas as escolas deveriam ter bibliotecas, com bom acervo e condições de funcionamento” afirma Rodrigues. “Isso deveria se dar não apenas nas escolas, mas também nos bairros.”

    Para o professor, bibliotecas contribuem para o desenvolvimento da cidadania. “É importante fazer os estudantes compreenderam que é por meio da leitura que cada indivíduo pode se capacitar melhor para vivenciar a sua cidadania e, dessa forma, exigir o cumprimento dos direitos individuais e coletivos”, salienta.

    Rodrigues vê a Biblioteca Lúcio Lins como uma espécie de prolongamento da sala de aula e de outros espaços educacionais. Ele explica que ali é organizada uma agenda semanal de leitura e de narração de histórias. Para essas atividades, os professores de português levam os alunos à biblioteca uma vez por semana. Lá, os estudantes participam de rodas de leitura de livros, leem jornais e revistas e fazem a leitura e a releitura de elementos iconográficos.

    Atividades— Na biblioteca são realizadas palestras, oficinas, mostras de filmes e de vídeos sobre temas diversos, como direitos humanos, sustentabilidade ambiental, cidadania, ações antidrogas, questões de gênero, alimentação saudável, saraus literários, datas históricas e religiosas. Os estudantes têm acesso livre, nos intervalos das aulas, e podem pegar, ao longo do mês, quantos livros emprestados quiserem.

    Em datas históricas, durante a semana cultural da escola ou quando é necessário fazer a divulgação de livros ou de material pedagógico, são organizadas exposições. A biblioteca também abriga a realização de atividades interdisciplinares, como música, circo, teatro e dança, com a participação de diversos professores.

    Rodrigues constata que as atividades ajudam os estudantes a ganhar desenvoltura na leitura e na formação do discurso, oral ou escrito. “Os alunos passam a vislumbrar a beleza das histórias literárias, aprendem a distinguir realidade de ficção e concluem que a biblioteca é um espaço privilegiado para a aquisição de conhecimentos”, destaca. “Além disso, é um ambiente no qual os estudantes aprendem a ler, a pesquisar e a compor textos de forma autônoma.”

    A Biblioteca Lúcio Lins também é um local para a realização de projetos. Um deles, o Viajando Através das Histórias Infanto-Juvenis, criado para desenvolver a capacidade de leitura de alunos com dificuldade de aprendizagem. Outro projeto é o Conhecendo Nossa Comunidade e Escola, destinado a promover visitas a locais próximos à escola e a permitir que os estudantes conheçam projetos voluntários realizados na própria comunidade.

    “O objetivo é fazer o aluno participar, na prática, da vida da comunidade e exercer compromisso com a coletividade”, afirma Rodrigues. Com 38 anos de magistério, ele tem graduação em letras e especialização em educação em direitos humanos.

    Ana Júlia Silva de Souza

    Confira os blogs:
    • Da Escola Durmeval Trigueiro Mendes
    • Da Biblioteca Lúcio Lins

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  • Alunos da professora Taíz Helene fazem leitura de jornal em sala de aula (Foto: Arquivo da escola)Os comentários dos alunos sobre o que faziam quando não estavam na escola estimulou a professora Taíz Helene Valenzuela a pesquisar atividades prazerosas, que eles sentissem vontade de fazer quando chegassem em casa. Docente da rede municipal de ensino do município de Paragominas, a cerca de 300 Km de Belém, no Pará, ela implementou como tarefa escolar o hábito de assistir filmes.

    Em uma reunião, a coordenadora pedagógica propôs que Taíz Helene, por um bimestre e com o acompanhamento dela, começasse a pedir aos alunos que assistissem, como dever de casa, determinados filmes e depois relatassem aos colegas o que haviam compreendido. Uma das películas que os estudantes tiveram que assistir foi A Era do Gelo, para que pudessem perceber temas como mudanças climáticas.

    De acordo com a professora, que dá aulas em uma turma do quarto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Associação da Paz, as atividades extraclasse sempre eram respaldadas dentro do tema da aula. E apesar dos resultados terem fluído com muito mais eficiência, não foi fácil implantar a nova sistemática de dever de casa. “Os pais reclamaram, tivemos que fazer reuniões para explicar a nova dinâmica das aulas, mostrando sempre a importância da participação da família na vida escolar do educando”, diz a professora, que é formada em pedagogia e cursa atualmente licenciatura em computação.

    Segundo ela, tanto as atividades desenvolvidas na sala de aula quanto as que são solicitadas para serem feitas fora da escola são diversificadas: “com isso os educandos estão sendo preparados para o avanço tecnológico da educação”, justifica. Taís Helene acredita que, ao trabalhar dessa forma, pode perceber que o conhecimento adquirido ficou mais fácil. “Houve muitas reclamações, mas quando o resultado foi mostrado aos pais, no fim do bimestre passado, eles ficaram bem impressionados”, adianta. E hoje em dia, quando ela fala em atividade diferenciada, a aceitação é bem maior.

    Taíz Helene atua no magistério desde 1995, quando começou a fazer estágio. “A diretora da escola onde estagiei percebeu que gostava muito de fazer coisas diferentes e me chamou para assumir uma sala de Jardim II. Desde então, não parei mais”, finaliza.

    Fátima Schenini

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  • Professor Rodrigo (esquerda) busca aproximar alunos da realidade do campo. (Foto: Arquivo pessoal)A curiosidade pela Amazônia levou Rodrigo Diego Quoos a sair do Rio Grande do Sul, onde cursava engenharia florestal, para fazer seu estágio profissional obrigatório em uma associação de Rondônia, voltada para a área de agroindústria e agroecologia. “Fiquei fascinado”, conta Rodrigo, que resolveu morar na região amazônica depois que concluiu sua graduação.

    Em 2008, durante o mestrado em desenvolvimento rural, ele fez um estudo sobre os agricultores que havia conhecido durante seu estágio. Logo em seguida participou de concurso para a antiga Escola Técnica Federal de Rondônia, atual Instituto Federal de Rondônia, campus de Ji-Paraná, onde leciona, há dois anos, as seguintes disciplinas: incêndios florestais, política e legislação florestal e extensão rural.

    “O envolvimento com a comunidade e os movimentos sociais me aproximaram do contexto da educação”, explica Rodrigo. Segundo ele, a partir da experiência como monitor de uma Escola Família Agrícola, pôde perceber que a oportunidade de ser um educador e professor conseguia satisfazer seus anseios de transformação social.

    Ele diz que sempre trabalhou de maneira interativa e participativa, pois prefere aulas dinâmicas, onde o aluno interage e expõe suas ideias. “Trabalho muito com saídas técnicas e aulas práticas em campo, tentando aproximar a realidade do campo com a sala de aula”, justifica.

    De acordo com o professor, alguns municípios da região central de Rondônia chegam a ter 90% de sua área desmatada. Por essa razão, ele procura levar os estudantes a uma das maiores reservas biológicas da Amazônia, a Rebio Jarú, localizada no próprio município de Ji-Paraná. Também visitam instituições de pesquisa e pequenos agricultores que trabalham com sistemas agroflorestais e de agroecologia, entre outros.

    Na visão de Rodrigo, a profissionalização de jovens requer muita dedicação, pois nessa idade muitas opções e descobertas aparecem ao mesmo tempo, sem falar nas redes sociais. Ele se preocupa, então, em abrir os horizontes profissionais dos estudantes. “Sempre é preciso destacar o futuro próximo, as condições do mercado de trabalho, as opções profissionais”, ressalta.

    Cursos– Em funcionamento desde 2009, o campus de Ji-Paraná do Instituto Federal de Rondônia tem, atualmente, 954 alunos matriculados. São ofertados três cursos técnicos: florestas, móveis e informática. A instituição também oferece licenciatura em química e especialização em informática na educação e em Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (Proeja).

    Fátima Schenini
  • O trabalho em duplas ou em grupos é uma forma de facilitar a colaboração entre os alunos desenvolvida pela professora Gisele Miranda. (Foto: Arquivo da Escola)Apaixonada por matemática, a professora Jóice Boff dos Santos, de Três Cachoeiras, no litoral norte do Rio Grande do Sul, não consegue aceitar que os alunos tenham dificuldade de entender e gostar da matéria. Para atrair o interesse dos alunos, ela criou o blog Aprenda Matemática.


