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  • Com o projeto pedagógico, os alunos da escola rural da periferia de Goiânia melhoraram a média das notas em leitura e escrita e passaram a gostar de ler (foto: looking4heroes.org) Inconformado com as notas dos alunos em leitura e produção de texto, o professor transformou-se em um desses heróis comuns, que não usam capas e nem disfarces, mas têm como superpoder a obstinação de que podem fazer algo para melhorar a qualidade da educação. Com esforço e otimismo, Cléssio Pereira Bastos, 31 anos, professor de português e língua inglesa, imprimiu criatividade em projeto pedagógico, que chamou de Alimente Heróis com Livros, e tem conseguido estimular os alunos do sétimo ao nono ano da Escola Municipal José Carlos Pimenta, na periferia de Goiânia, a ler livros e a escrever melhor, bem como a exercer a cidadania enquanto críticos de situações de injustiça social. 

    Interdisciplinar, o projeto, que resultou no sucesso da escola da comunidade rural de Vila Rica, a 25 quilômetros de Goiânia, foi iniciado em 2015. No início do ano letivo, 3,5 era a nota média em leitura e escrita das turmas dos anos finais do ensino fundamental. No fim do ano, a menor nota foi 8,5. “Eles vivem numa comunidade carente, não recebem muitos incentivos nos estudos, e era urgente uma ação no sentido de inspirá-los com exemplos de superação a partir do conhecimento”, diz o professor, que tem mestrado em crítica literária. “Eles estão inseridos em uma cultura de não leitores e só veem livros na escola; por isso, o trabalho tem de ser muito bem focado para que aprendam a gostar de ler.”

    O livro escolhido para iniciar o projeto foi Eu sou Malala, biografia da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, prêmio Nobel da Paz de 2014, baleada pelo Talibã (movimento nacionalista que atua no Afeganistão e no Paquistão) por defender seu direito à educação. A obra foi escrita em parceria com a jornalista inglesa Christina Lamb.

    Como a escola funciona em tempo integral, a leitura dividiu-se em dois turnos, cada um com uma hora de duração. Os alunos sensibilizaram-se com a história e despertaram para a leitura. “O livro da Malala foi escolhido porque os alunos não gostavam muito de estudar por se acharem obrigados a ir à escola”, afirma o professor. “Então, fui atrás do exemplo de uma menina, da idade deles, que quase morreu por querer estudar.”

    Doações — Como não havia um exemplar para cada aluno, uma versão impressa do livro ficava à disposição dos estudantes, enquanto o trecho lido era projetado na parede da sala de aula. Alunos e professores de outras disciplinas revezavam-se na leitura e acabaram por trabalhar informações sobre a geografia, a história e a cultura do Paquistão, país islâmico do sul da Ásia. Ao final da leitura do livro, os alunos decidiram colaborar com doações para a Fundação Malala, que investe para garantir o mínimo de 12 anos de educação para jovens de países periféricos. “Na vila onde moram, cercada por mato e onde existem apenas quatro ruas, meus alunos conseguiram arrecadar o equivalente a US$ 100, que foram depositados no Fundo Malala”, conta o professor.

    Diante do sucesso do projeto no ano passado — foi um dos finalistas do Prêmio Viva Leitura de 2016 —, o professor Cléssio decidiu aprimorá-lo este ano para que tenha a participação de toda a escola, da comunidade e das famílias. Para 2016, além da biografia de Malala, os alunos terão dois títulos para ler: o Diário de Anne Frank, obra sobre Annelies Marie Frank, adolescente alemã de origem judaica, vítima do Holocausto, e a biografia de Ben Carson, neurocirurgião, psicólogo e escritor norte-americano. “Fizemos uma rifa para a aquisição desses títulos”, explica o professor.

    Daniele Rodrigues de Morais, 13 anos, aluna do sétimo ano, ajudou a vender as rifas para arrecadar o dinheiro. Com o professor e 60 colegas, ela foi a Goiânia e, pela primeira vez, entrou numa livraria. No total, conseguiram comprar 200 livros. “Já sei a história da Malala, mas agora quero ler a história da Anne Frank”, diz a estudante.

    Marcelo Rosa da Silva Jesus, 14 anos, até se esqueceu da timidez para falar dos livros que começou a ler. “Eu não dava muita importância para a leitura, mas depois que comecei a participar do projeto estou lendo mais porque melhora o texto e tenho mais ideias para escrever”, afirma.

    Comunidade — Após a leitura dos títulos, os alunos terão de produzir uma ação na comunidade com base nas histórias. “Meus alunos são heróis com livros”, diz o professor Cléssio, que mantém uma página na internet, a Looking 4 Heroes, para dividir as experiências em sala de aula e atrair parcerias para projetos de promoção da leitura e cidadania. O professor espera que, no fim deste ano, os livros lidos pelos alunos sigam para outras escolas e estimulem a formação de novos leitores.

