O MEC está criando novas universidades federais e campi, como prevê o projeto de expansão do ensino superior. Essa política vai movimentar o mercado de trabalho para arquitetos, engenheiros de trânsito, ambientalistas, geógrafos e trabalhadores da construção civil. Em outubro próximo, a Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC) e o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) vão publicar edital do concurso para elaboração do anteprojeto de arquitetura da Universidade Federal do ABC (UFABC), em Santo André, São Paulo.
“A idéia é criar o site do concurso, com link nos portais do MEC, da prefeitura de Santo André e do IAB, para apresentar as normas do edital”, explica o arquiteto Joel Pereira Felipe, diretor do Departamento de Desenvolvimento de Projetos Urbanos da prefeitura de Santo André. O edital será publicado também no Diário Oficial da União. Em seguida, os candidatos terão 60 dias para encaminhar os anteprojetos ao IAB. Uma comissão de especialistas fará o julgamento e, em 21 de dezembro haverá exposição dos anteprojetos inscritos e o resultado do vencedor, que receberá prêmio em dinheiro.
“O concurso público assegura a transparência do processo”, explica Márcio Ribeiro de Araújo Maciel, arquiteto da Coordenação-Geral de Desenvolvimento das Instituições de Ensino Superior da SESu. Na opinião de Joel Pereira Felipe, a iniciativa do MEC de criar novas universidades federais e campi é extremamente positiva. “Grandes projetos de campi não são comuns, são exceções. Há muitos anos, não havia expansão do ensino superior público federal e agora temos uma grande oportunidade de trabalho para os profissionais da área”.
A idéia, segundo Joel Felipe, é que esses profissionais criem equipes multidisciplinares para participar do concurso. “Esse concurso deve movimentar o Brasil inteiro. Dará oportunidade para os arquitetos pensarem o espaço de ensino e pesquisa de extensão. É diferente de pensar o projeto de um shopping”, exemplificou. Segundo Joel, o projeto de construção da UFABC deve ser ousado e seguir o projeto pedagógico da universidade.
História - Há 20 anos, a comunidade da região do ABC, que tem mais de 2,5 milhões de habitantes, luta para ter uma universidade federal. A UFABC terá sua sede entre a Avenida dos Estados e as ruas Santa Adélia e da Abolição, região estratégica, onde se situa o projeto Eixo Tamanduatehy, por onde passa o rio Tamanduatehy e há uma revitalização urbanística e econômica. A sede da universidade será construída em um terreno de 77.443,90 mil metros quadrados, doado pela prefeitura de Santo André.
Em 16 de junho deste ano, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu o projeto acadêmico da futura universidade. Naquela oportunidade, ele afirmou que o que se tenta fazer é justiça ao que o ABC representa para o desenvolvimento do País e que a universidade será uma referência para o Brasil e o mundo. O presidente da comissão que implementa a UFABC, Luiz Bevilacqua, explicou, na ocasião, que a nova universidade “não oferecerá uma educação livresca. Será um pólo de irradiação do conhecimento. Permitirá que seus egressos sejam pessoas criativas e ousadas”.
Dos cerca de 77 mil estudantes matriculados no ensino superior no Grande ABC, aproximadamente 65% estão em instituições privadas, 20% em instituições municipais e 15% na rede comunitária filantrópica. O MEC prevê que as atividades da UFABC comecem no primeiro semestre de 2006, com os cursos de licenciatura em física, química, biologia e matemática; e um curso de ciências da computação. No segundo semestre de 2006 devem começar os cursos de engenharia. No início, a UFABC funcionará provisoriamente em área da Fundação Santo André, uma autarquia municipal. Quando a instituição estiver plenamente instalada, atenderá 20 mil estudantes de graduação, 2.500 de mestrado e 1.000 em programas de doutorado. Seu quadro de docente será formado por 600 professores e contará, ainda, com mil monitores bolsistas.
Expansão - A expansão das instituições federais de educação superior (Ifes) é uma das principais metas do MEC. Dentro dessa política, estão sendo criadas nove universidades federais – algumas totalmente novas, como a UFABC, outras por desmembramento de duas instituições e outras ainda por transformação de faculdades isolada em universidades. Além das novas universidades – como a Universidade Federal do Triângulo Mineiro, a Universidade Federal do Semi-Árido e a Universidade Federal de Alfenas – o MEC está criando ou consolidando 36 campi. Dentre eles, o de Manaus (AM), Chapadinha (MA), Arapiraca (AL), Bom Jesus do Gurguéia (PI), Itabaiana (SE), Barreira (BA), Crato (CE), Curimataú (RN), Diadema (SP), Teófilo Otoni (MG), Alegre (ES), e Frederico Westphalen (RS).
Depois do concurso do anteprojeto arquitetônico para a construção da UFABC, o MEC e o IAB deverão lançar outro concurso para edificação das novas universidades e campi.
Repórter: Susan Faria