    “Se eles gostarem da matemática, vão aprender e se interessar, buscando sempre mais”, diz a professora, que dá aulas a 86 alunos do sexto e do sétimo anos (quinta e sexta séries) da Escola Maria Angelina Maggi, da rede estadual. Professora concursada, com licenciatura plena em matemática e física, Jóice conta que teve a idéia do blog ao concluir o curso de introdução à educação digital, promovido pela Secretaria de Educação a Distância (Seed) do Ministério da Educação.


    Os alunos participam do blog em aulas no laboratório de informática, tanto para jogar — sempre jogos ligados ao conteúdo trabalhado — quanto para desenvolver atividades determinadas pela professora ou fazer pesquisas sobre o conteúdo a ser estudado. “Estou pensando em criar outro blog para a turma postar os trabalhos”, diz Jóice.


    Ela explica que procura simplificar as aulas ao deduzir as fórmulas, explicar onde o conteúdo será usado, fazer a ligação com a realidade e trabalhar de forma prática, com jogos e material concreto. Além disso, utiliza material didático, como DVD e projetor multimídia, entre outros. “Estou sempre buscando, pesquisando e trocando material com os colegas para que a aula se torne mais produtiva e agradável.”


    Descontração — Em Itajaí, no litoral de Santa Catarina, a professora Gisele dos Santos Miranda acredita que a criança tem, com a brincadeira, a oportunidade de construir o conhecimento de forma descontraída. Graduada em pedagogia, séries iniciais, com pós-graduação em gestão escolar e alfabetização, ela dá aulas no segundo ano do Colégio Salesiano e em classe de alfabetização na rede de educação do município.


    “Sempre procuro trabalhar com jogos e brincadeiras, em grupos. Os alunos que no início apresentavam dificuldades conseguem, aos poucos, desenvolver as atividades com mais autonomia”, afirma. Gisele salienta que tem a preocupação de planejar a dinâmica das aulas, com momentos de leitura, jogos e trabalhos em grupo e individuais. “A intervenção do professor é muito importante no desenvolvimento da atividade. Assim, consigo perceber com mais clareza o que o aluno ainda não conseguiu compreender e tenho a oportunidade de fazer a mediação individualizada.”


    Quando a proposta é trabalhar em grupo, ela reúne duplas ou equipes por níveis próximos, de forma a facilitar a colaboração entre os alunos. “A interação é uma excelente ferramenta”, afirma. Gisele também usa a internet nas aulas: “Há ótimos sites, com jogos matemáticos que colaboram para o aprofundamento dos conteúdos.”

    Fátima Schenini


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  • O espaço é pequeno, mas a animação das crianças mostra que o projeto da professora Waléria deve germinar e crescer (Foto: Arquivo Escola Municipal Londres)A vontade de pôr os alunos em contato com a natureza para torná-los mais sensíveis e conscientes de que a vida depende do meio ambiente, e que o meio ambiente depende de cada um, levou a professora Waléria Monteiro a desenvolver projeto de horta na Escola Municipal Londres. Localizada no bairro de Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio de Janeiro, a escola atende estudantes dos três primeiros anos do ensino fundamental.

    A ideia da professora consistiu em aproveitar área disponível na lateral do prédio escolar como mais um espaço de aprendizado para as crianças e ali reproduzir os bons resultados verificados em instituição particular, na qual lecionara, ocasionados pelas atividades realizadas na horta. “Pude acompanhar várias vezes, com minhas turmas, o plantio, colheitas, receitas e experiências. Era gratificante para todos”, destaca.

    Obtida a aprovação do projeto pela direção da Escola Londres, a professora deu início às atividades da horta. “Nosso espaço é bem pequeno, mas a vontade é grande”, revela Waléria, responsável por uma turma de segundo ano. O projeto recebeu a adesão das professoras Cláudia Lessa e Jacqueline Barroso, de turmas de primeiro ano, e Ana Lúcia Nunes, de uma turma de terceiro ano.

    Após a limpeza e preparação do espaço destinado ao plantio, os estudantes passaram a visitar o local para fazer o reconhecimento — não costumavam circular por lá. “As crianças estão animadas e cheias de expectativas”, salienta Waléria. Segundo ela, todas vão participar das etapas do processo e cada turma ficará encarregada por um canteiro. “Aproveitamos a chuvinha que caiu por aqui e já plantamos as primeiras sementes.”

    Prioridade— De acordo com a professora, os estudantes, entusiasmados, querem plantar de tudo, mas terão prioridade legumes e vegetais mais simples, que tenham facilidade de germinação. O propósito é obter um resultado mais dinâmico, capaz de animar as outras professoras, a direção da escola e os pais dos alunos. “Começaremos com alface, cenoura, tomate e pimentão, mas pensamos num futuro de plantas medicinais e outras coisas”, diz.

    Waléria pretende relacionar os conhecimentos práticos obtidos com o trabalho na horta às atividades realizadas em sala de aula para que os alunos adquiram conhecimentos relacionados, por exemplo, aos diferentes tipos de solo e aos benefícios das vitaminas. Incentivar as crianças a consumir legumes e verduras e conscientizá-las da importância de saborear um alimento saudável e nutritivo são alguns dos objetivos do projeto.

    A professora espera que os alunos colham os alimentos e multipliquem o aprendizado do hábito da alimentação saudável. Pedagoga, com formação também em comunicação social, Waléria atua no magistério há 24 anos, 12 dos quais na rede municipal.

    Fátima Schenini
  • A culinária auxilia a aprendizagem de inglês nos colégios Osvaldo Cruz e Pindorama, de Novo Hamburgo. (Foto Arquivo pessoal)Na sala de aula, cadeiras são substituídas por fogões e panelas. Cadernos e livros dão lugar a ingredientes para cozinhar. A culinária é uma alternativa para a aprendizagem do inglês no ensino fundamental dos colégios Osvaldo Cruz e Pindorama, ambos da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), no Rio Grande do Sul. Nessas aulas os estudantes descobrem novos sabores, culturas diferentes e como usar a língua inglesa no dia-a-dia.

    De acordo com a professora de inglês Luciana de Souza Brentano, esse tipo de atividade, em que os alunos vivenciam a língua, torna o ensino mais eficaz. “Apenas o ensino da gramática, desvinculado dessa vivência, torna a língua inglesa algo sem sentido para as crianças”, afirma. Luciana avalia que “aprender brincando” é parte da prática pedagógica. “Assim, eles criam gosto pela língua inglesa e pela cultura. As famílias nos dão esse retorno, de que o estudante não está apenas aprendendo, mas levando o aprendizado para casa”, diz.

    Por meio da culinária, os alunos aprendem até matemática em outra língua. “Eles precisam converter as medidas, pois as usadas no Brasil são diferentes das usadas em outros países como Inglaterra, Canadá e Estados Unidos”, conta. Além disso, eles descobrem os pratos típicos de outros países e o significado deles para suas respectivas culturas.

    Luciana é coordenadora do currículo bilíngue dos colégios da instituição, que vem sendo implementado desde 2005. Ela afirma que a língua inglesa é importante não apenas na escola, mas no futuro dos estudantes. “Novo Hamburgo é conhecida como cidade exportadora, especialmente no setor de calçados. As famílias querem preparar os filhos para esse cenário e até mesmo para o mundo globalizado no qual vivemos”, destaca. Segundo ela, quase todas as turmas contam hoje com o currículo bilíngue. “Os alunos aprendem as matérias nas duas línguas. Os conteúdos são divididos entre o inglês e o português. Mas as aulas de culinária são exclusivamente em inglês”, explica.

    Em São Paulo, a diretora pedagógica do Colégio Visconde de Porto Seguro, Sônia Bittencourt de Oliveira, considera importante a utilização de brincadeiras e atividades diversificadas no ensino de uma segunda língua. “Quanto mais novas forem as crianças, mais lúdicas devem ser as atividades: desenhos, jogos, dramatizações, músicas e brincadeiras. O foco deve estar na oralidade e não na escrita”, acredita.

    Para ela, os métodos de diferenciação são essenciais. “Eu arriscaria dizer que são vitais para um ensino de qualidade, que vise a aprendizagens verdadeiras. Atividades diversificadas, com diferentes níveis de dificuldade ajudam não ao professor, mas aos alunos, que sempre estão e estarão em diferentes níveis linguísticos”, pontua. Sônia destaca os circuitos de atividades que exijam habilidades diferentes como jogos, músicas, monitorias entre colegas e filmes.

    A opinião de Sônia é a mesma de Luciana. O aprendizado é mais eficaz quando o aluno vivencia a língua, e isso é importante inclusive para o futuro do estudante. “As vivências fazem uma conexão com a vida real. Perduram através dos anos, se tiverem uma função social para o aluno. No entanto, mesmo que a falta de uso ‘enferruje’ a fluência, uma boa base facilitará retomadas futuras”, conclui Sônia.