    Otimista com os resultados — os alunos vêm apresentando melhoras no rendimento escolar após o projeto —, Cléssio planeja ampliar a ação na escola e em outras unidades de ensino da região, com intercâmbio de leitura presencial ou por videoconferências. “Sem leitura não há aprendizado. Não adianta ensino de gramática sem vivência com a língua em sua forma escrita e não adiantam trabalhos voltados para o social sem a humanização que a leitura promove”, afirma. “E também não adianta entregar livros nas mãos dos alunos sem que haja um trabalho de motivação para uma leitura de qualidade. Eu digo sempre que todo projeto é simplesmente uma desculpa para levar meu aluno a ler.”

    Rovênia Amorim

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  • Feira do livro no Centro Educacional Maria Auxiliadora: forma de estimular a leitura entre os estudantes (arquivo da escola)O Centro Educacional Maria Auxiliadora (Cema), em Brasília (702 Sul), obteve média 731,58 na prova de redação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2009. O segredo para a escola ter obtido tão bom resultado é atribuído ao fato de que a leitura e a escrita são habilidades desenvolvidas em todas as disciplinas do ensino básico, desde os anos iniciais.

    “A leitura e a escrita são aspectos fundamentais, a base de tudo”, destaca a professora Cássia Vita de Ávila, que é graduada em letras e faz pós-graduação em leitura e produção de textos. Há dez anos no magistério e há cinco como professora de português no ensino fundamental, Cássia salienta que o Cema incentiva os alunos a escolher, na biblioteca da escola, os títulos a serem lidos, sem deixar de lado, no entanto, a leitura obrigatória para cada ano letivo.

    “Os professores do Cema trabalham a leitura extraclasse. A biblioteca é bem frequentada pelos alunos, que muitas vezes pedem a aquisição de obras”, diz a irmã Maria Amélia, coordenadora pedagógica da instituição, que promove feiras do livro para os estudantes. Segundo ela, os livros didáticos, desenvolvidos especialmente para as escolas da rede Salesiana, da qual o Cema faz parte, estimulam a leitura entre os estudantes.

    Em cada capítulo das diversas disciplinas são feitas sugestões de leituras complementares para estimular o aluno a ler e a buscar informações. Além disso, segundo a coordenadora, as questões contidas nos livros, a serem respondidas pelos estudantes, exigem que eles pensem e reflitam antes de responder.

    Cobrança — “Peço a meus alunos que leiam um livro por mês, da lista do PAS”, explica Maria Júlia Elias Stiebler, professora de português em turmas do nono ano do ensino fundamental e do ensino médio. “O conteúdo da leitura é cobrado, depois, em provas e redações.” O PAS, Programa de Avaliação Seriada, é adotado pela Universidade de Brasília como uma das formas de seleção.

    De acordo com Maria Júlia, formada em letras e há 25 anos no magistério, para obter melhores resultados com a redação dos alunos é necessário, em primeiro lugar, estimulá-los a planejar o que pretendem comunicar de forma escrita. Outro passo importante é o próprio aluno fazer a correção do que escreveu e refazer o texto. “É importante que o próprio aluno perceba seus erros”, salienta.

    Além da redação propriamente dita, os alunos de Maria Júlia escrevem e pesquisam sobre projetos desenvolvidos nas aulas. Um exemplo é o trabalho com alunos do segundo ano do ensino médio. A partir do tema Casamento Homossexual, escolhido pelos próprios estudantes, ela sugeriu a elaboração de uma lista das idéias surgidas e a pesquisa sobre o assunto, a ser debatido em sala de aula, com argumentos favoráveis e contrários. “Observei que os alunos, na hora de redigir, ficavam confusos, pois queriam descrever todas as ideias que surgiam”, afirma a professora. “Agora, pretendo ensiná-los a organizar as idéias.”

    Fátima Schenini


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  • A escola Tomé Francisco da Silva atingiu nota 6,5 no Ideb, superior à da meta nacional estabelecida para 2022 pelo Ministério da Educação (foto: arquivo da escola)O povoado rural de Lagoa da Cruz, no alto de uma serra do Sertão do Pajeú, em Quixaba (PE), a 470 quilômetros de Recife, tem apenas três mil habitantes. De difícil acesso, seria uma localidade esquecida, não fosse a fama do ensino de qualidade da Escola Tomé Francisco da Silva, que atrai alunos das cidades vizinhas. A escola, que tem 800 alunos matriculados em turmas do primeiro ano do ensino fundamental ao final do ensino médio, é destaque tanto no índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) quanto no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

    Em 2009, a instituição conquistou o título de melhor escola pública de Pernambuco. No mesmo ano, obteve o segundo lugar no Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, promovido pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). Para se ter ideia da qualidade do ensino oferecido, a escola atingiu nota 6,5 no Ideb — a meta do Ministério da Educação é atingir, até 2022, a média nacional 6, que corresponde ao índice de países desenvolvidos. No Enem de 2010, a Tomé Francisco obteve nota 585,33 e ficou em primeiro lugar entre as escolas regulares de Pernambuco.

    “Não tem receita pronta para o sucesso da gestão escolar porque cada escola tem sua particularidade”, afirma o diretor da instituição, Ivan José Nunes Francisco. No entanto, ele cita, entre os passos da empreitada, o trabalho coletivo dos educadores, que devem receber formação continuada, a atenção aos projetos pedagógicos e o apoio das famílias.