    Rafania Almeida

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    Pesquisas apontam que a prática esportiva é predominante nas aulas de educação física. Desde a paixão nacional, o futebol, até o vôlei, o handebol e o basquete, de forma geral são os esportes coletivos que se sobressaem na disciplina. Entretanto, a educação física tem uma função que vai além do desenvolvimento técnico em determinados esportes. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, a disciplina deve incorporar as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos.

     

    O assunto é objeto de estudo do doutor em sociologia do esporte e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Valter Bracht. Segundo ele, suas pesquisas revelaram um consenso na disciplina: muitos acreditam que o esporte, por si só, é educativo. “Com isso, basta dar uma bola e pronto”, destaca. Segundo ele, este fenômeno ainda é conseqüência da política das décadas de 1960 e 1970, quando a educação física tinha uma carga horária obrigatória de três horas semanais e priorizava o treinamento e a descoberta de atletas de alta performance.

     

    Mais do que estimular a prática de uma determinada modalidade esportiva, a educação física tem a função de permitir que os alunos vivenciem outras culturas. “Ao invés de entender a educação física escolar como algo biológico, é necessário percebê-la como uma manifestação de cultura, na qual o aluno precisa não só saber executar os movimentos certos como também entender a importância dessa cultura”, justifica. Para Bracht, não se trata de negar o esporte, mas apenas considerá-lo como uma das manifestações da cultura corporal.

     

    Bracht defende a ampliação dos movimentos culturais como tema nas aulas de educação física. “Também fazem parte da nossa cultura corporal as danças e as ginásticas, sejam elas acrobáticas ou circenses”, diz. Além disso, há outros esportes menos convencionais que estão, em alguns casos, mais difundidos entre os jovens. “Tem mais adolescente andando de skate do que jogando basquete”, exemplifica o especialista. Ele propõe ainda uma aula de educação física com atividades que passem pelo arvorismo e até mesmo pelo rapel.


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    Renata Chamarelli

  • Estudantes fazem passeata e tomam consciência dos problemas da comunidade. (Foto: Arquivo da Escola Carvalho Leal)Criadora de vários projetos premiados, a professora Soraya Freire de Oliveira, de Manaus, acredita que nada é mais importante do que favorecer a educação, o senso crítico e a cidadania das crianças. Pedagoga, com habilitação em supervisão escolar e orientação educacional, e especialização em gestão escolar, ela leciona na Escola Estadual Carvalho Leal, pela manhã, e na Escola Municipal Thomas Meirelles, à tarde.

    De fevereiro a junho deste ano, ela desenvolveu o projeto Cuidar do Planeta – Uma Questão de Cidadania, envolvendo alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental da Carvalho Leal. Pais, professores e servidores da escola e a própria comunidade participaram do projeto, que teve como objetivo sensibilizar a comunidade escolar quanto à importância da preservação do meio ambiente para uma melhor qualidade de vida.

    Os resultados já apareceram: o relacionamento entre os alunos melhorou e a quantidade de lixo na escola diminuiu. “As mesas do refeitório e o chão mudaram de aspecto. Os alunos passaram a recolher e colocar na lixeira os restos da merenda”, conta Soraya. De acordo com relatos dos pais, aconteceram mudanças também no ambiente familiar, pois os estudantes passaram a se preocupar em proteger e conservar a higiene do lar.

    “A grande tarefa da escola é proporcionar um ambiente saudável e coerente com aquilo que ela pretende que os seus alunos aprendam”, acredita a professora. Só assim, justifica ela, o colégio poderá, de fato, contribuir para formar cidadãos conscientes de suas responsabilidades para com o meio ambiente e capazes de tomar atitudes de proteção e melhoria em relação a ele.

    Uma das atividades desse projeto foi a Caminhada Ambiental – Todos juntos cuidando do Planeta, quando os alunos carregaram cartazes alusivos e distribuíram panfletos à comunidade. “Acreditamos que a escola necessita ultrapassar seus muros, colaborando na construção da cidadania do aluno e envolvendo a família e a comunidade”, justifica Soraya. Para ela, o verdadeiro educador é aquele que faz o aluno progredir, na medida em que levanta questões e orienta quanto aos procedimentos da aprendizagem.

    Em 2004, ela recebeu o Prêmio Incentivo à Educação Fundamental, promovido pelo Ministério da Educação em parceria com a Fundação Bunge, com a experiência Jornal na Escola – uma questão de cidadania. Em 2007, obteve o prêmio Professores do Brasil, do Ministério da Educação, com a experiência A Vida pede Passagem. Em 2009, foi novamente premiada no Professores do Brasil, com o projeto Leitura e Escrita – Uma Viagem Fascinante.

    Fátima Schenini

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  • Educandário tradicional fundado em 1902, o Liceu Santista, em Santos (SP), oferece ensino bilíngue há seis anos. As aulas de inglês, terceirizadas, têm início a partir do nível III do ensino infantil, quando ocorrem uma vez por semana, e vão aumentando gradativamente. Assim, de duas vezes por semana no primeiro ano do ensino fundamental, o ensino de inglês passa para cinco aulas semanais no período a partir do sexto até o nono ano. No ensino médio, são realizadas aulas dirigidas, três vezes por semana.

    “Temos conseguido excelentes resultados, inclusive com aprovação de alunos em universidades norte-americanas”, destaca a professora Alessandra Dias Vieira Marques, uma das coordenadoras do ensino bilíngue na instituição. Formada em letras e pedagogia, cursando pós-graduação em psicopedagogia, e com proficiência no idioma inglês pela Universidade de Michigan, Alessandra Marques explica que a proposta é oferecer um ensino bilíngue de qualidade, contextualizado e que garanta a fluência em todas as habilidades: fala, audição, escrita e leitura.

    Na opinião da outra coordenadora do ensino bilíngue no Liceu Santista, Maria Vitória Komar, a metodologia utilizada é lúdica e contextualizada: “acreditamos que o aluno só aprende quando traz para o concreto o que aprendeu”, justifica a professora, que também tem proficiência no idioma inglês pela Universidade de Michigan.

    Apesar de alguns alunos estrangeiros, a maior parte dos cerca de 1.200 estudantes da instituição é constituída por brasileiros. “Eles vêm de famílias que valorizam o aprendizado da língua inglesa como um importante diferencial,” ressalta Maria Vitória. Outros diferenciais são as turmas reduzidas, com cerca de 15 alunos no máximo; aulas no laboratório de informática; materiais multimídia, e a realização de vivências e projetos especiais, como culinária, filmes, música, poesia, e teatro, entre outros.

    Na visão de Alessandra Marques, o ensino bilíngue é uma tendência na educação. “O idioma inglês já é uma obrigatoriedade no mercado de trabalho, independente da cidade e do país. Por isso nossa preocupação constante em oferecer o que há de mais moderno em termos de aprendizagem e material didático”, justifica.

    Sonho– No Estado de Goiás, a Escola Internacional de Goiânia, criada em 1993, é uma escola bilíngue que atende 450 alunos do ensino infantil e da educação fundamental. Segundo a diretora pedagógica da instituição, Jeannette Aller Moreira, ela é resultado do sonho de oferecer um serviço de educação com visão globalizada, em que as crianças são alfabetizadas na língua materna e, simultaneamente, aprendem o inglês.

    A aprendizagem se dá de forma lúdica, com atividades planejadas para atender o nível de desenvolvimento do aluno. Nas turmas iniciais, com crianças de um ano e meio a três anos, o inglês é usado durante todo o tempo, evitando-se o uso do português. Nas turmas de três a cinco anos são utilizadas as duas línguas, meio a meio. O processo de alfabetização em português tem início no primeiro ano, enquanto a alfabetização em inglês começa apenas no segundo ano. É no segundo ano também que os conteúdos das disciplinas curriculares específicas, como matemática e história, começam a ser apresentados nos dois idiomas. “Tal procedimento, ao mesmo tempo em que promove o conhecimento de áreas específicas, auxilia o processo de aquisição do inglês e facilita a alfabetização no idioma,” justifica Jeannette Moreira.

    Do sexto ao nono ano, as aulas de inglês ocorrem quatro vezes por semana, com os alunos separados por níveis de conhecimento da língua. Nas disciplinas regulares, os alunos têm contato com conteúdos específicos na língua inglesa. Para a diretora pedagógica da Escola Internacional de Goiânia, a sociedade atual necessita de pessoas flexíveis e versáteis, e com boa capacidade de comunicação. “Devem dominar tecnologias de informação e possuir conhecimento de outras línguas e culturas,” ressalta.

    Fátima Schenini

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  • Conhecimentos adquiridos na horta levaram os estudantes a melhorar a alimentação (Foto: Arquivo da Escola Guilherme Hildebrand)Santa Cruz do Sul– No município gaúcho de Santa Cruz do Sul, a cerca de 150 quilômetros de Porto Alegre, os estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Guilherme Alfredo Oscar Hildebrand aprendem a participar de todas as atividades de uma horta. As ações incluem itens como a construção dos canteiros, técnicas e época de plantio, técnicas de conservação do solo e maneiras de preparar as hortaliças colhidas.

    De acordo com o professor Eduardo Soares, responsável pelas atividades na horta, nesse local os alunos têm a oportunidade de entrar em contato com algo diferente, além de confrontar informações de diferentes áreas do conhecimento, obtidas na sala de aula. “Tivemos alunos que não sabiam os nomes das plantas e nunca tinham visto uma hortaliça numa horta. Só conheciam aquelas que viam nos supermercados”, revela.

    Sempre que possível, o professor faz uma relação entre as atividades práticas e os conhecimentos dados em aula. Sua intenção é fazer com que os alunos aprendam, de maneira prática, sobre as diversas fases de desenvolvimento das plantas, como a germinação e a floração, o uso dos nutrientes necessários, a qualidade do solo e a reciclagem de material orgânico. “Todas essas questões abordadas em sala de aula podem ser revistas no ambiente da horta escolar”, destaca Eduardo, que é técnico agrícola com licenciatura em ciências biológicas.

    Nas aulas de informática, os estudantes realizam pesquisas sobre uma determinada cultura. Buscam dados como épocas e técnicas de plantio, tratos culturais, fotos das plantas, variedades disponíveis e modos de preparo e, por fim, apresentam as informações obtidas aos demais colegas de turma.

    O professor tem a preocupação de plantar todas as culturas da época, a fim de obter uma grande variedade de plantas. Também procura diversificar as atividades desenvolvidas pelos alunos. Assim, enquanto alguns alunos ficam encarregados de molhar as plantas, outros limpam os canteiros e assim por diante. “No momento do plantio, todos participam, pois é uma atividade que todos gostam de fazer”, salienta.

    Juntamente com a horta, há uma composteira. Com isso, os alunos aprendem a transformar os materiais orgânicos provenientes da própria horta e da cozinha da escola em adubo orgânico para as plantas. “Também temos uma grande variedade de ervas medicinais, para que os alunos tenham uma aproximação com essas plantas e conheçam os benefícios que a natureza oferece para a saúde”, ressalta Eduardo.

    O projeto da horta é complementado por uma oficina de conservas, onde os estudantes aprendem todo o processo para a fabricação desses produtos. ”É uma forma de agregar valor aos produtos colhidos e uma maneira de conservar os alimentos, repassadas aos alunos”, diz o professor.

    Segundo Eduardo, uma grande parte dos alunos que possuem espaço disponível em casa começou a cultivar, pelo menos, um pequeno canteiro com suas hortaliças preferidas. Eles usam os conhecimentos adquiridos na horta da escola e trazem as dúvidas surgidas. “Houve melhoras no consumo de verduras por esses alunos”, avalia o professor. Ele atribui isso ao fato deles serem incentivados e acompanharem o desenvolvimento das plantas pelas quais são responsáveis.

    O projeto da horta é oferecido a estudantes do terceiro ao oitavo ano do ensino fundamental, participantes do programa Mais Educação. As atividades ocorrem no turno contrário ao das aulas. Da produção obtida, parte é destinada à merenda escolar, parte é vendida a professores, funcionários e comunidade. O restante é doado aos alunos.

    Fátima Schenini


    Conheça o programa Mais Educação
  • Alunos do colégio Marista São José observam experiência. Foto: arquivo da escola.Rio de Janeiro, 23/3/2010 – O universo científico pode não fazer parte do currículo escolar do ensino infantil, mas mesmo assim despertou o encanto e o fascínio dos alunos do colégio Marista São José, no Rio de Janeiro. Por meio do projeto Circuito Ciências, realizado no final de 2009, meninos e meninas do ensino infantil ao quinto ano puderam aprender como química, física e biologia fazem parte de suas vidas.

    Com esse projeto, os alunos começaram a compreender o mundo e suas transformações por meio de experimentos científicos e tecnológicos. “Nessa fase inicial do aprendizado é importante criar uma dinâmica que desperte o desejo da pesquisa e a interação entre teoria e prática”, afirma a professora Tânia Cristina da Silva Dias. Para ela, que coordenou o projeto junto com a professora Marize Mendes da Silva, é fundamental despertar nas crianças o interesse pela ciência.

    A escola promoveu experimentos científicos que levaram as crianças a aprender desde coisas simples do cotidiano, como o consumo de energia, até mais complexas, como o funcionamento do corpo humano. Para facilitar o aprendizado, os conteúdos foram divididos por faixa etária. Segundo Tânia Cristina, um dos experimentos que provocaram mais supresa foi um planetário móvel, em que os estudantes puderam descobrir planetas, meteoros e constelações.

    Os alunos também puderam fazer observações em laboratórios de biologia e de química. Eles estudaram células humanas e vegetais, descobriram como funciona um vulcão, viram como produzir corrente elétrica a partir de um tomate e de um limão, e observaram ainda a purificação da água.

    De acordo com as professoras, a criança tem uma percepção diferente e para ensinar ciências nas séries iniciais é preciso aprender a ver o mundo sob o olhar dela. “É necessário sentir com ela o encantamento e a surpresa de cada descoberta. A criança faz sua leitura do mundo por meio das construções diárias que realiza. Deixá-la de fora da aprendizagem de ciências é desvalorizá-la como sujeito social”, afirma Tânia Cristina.

    A experiência do Circuito de Ciências mostrou às duas que, nas séries iniciais, é preciso estimular os alunos para que eles problematizem situações reais e busquem as respostas para suas indagações. “Dessa forma, o professor estará formando a criança investigativa, participante e agente de transformação da sociedade em que está inserida”, avalia.

    Entretanto, a professora lembra que existem dificuldades para ensinar ciências nas séries iniciais, uma vez que os professores não têm uma formação específica. “É preciso possibilitar uma formação mais adequada, que leve em consideração uma didática mais dinâmica e interativa para as crianças dessa faixa etária”, diz.

    A solução encontrada pelas professoras foi a de formar uma parceria com professores e coordenadores do ensino médio das áreas de química, física e biologia para auxiliar no desenvolvimento das atividades. “Ao final da maratona científica, os alunos levaram muitos aprendizados, pois o conhecimento assimilado por meio de atividades lúdicas e prazerosas é muito mais significativo”, garante Tânia Cristina.

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    Rafania Almeida




  • Escola cearense utiliza de computadores a garrafas pet para realizar experimentos. Foto: Arquivo da Escola Adelino Cunha AlcântaraMateriais baratos e sucata, juntamente com modernos recursos tecnológicos, são utilizados, sem preconceito, pelos professores da Escola Estadual de Educação Profissional Adelino Cunha Alcântara, no município cearense de São Gonçalo do Amarante, a cerca de 60 km de Fortaleza. Para participação na Olimpíada Brasileira de Foguetes, por exemplo, canos, barras de ferro e pedaços de madeira foram utilizados para a construção da base de lançamento. Já os foguetes foram feitos de garrafas pet e papelão.

    “Até mesmo um pincel ou uma moeda podem se transformar em experimentos. Contudo, priorizo sempre o que pode ser um maior facilitador da aprendizagem”, assegura o professor de física, Caniggia Carneiro Pereira, que também é o responsável, na escola, pela participação na Olimpíada Brasileira de Física (OBF), na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), além da Olimpíada Brasileira de Foguetes. Segundo ele, como a física estuda tudo o que acontece no universo, não é difícil encontrar exemplos e materiais para utilizar nas aulas.

    Para o professor, que está concluindo licenciatura plena em física na Universidade Federal do Ceará (UFC), os vídeos, sejam documentários ou pequenos filmes da internet, também são boas estratégias para trazer novos conhecimentos aos alunos. Ele também se utiliza de apresentações em slides. “Elas permitem que eu possa inserir com mais facilidade imagens, animações e outros recursos tecnológicos nas aulas”, diz Cannigia. Em sua opinião, animações e simulações são recursos muito ricos, pois aliam interatividade e conhecimento, estimulando a aprendizagem e motivando os alunos.

    Em suas aulas, Cannigia também aproveita os benefícios das novas tecnologias. Para ele, os recursos computacionais permitem a análise de situações mais complexas, difíceis de serem reproduzidas na sala de aula ou no laboratório. Assim, ao planejar uma aula sobre gravitação, abordando os efeitos da gravidade no comportamento dos corpos, especialmente dos planetas, utilizou recursos como o Applet Laboratório de Força Gravitacional, onde os alunos puderam visualizar a proporcionalidade entre a força da gravidade e a massa e distância entre dois corpos. Na mesma aula, os estudantes tiveram a oportunidade de manipular a simulação Gravity Car - um carrinho com gravidade aumentada que atrai os corpos por onde passa.

    Outro recurso usado nessa mesma ocasião foi o My Solar System, para que os alunos montassem seu próprio sistema solar. A partir de mudanças introduzidas nos valores das massas e velocidades dos corpos, eles conseguiram padrões de sistemas bem diferentes, com estrelas duplas e choques planetários, entre outros efeitos. “Foi muito interessante ver a satisfação deles ao criar sua própria realidade virtual”, salienta o professor.

    Destaque – De acordo com a coordenadora pedagógica Nakeida Cristina de Castro Costa, 20 anos de magistério, a Adelino Cunha Alcântara é uma escola que se destaca na comunidade, graças a alguns pontos. Um deles é o fato de a instituição oferecer aulas diferenciadas, onde os professores utilizam recursos didáticos variados, tais como: teatro, música, internet, blogs, aulas de campo, visitas técnicas, seminários e feiras de ciências, entre outros.

    Segundo Nakeida, as aulas de química são equilibradas entre teoria e prática, com aulas no laboratório de ciências, utilizando material reciclado. Ela explica que, em comemoração ao Ano Internacional da Química, o professor Francisco Sá vem desenvolvendo atividades lúdicas e de pesquisa, interdisciplinares, por meio da construção de paródias, jogos e dinâmicas para socializar o aprendizado da disciplina. Já nas aulas de língua portuguesa, há uma integração entre os ambientes de aprendizagem da biblioteca e do laboratório escolar de informática: os estudantes fazem a leitura de clássicos da literatura e constroem material de divulgação em mídias como resenhas e slides.


    Fátima Schenini



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  • O Grupo de Apoio Pedagógico (GAP), presidido pelo MEC, avalia o material didático utilizado no Programa Financeiro nas Escolas (Foto: divulgação) A educação financeira está entre os temas da atualidade sugeridos para compor a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Trata-se do conjunto de conhecimentos entendidos como essenciais para o fortalecimento da cidadania e voltados para ajudar a população a tomar decisões financeiras mais autônomas e conscientes.

    A Base Comum definirá os conteúdos que deverão fazer parte dos currículos das escolas de educação básica nos próximos anos, por determinação do Plano Nacional de Educação (PNE). Até 15 de março, todos os brasileiros poderão contribuir com sugestões. 

    O tema da educação financeira ganhou destaque na arena política global com a crise econômica mundial, em 2008. Especialistas de organismos internacionais, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) voltaram atenção para a importância das questões associadas à educação financeira.

    Nesse contexto, a educação financeira é definida como o processo mediante o qual “os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as competências necessários para se tornarem mais conscientes das oportunidades e riscos neles envolvidos”. De modo geral, significa que a educação financeira pode ajudar as pessoas nas escolhas mais acertadas e responsáveis sobre o planejamento das finanças pessoais e governamentais.

    No Brasil, a educação financeira vem conquistando espaço como política de Estado a partir da publicação do Decreto nº 7.397, de 22 dezembro de 2010, que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). Desde então, ações acerca da temática são compartilhadas, de forma integrada, por órgãos e entidades públicas e da sociedade, nos âmbitos federal, estadual e municipal.

    A concretização da Enef é realizada por meio do Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef) e do Grupo de Apoio Pedagógico (GAP), colegiado criado para assessorar o comitê e apreciar, revisar e validar conteúdos e metodologias pedagógicas, relacionados à educação financeira.

    GAP – O GAP é presidido permanentemente pelo Ministério da Educação e desempenha funções de caráter deliberativo e consultivo ao avaliar e validar todo o material didático utilizado e disseminado no Programa Educação Financeira nas Escolas – Ensino Fundamental e no Programa Educação Financeira nas Escolas – Ensino Médio. Esses programas são operados pela Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), com sede em São Paulo e instituída por meio de convênio firmado junto ao Conef. A AEF-Brasil é também responsável pela execução das ações aprovadas nas reuniões deste colegiado.

    “O Brasil é o único país cujo ministério da educação tem papel predominante na estratégia nacional de educação financeira”, afirma Sueli Teixeira Mello, assessora da Diretoria de Currículos e Educação Integral (Dicei) da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC. Ela explica que a educação financeira está incluída no documento preliminar da BNCC como tema integrador denominado consumo e educação financeira, ou seja, é trabalhado de forma transversal nas disciplinas curriculares da educação básica.

    Entre 2011 e 2012, cerca de 900 escolas públicas de ensino médio das redes estaduais do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e do Distrito Federal participaram de projeto-piloto voltado para avaliar o impacto do uso do material didático produzido, com resultados muito satisfatórios. Em 2015, escolas públicas do ensino fundamental das redes municipais de ensino de Joinville (SC) e de Manaus deram sequência à experiência.

    Antes de trabalhar a educação financeira em sala de aula, os professores das secretarias de educação que aderiram ao programa e que participaram dos projetos-piloto são capacitados pela AEF-Brasil. O material didático utilizado pelos estudantes e professores do ensino médio, durante a experiência piloto, está disponível para download gratuito no Portal do MEC e em formato e-book.

    Por meio da Dicei/SEB, o MEC licitou e imprimiu os livros didáticos de educação financeira para o ensino médio. O conjunto de materiais distribuído às escolas, no âmbito do Programa Educação Financeira nas Escolas – Ensino Médio compõe-se de nove livros: três livros do aluno, três cadernos de atividades do aluno e três livros do professor. Foram impressos 1,9 milhão de exemplares, beneficiando 2.969 escolas e 47 secretarias de educação, estaduais e municipais.

    Semana – De 16 a 20 de maio deste ano, será realizada, em São Paulo, a 3ª Semana Nacional de Educação Financeira. O evento visa alertar a comunidade educacional e formadores de opinião sobre a relevância estratégica de se trabalhar a temática da educação financeira no contexto escolar. Na oportunidade, a AEF-Brasil divulgará os resultados das avaliações do Programa Educação Financeira nas Escolas.

    Rovênia Amorim

  • Aos poucos, com exemplos bem-sucedidos em todas as regiões do Brasil, fica provado que a participação da família no cotidiano escolar faz a diferença. Além de aumentar a motivação dos filhos para os estudos, o envolvimento de pais e mães com os projetos pedagógicos, a fiscalização de recursos destinados a programas e o acompanhamento da agenda escolar contribuem para a qualidade da educação.

    O estreitamento das relações entre as escolas e as famílias teve início no Brasil na década de 1990, e o reconhecimento da importância desse processo está referendado no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014. Para ampliar a gestão democrática nas escolas públicas, a meta 19 do PNE prevê prazo de dois anos para que toda a rede de educação básica constitua ou fortaleça grêmios estudantis e associações de pais. Segundo estimativa da Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos (Confenapa), quase 50% dos munícipios brasileiros já estruturaram as associações de pais e alunos (Aspa).

    Em Rio Branco, Acre, o professor e advogado Francisco Generozzo busca ampliar a participação das famílias nas escolas municipais desde 2008. Hoje, ele atua com o Conselho de Alimentação Escolar (CAE) na fiscalização dos recursos enviados pelo governo federal para a compra da merenda das 110 escolas municipais.  “É uma forma de contribuir com o coletivo”, explica Generozzo. Como membro do conselho escolar do município, ele integra a comitiva de pais que visita anualmente uma cidade do estado para trocar experiências com gestores educacionais.

    A ideia básica desse trabalho de peregrinação é convencer os gestores educacionais a construir uma parceria com a família em torno do processo educativo. Segundo o professor, as escolas precisam estar abertas de forma democrática aos pais para receber sugestões em torno do processo educativo, não apenas para que ouçam reclamações dos alunos.

    Conforme Generozzo, a construção dessa parceria é um processo gradativo, de articulação e convencimento, mas que deve começar por ações simples, a exemplo de uma parceria com os comerciantes próximos para a manutenção da escola. “Sempre tem uma torneira quebrada para trocar”, diz ele. “As famílias precisam assumir a escola como extensão de casa. Escola é um lugar para levar e buscar conhecimento. Todos podem contribuir de alguma forma e sugerir mudanças.”

    Protagonismo — A participação da família, porém, ainda tem sido muito tímida, tanto no ambiente escolar quanto nos espaços representativos da política educacional nacional, na avaliação do advogado Luís Cláudio Megiorin, presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF). Segundo ele, dos três mil delegados de todo o Brasil que participaram da segunda edição da Conferência Nacional de Educação (Conae), que avaliou e discutiu as metas aprovadas no PNE, apenas 226 eram pais. “E boa parte desses pais era formada por professores”, disse. “Nós, pais, não podemos ser tutelados pelos professores; precisamos assumir a nossa responsabilidade e ter uma postura mais protagonista frente à educação”, afirma.

    Pai de um menino de 10 anos e de uma adolescente de 13, Megiorin diz que em casa atua como um juiz em relação às tarefas da escola. Ou seja, estabelece regras, que devem ser cumpridas. “A primeira lição que temos de dar aos filhos deve ser com relação a respeitar os professores, e as reuniões de pais na escola são obrigatórias”, salienta. “Se não tem tempo naquele dia, devem ir depois e se informar. Sempre há espaço para a família estar presente na escola.”

    Pesquisas — Presidente da Confenapa e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Pedro Trindade Barretto comenta que a importância da participação de pais e mães de alunos na escola está constatada em pesquisas científicas. “Estudos demonstram que quanto mais a família interage com a escola, e é por ela incentivada a participar, mais efetiva é a aprendizagem e maiores são a qualidade das habilidades adquiridas e a assimilação dos valores praticados pela comunidade na qual se insere a escola”, afirma.

    De forma inversa, diz Barretto, onde falta integração de pais e mães de alunos com a escola, a qualidade do ensino não evolui, os problemas seculares se reproduzem e se ampliam com a onda de violência que invade o espaço interno das escolas. Nesse sentido, Barretto esclarece que, embora a aproximação de pais tenha conquistado espaço no PNE, a nova legislação não obriga as escolas a abrir as portas, nem os pais a se tornarem pró-ativos. Por isso, uma das missões das associações de pais em todo o país tem sido contribuir para a conscientização das famílias acerca da importância de acompanhar a educação dos filhos em casa e na escola.

    Rovênia Amorim

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  • Duas escolas públicas no interior do Ceará são exemplos de como a criatividade dos projetos educativos e a reorganização curricular podem contribuir para melhorar o convívio e o desempenho escolar. Em Santa Quitéria, município de 48 mil habitantes, a Escola Estadual Júlia Catunda adota a concepção de educação integral em projetos com diferentes temáticas e reserva mais tempo de aula para as disciplinas. A 200 quilômetros dali, a Escola Municipal José de Moura, na zona rural de Maranguape, também exibe inovação na forma de ensino e colhe, desde 2011, resultados positivos no aprendizado escolar.

    Há dois anos, segundo a diretora da escola de Santa Quitéria, Francisca Edna Camelo Torres, a instituição deixou de usar a fragmentação do conteúdo tradicional em disciplinas diferentes a cada dia. Com o sistema adotado agora, os 575 alunos do ensino médio e das turmas de educação de jovens e adultos são imersos, a cada 15 dias, no conteúdo de determinada área de conhecimento. “Essa forma de organizar o currículo permite diversificar e aprofundar o conteúdo; rende mais”, afirma a diretora.

    George Muniz, professor de matemática, diz o mesmo. “Esse sistema exige do professor mais planejamento das aulas para que não fiquem cansativas, mas a vantagem é que temos mais tempo para trabalhar com o aluno, tirar as dúvidas e consolidar o aprendizado”, explica. O resultado dessa nova sistemática tem se mostrado satisfatório no desempenho disciplinar e escolar, com reflexo nas médias, mais altas, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Dados da escola mostram ainda que a taxa de aprovação passou de 84,8% em 2008 para 92,7% em 2014. A taxa de abandono caiu para a metade nesse mesmo período, de 12,7% para 6,4%.

    Entrosamento — A melhoria no desempenho dos alunos é creditada à dinâmica dos novos projetos pedagógicos. A cada mês, de fevereiro a dezembro, um tema com abordagem social, de sustentabilidade ambiental e de respeitos às diversidades culturais, sexuais e religiosas é trabalhado pelos alunos e apresentado em eventos abertos à comunidade. “Trabalhamos o aluno integralmente, e esse projeto referenda essa visão”, destaca Francisca. Pesquisa realizada pela própria escola mostra que 96% aprovam os projetos temáticos.

    Francisco Jardson Pinto Rodrigues, professor de história, diz que o tempo concentrado para as disciplinas e os projetos pedagógicos desenvolvidos na escola facilitam a interatividade entre os alunos. “A partir desse maior entrosamento, conseguimos trabalhar conteúdos interdisciplinares, o que tem levado os alunos a se tornarem mais críticos e reflexivos”, observa.

    Comunidade — A Escola Municipal José de Moura, no distrito de Cachoeira, a 25 quilômetros de Maranguape, desenvolve a educação integral em iniciativa que envolve os moradores da comunidade, de 300 famílias. O projeto da comunidade educadora, iniciado em 2011, reúne 250 crianças e jovens matriculados na escola, da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental.

    Na nova visão adotada pela instituição de ensino, todas as pessoas do convívio dos alunos são vistas como professores fora da sala de aula. “Cada um tem algo a ensinar”, explica a diretora, Sandra Regina Freitas Lima. Em visitas a hortas, por exemplo, o agricultor vira professor ao passar seus conhecimentos. “E assim também o idoso conta histórias e seus saberes, o motorista do transporte escolar, a merendeira, a família e tantos outros”, diz Sandra Regina.

    Cerca de 30 pessoas da comunidade participam das atividades da escola. De acordo com a diretora, os alunos, com essa prática educativa, acabam por receber uma formação humanística. “Eles aprendem a ouvir, a respeitar o meio ambiente e o outro”, diz. “Essa é a nossa concepção de educação integral: a criança e o jovem estão em formação não apenas na escola, mas na rua, em casa e na comunidade.”

    Outro projeto inovador da escola é a criação de 12 turmas interativas, com os alunos do sexto ao nono ano, para pesquisas em grupo. Cada turma tem dez alunos. Todos os meses, um tema diferente deve ser pesquisado. “Esse projeto complementa o conteúdo e aproxima alunos de diferentes turmas, melhorando o convívio em toda a escola porque todos passam a se conhecer”, diz a diretora.

    Os professores entram em cena e dão suporte ao trabalho de pesquisa, com orientações aos alunos. “Essas turmas interativas funcionam bem e são bem produtivas porque vemos mais de perto a necessidade de cada aluno”, afirma a professora de matemática Maria Dejane Costa da Rocha. “Como eles estão engajados no projeto, ninguém fica disperso.”

    Maria Dejane salienta que a preocupação dessa nova prática educativa não é exclusivamente o conteúdo, mas o desenvolvimento integral do aluno. Os resultados, segundo ela, aparecem na maior autonomia dos estudantes nos estudos, na capacidade de produção de textos e na oralidade.

    Exemplos — O Ministério da Educação selecionou 178 instituições entre as 683 que participaram, de setembro a novembro de 2015, de chamada pública destinada a identificar, reconhecer e mapear iniciativas educacionais inovadoras na educação básica desenvolvidas em escolas públicas e particulares e em organizações não governamentais de todo o país. A seleção abrangeu instituições escolares e não escolares, escolas indígenas, quilombolas, do campo e urbanas, da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e da educação de jovens e adultos.

    As informações relacionadas ao trabalho desenvolvido pelas 178 instituições selecionadas estão disponíveis no Mapa da Inovação e Criatividade na Educação Básica. Mais informações na página do Programa de Estímulo à Criatividade na Educação Básica na internet.

    Rovênia Amorim

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  • Para motivar seus alunos de geografia, a professora Valéria Rodrigues Pereira prepara as aulas de forma a envolvê-los na aprendizagem. Ela organiza os procedimentos, seleciona o material e prepara atividades individuais e coletivas. “A motivação com as aulas passa por esse processo”, diz Valéria, que leciona na Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Noêmia Dias Perotti, em Mirandópolis, no interior paulista.

    Os alunos escutam música antes de discutir os temas de geografia e elaboram mapas temáticos e cartazes. Também fazem entrevistas no bairro em que moram para abordar temas de interesse, como a exclusão digital.

    A cada vez que dá início a um novo tema, a professora pergunta aos estudantes o que eles já sabem sobre o assunto. No quadro, ela registra as informações da turma e, em seguida, expõe um problema para iniciar a discussão. É a “questão problematizadora”, apresentada a debate, com uso de imagens, artigos, mapas ou tabelas. “Após essa etapa, fazemos um estudo com textos e mapas e, por meio de atividades dirigidas, retomamos o que o grupo abordara inicialmente para validar ou refutar com base na fundamentação teórica”, explica a professora.

    Valéria também elabora projetos para apresentar aos alunos. Atualmente, ela desenvolve trabalho com o mapa do município. O propósito é transmitir aos estudantes noções de orientação, localização e uso do sítio urbano. A avaliação da aprendizagem é feita com o envolvimento dos estudantes nas discussões e na realização de atividades que tenham como prioridade itens como leitura, compreensão e argumentação diante de textos, mapas, gráficos e tabelas.

    Com licenciatura plena e bacharelado em geografia, Valéria está há 12 anos no magistério. “Escolhi lecionar geografia porque é um campo de conhecimento que permite compreender os lugares, olhando ao mesmo tempo para a relação dinâmica que ocorre entre a sociedade e natureza”, diz. “Os frutos dessa relação são as contradições que se manifestam no tempo e no espaço.”

    Ana Júlia Silva de Souza

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  • Professora há mais de 15 anos, Kátia Leite Campos, do Rio de Janeiro, criou um projeto que utiliza recursos encontrados no lixo para trabalhar com estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem. É o Projeto Ábaco, que integra conceitos filosóficos e socioeducacionais, pautados no desenvolvimento sustentável, ao processo de desenvolvimento do aluno.


    Palitos de churrasco, tampinhas e argolas de garrafas plásticas e potinhos variados são alguns dos materiais usados. “Com caixas de ovos, papéis velhos em forma de bolinhas e jornais, com marcação de território, temos um jogo matemático que interdisciplinariza com geografia e história”, explica a professora, que dá aulas no Ciep (centro integrado de educação pública) Marechal Henrique Teixeira Lott, escola de ensino fundamental no bairro de Realengo, na Zona Oeste do Rio. Com licenciatura plena em matemática, ela é professora concursada do município desde 2001.


    O projeto foi desenvolvido, inicialmente, com 28 estudantes do período final do primeiro ciclo que não sabiam somar, nem ler e escrever. Os alunos foram acompanhados durante dois anos, no período de 2006 e 2007. “Como essas crianças já haviam passado por vários métodos, procurei outras formas e acabei desenvolvendo uma metodologia com recursos vindos do lixo”, diz Kátia. Em sua opinião, os jogos proporcionaram mais astúcia e raciocínio lógico aos estudantes. Além disso, como algumas etapas exigiam a interpretação e a escrita em forma de registros, os alunos passaram a escrever espontaneamente. “Os alunos saíram do não-saber para o saber, do não-poder para o poder, do não-capaz para o capaz. Passaram a apreciar e gostar de aprender matemática. A assimilação ficou descomplicada”, destaca a professora.


    Em 2008, o projeto teve a participação de 34 alunos. Este ano, são 33 os participantes. Para atender as necessidades dos alunos, Kátia fez algumas adaptações para criar níveis mais difíceis de desenvolvimento. Hoje, são 12 jogos, feitos com materiais recicláveis, aplicados na faixa etária dos cinco aos 12 anos.


    Pesquisadora autônoma, ela considera como seus maiores desafios, hoje, nas pesquisas de campo, o desenvolvimento e a dinamização da metodologia e a divulgação e aplicação dos jogos. Ou seja, plantar a idéia e a metodologia a longo prazo e realizar mais estudos. Ela tem participado de palestras e congressos e recebido muitos pedidos de professores para realizar oficinas.


    Outros projetos — Em 2000, quando dava aulas em Santo Antônio de Pádua, no interior do estado, Kátia aliou cantigas de roda à recreação para melhorar o desempenho de uma turma com dificuldades. Ela tocava as músicas e pedia aos alunos que escrevessem as letras no quadro-negro. Depois, passava as letras para a forma de notas musicais e atribuía valores. Os alunos tinham de combinar os valores e acertar as letras das músicas. “Chegamos a formar expressões numéricas e, nesse nível, eles já se desdobravam com facilidade e bom desempenho”, salienta.


    Idealista, Kátia pretende continuar lecionando no ensino fundamental. “Quero ser uma professora graduada e pós-graduada em matemática, atuando na base da educação e dizendo a meus alunos: ‘Não tenha receio, vamos tirar de letra. Matemática não é nada complicada!’”


    Para ela, é preciso mudar a forma pela qual a matemática é transmitida aos alunos, a fim de passar um sentimento de natural, simples e descomplicado. “Quando se diz que algo é difícil, cria-se um obstáculo.”

    Fátima Schenini


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  • A professora orienta os alunos na roda de leitura, como parte do projeto pedagógico: “A participação na roda resultou na habilidade de falar e ler em público” (foto: arquivo da professora Rosângela da Silveira)As 17 crianças chegaram ao segundo ano escolar sabendo ler apenas umas poucas palavras e sem interesse pelas histórias dos livros infantis. “Faltava o brilho nos olhos, a ousadia para arriscar, para se expor em tentativas de acertos e erros; enfim, faltava o querer”, descreve a professora alfabetizadora Rosângela Kirst da Silveira ao conhecer a nova turma, no início do ano letivo de 2015. Era preciso pensar um projeto que estimulasse o gosto pela leitura e que desse sentido àquelas poucas palavras e frases que as crianças aprenderam a soletrar. Nascia, assim, o projeto pedagógico e filosófico Quanto Tempo o Tempo Tem?, desenvolvido na Escola Municipal de Educação Básica Coronel Antônio Lehmkuhl, em Águas Mornas, município de 6,1 mil habitantes, de Santa Catarina.

    Além de desenvolver nas crianças as habilidades e o hábito da leitura, o projeto contemplava os domínios de aprendizagem esperados para alunos daquela faixa etária. A tradicional roda de leitura — um círculo no centro da sala de aula, formado pelos alunos e a professora — foi a estratégia adotada para estabelecer a rotina. Antes de abrirem os livros, as crianças foram desafiadas, com indagações, a pensar e a imaginar. “Quanto tempo o tempo tem?”

    Essa foi apenas a primeira pergunta. A professora logo apresentou mais questões desafiadoras: “Você já desejou que hoje fosse amanhã e que ontem pudesse ser hoje?”; “A morte tem alguma relação com o tempo?”; “As coisas e objetos se transformam com o tempo?”; “Você já pensou em construir uma máquina que pudesse viajar no tempo?”; “Podemos pegar o tempo e medi-lo?”. E enfim a pergunta final, que instiga os alunos a querer abrir os livros e a iniciar o percurso da leitura e da alfabetização: “Que tal caminhar comigo pelas fronteiras do tempo, buscando respostas para as perguntas?”

    Descoberta — Segundo a professora, que tem dez anos de experiência como alfabetizadora, as crianças gostam de desafios, de perguntas, de mistérios. “Principalmente se essas perguntas estiverem relacionadas à vida delas e puderem caber em suas imaginações”, explica. Não demorou muito tempo para que as crianças entre 6 e 7 anos se interessassem pelos livros. “Nessa faixa etária, as crianças estão desenvolvendo a capacidade de compreensão do mundo, tendo como meio básico a leitura e a escrita. Dessa forma, a leitura é um instrumento importante para a descoberta do mundo”, afirma. “Desenvolver a habilidade da leitura é o objetivo central de uma professora alfabetizadora.”

    Mais do que terminar o ano sabendo ler, o propósito do projeto era encontrar o gosto e o prazer pelos livros. Assim, a leitura não se tornaria uma obrigação e resultaria na formação de novos leitores. “Para que esse processo ocorra, descobri que é necessário fazer um trabalho que envolva os alunos”, diz. “Então, sempre trabalho com projetos interdisciplinares que contemplem a participação ativa de todo o grupo.”

    Segundo a professora, a roda de leitura não apenas organiza um espaço permanente para a leitura interativa como contribui para que todas as crianças entendam o texto lido e se posicionem de forma reflexiva.

    Embora a escola não tenha espaço para uma biblioteca, a professora usou na roda de leitura as obras paradidáticas do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) do Ministério da Educação e livros que as crianças tinham em casa ou colaborações dos professores. Em comum, todos os livros guardavam histórias que ajudavam a responder à pergunta-base do projeto pedagógico: “Quanto tempo o tempo tem?”. Entre os títulos selecionados: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll; O Metrônomo Mágico, o Tempo que Passa, de Christian Grenier; Gabi, Perdi a Hora, de João Basílio, e Gente de Muitos Anos, de Malô Carvalho, entre outros.

    À medida que os livros eram lidos, novas perguntas surgiam: “Existem outros mundos que não conhecemos, como o da Alice?”

    A turma das 17 crianças do segundo ano, muitas delas moradoras na zona rural do município, entendeu que, apesar das tentativas da ciência para as viagens no tempo, até agora elas somente são possíveis nos filmes, nos livros e na imaginação. Nesse contexto, inspirados no livro sobre o mundo de Alice, os pequenos foram convidados a um chá com bolachinhas e charadas para os colegas na sala de aula. As bolachinhas foram feitas pelos próprios alunos e, assim, trabalhou-se um outro gênero textual, o das receitas, e inseriu-se no projeto a matemática e um pouco da cultura e da geografia do mundo. Afinal, onde fica a Inglaterra, país do autor de Alice?

    Filósofo — Dentro do espírito filosófico do projeto, a professora ajudou a turma a construir um boneco representativo do filósofo grego Tales de Mileto, que acolhe aqueles que querem pensar. “A casa do Tales ou a casa do tempo, como as crianças a chamavam, foi construída com caixinhas de leite e foi o grande orgulho da turma”, conta a professora. Nessa fase, os alunos conheceram o pensamento de Tales de Mileto e sua descoberta sobre a “constatação da passagem do tempo através das modificações das coisas da natureza”.  Respondia-se, assim, a mais uma das perguntas desafiadoras feitas pela professora. E depois, mais uma e outra mais.

    “Eu disse às crianças que o filósofo Tales nos mostrou o quanto é importante observar as coisas e pensar sobre elas, e aí descobrimos que sentar em roda para ler e pensar não era uma coisa nova”, afirma. “Aprendemos que as pessoas sentam-se em roda há muito tempo, que é uma antiga organização humana para reunir grupos que fazem coisas juntas ou para tratar do interesse de todos. É na frente da casa desse filósofo, em um tapete aconchegante, que as nossas rodas de leitura acontecem.”

    Após as rodas de leitura, o projeto foi enriquecido com pesquisas sobre instrumentos de medida de tempo, como o relógio de sol, a ampulheta, a clepsidra ou relógio de água, a linha do tempo e o relógio de pêndulo. “Nesse momento do projeto, toda a escola já conhecia o Tales e o nosso projeto sobre o tempo. Começamos a receber visitas de professores e de outros alunos dispostos a interagir”, conta Rosângela. O projeto filosófico sobre o tempo, com o propósito de acelerar a alfabetização, traduziu-se, assim, em multidisciplinar.

    “A casa do Tales passou a ser um espaço de encontro para leitura, e a participação na roda resultou na habilidade de falar e ler em público”, conta a professora, que teve o projeto pedagógico reconhecido como iniciativa de sucesso em algumas premiações, entre elas o projeto Viva Leitura, promovido pelo MEC e pelo Ministério da Cultura.

    “Em 2016, continuo como professora dessa turma e consigo visualizar o quanto ela evoluiu”, diz. “Como educadora, venho testemunhando o quanto as rodas de leitura contribuem para um comportamento leitor significativo. Eu não poderia estar mais feliz com o resultado do nosso trabalho.”

    Rovênia Amorim

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  • Na escola de Nova Iguaçu, os alunos vão ler uma obra a cada semana e falarão sobre ela aos estudantes de outras turmas e aos pais (foto: João Bittar–arquivo MEC)A pedagoga Janete Lima Cavalcante, diretora da Escola Municipal Professora Edna Umbelina de Sant’Anna da Silva, no município fluminense de Nova Iguaçu, criou um projeto para incentivar a leitura entre os pais e responsáveis pelos 719 alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental matriculados na instituição. Mas ela pretende atingir também a comunidade. O projeto Pare e Repare o Livro tem início este mês, com o empréstimo de exemplares aos interessados.

     

    O projeto contará com especial atuação dos alunos do quinto ano, que terão a tarefa de ler uma obra a cada semana. Depois, falarão sobre ela aos estudantes das outras turmas e aos pais, por meio de apresentações curtas — dramatizações, músicas e jograis, entre outras atividades — relativas a trechos do conteúdo lido. O objetivo, segundo Janete, é deixar a plateia com “água na boca”, curiosa para saber o restante de cada história.

     

    Para os colegas das outras turmas, as apresentações terão como palco as salas de aula; para os pais, serão realizadas 30 minutos antes do horário de saída. “Um grupo de alunos do quinto ano que já tenha finalizado as tarefas ficará na entrada da escola, em uma mesa com livros, para que os pais possam pegar emprestados os títulos que desejarem”, explica a diretora. As atividades serão realizadas às segundas, quartas e sextas-feiras.

     

    Participante do projeto, a professora Renata Câmara Mascarenhas, também espera um aumento do interesse pela leitura. Graduada em pedagogia, ela dá aulas a alunos das turmas iniciais do ensino fundamental.

     

    Para a também professora Roberta Dutra, que leciona a turmas de quarto e quinto ano, o projeto é um convite para o reposicionamento social, uma vez que as famílias são cativadas pela leitura por meio dos filhos e da escola. Com 17 anos de magistério, graduada em letras, ela acredita na leitura como meio de reflexão e ação para valorizar a vida. “Os projetos desenvolvidos nas bibliotecas escolares democratizam a leitura e a escrita, favorecem o diálogo e a compreensão no processo de ensino e aprendizagem”, ressalta.

     

    De acordo com Roberta, valorizar a leitura na escola é um excelente caminho para exercitar as ideias a favor de si e do próximo, de diminuir os receios quanto à escrita, a partir da criatividade, da afetividade e da subjetividade. ”Com textos diversificados, canções e jograis, observamos o quanto as atividades desenvolvidas na biblioteca possibilitam o crescimento de todos, no vocabulário, na oralidade e na sensibilidade para compreender e lidar com a diversidade escolar”, enfatiza.

     

    Fátima Schenini

     

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  • A professora Andréia Silva Brito recebe seu prêmio das mãos do ministro Fernando Haddad (Foto: Wanderley Pessoa)Trabalho desenvolvido na área de matemática deu à professora Andréia Silva Brito um lugar entre os 39 ganhadores da quinta edição do Prêmio Professores do Brasil. O projeto Polígonos: Construindo Propriedades, Relações e Conceitos foi realizado em outubro e novembro de 2010 com alunos do sexto ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Carlos Drummond de Andrade, no município de Presidente Médici, em Rondônia. Voltado inicialmente para uma turma de 36 alunos, o projeto teve o atendimento ampliado e chegou a envolver 96 estudantes.

    “A grande vantagem no trabalho com projetos é o genuíno envolvimento dos alunos, o que aumenta as possibilidades de sucesso na aprendizagem”, destaca Andréia. Acostumada a trabalhar com projetos, ela observa que eles permitem o desenvolvimento dos conteúdos em rede, de forma articulada. Formada em matemática, com especialização em educação matemática, Andréia é natural de Umuarama (PR) e mora em Rondônia desde 1985. Em 1998, passou a integrar a rede estadual de ensino.

    Os resultados obtidos com o projeto corresponderam às expectativas da professora. Ao avaliar os registros dos alunos, ela constatou que todos aprenderam a diferenciar polígonos de não polígonos e a identificar e conceituar lados e ângulos em polígonos. Outros resultados computados mostraram que 94% dos estudantes aplicam o conceito de ângulo na identificação de semelhanças e diferenças entre polígonos, 83% classificam polígonos quanto ao número de lados e 75% classificam quadriláteros quanto ao paralelismo e ao perpendicularismo dos lados.

    Andréia deixa claro que esses resultados, embora levantados durante a realização do projeto, não se limitam a tal período. “Eles ainda se fazem e se farão sentir no ambiente escolar, visto que planejo a retomada e a ampliação desses conhecimentos nos próximos anos letivos”, adianta. Em 2011, ela deu continuidade ao projeto por meio de um trabalho com as medidas dos ângulos dos polígonos regulares e a utilização de simetrias axiais e de rotação na construção dessas figuras.

    Fátima Schenini

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