    O incentivo à leitura permeia os projetos desenvolvidos durante todo o ano. O Prazer de Ler, que existe há uma década, é voltado para alunos do primeiro ao nono ano. Sua proposta é motivar os estudantes por meio de oficinas de contos, poesias e música. No fim das atividades, eles apresentam uma peça teatral para a comunidade. No ano passado, 120 alunos apresentaram A Menina que Odiava Livros. “Seguimos em três ônibus para abrir os Jogos Escolares Regionais, no município de Afogados da Ingazeira”, lembra o diretor. Este ano, será encenada a peça A Bela Borboleta.

    Outro projeto de incentivo à leitura estimula a produção de textos para o blog da escola. “Conseguimos, assim, usar mais intensamente o laboratório de informática”, diz o diretor.

    Matemática— Um dos próximos projetos da escola será desenvolvido na área de exatas. “Em 2012, vamos trabalhar também projetos de matemática, física e química, sem abandonar aqueles que têm garantido notas melhores dos nossos alunos em humanas”, adianta a coordenadora de projetos pedagógicos para os anos iniciais, Josilene Quitute. Para atingir a meta de melhorar as notas dos alunos nas disciplinas de exatas, a ideia é mudar a forma de ensinar os cálculos de matemática hoje feitos a giz, no quadro. “Queremos chamar profissionais para explicar como se faz o cálculo de uma área na prática”, explica a coordenadora.

    Rovênia Amorim

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  • A escola de Recife atende alunos com problemas de baixa visão e diversas outras deficiências (foto: João Bittar)Criada em 1994, com a ideia inicial de atender jovens surdos que viviam na rua e fora do sistema de ensino, a Escola Municipal Padre Antônio Henrique, de Recife, atende todos os tipos de estudantes. Entre eles alunos com síndrome de Down, paralisia cerebral e baixa visão.

    “Temos 300 estudantes, dos quais 72 são surdos ou com outras deficiências. É uma escola que tem sensibilidade para esse público”, assegura a diretora da instituição, Maria de Fátima Ribeiro Ferraz. Segundo ela, a instituição tinha cerca de 170 alunos surdos em 2009. Com o processo de inclusão, esse número foi se reduzindo. “Os surdos foram conquistando outros espaços”, esclarece. Outro motivo para a redução, segundo ela, é a conclusão do ensino fundamental por muitos desses estudantes.

    De acordo com Maria de Fátima, a instituição sempre trabalhou com projetos de leitura e considerou a importância de contar com um espaço específico para essa atividade e para a pesquisa. Por essa razão, participou, em 2006, de concurso para a implementação de bibliotecas em escolas municipais, promovido pela Gerência de Biblioteca e Formação de Leitores da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer de Recife. O projeto apresentado pela escola foi classificado, o que garantiu o recebimento de recursos para a instalação da biblioteca.

    “É uma biblioteca comum, com recursos variados, de acordo com as especificidades da escola”, diz a diretora. Além de obras literárias tradicionais, CDs em libras, livros em braile e jogos pedagógicos fazem parte do acervo. “É pequena, mas muito equipada”, destaca. Apesar de a escola não contar com bibliotecária, os professores contribuem na organização e no trabalho com os estudantes. Além disso, estagiários trabalham como mediadores de leitura.

    O acervo é adquirido de várias maneiras — envio de obras pelo Ministério da Educação, aquisição com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e parcerias com empresas particulares, entre outras. A próxima meta de Maria de Fátima é montar uma sala de atendimento especializado, com equipamentos e jogos capazes de contribuir para a melhoria do aprendizado e a inclusão dos alunos com deficiência.

    Fátima Schenini

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  • Na escola de Muriaé, são desenvolvidos projetos para despertar o gosto pela leitura e pela literatura, enriquecer o vocabulário e melhorar a escrita dos alunos do ensino fundamental (foto: arquivo da escola)No início de cada ano letivo, a Escola Municipal Professora Elza Rogério escolhe um autor para ser estudado e homenageado por todas as turmas do ensino fundamental durante a realização do projeto Sarau Poético. O selecionado, este ano, é o poeta Vinícius de Moraes (1913-1980). Em 2011, foi a poetisa Cecília Meireles (1901-1964). A escola está localizada no município de Muriaé, na Zona da Mata mineira, a 300 quilômetros de Belo Horizonte.

    De acordo com Vilma Assis Gomes, que dá aulas a alunos do terceiro ano do ensino fundamental, o projeto engloba a realização de diversas atividades, de acordo com a maturidade de cada classe. “Para finalizar, há apresentações de trabalhos de todas as turmas, envolvendo declamação de poesias, dramatizações e danças, dentre outras atividades”, explica a professora, que tem pós-graduação em letras — língua portuguesa e literatura brasileira. Com sete anos de magistério, seis dos quais na escola, ela já lecionou em outras unidades de ensino municipais e estaduais das áreas urbana e rural de Muriaé e do município vizinho de Miradouro.

    Outro projeto de estímulo à leitura desenvolvido na escola é o Vai e Vem, criado para despertar o gosto pela leitura e pela literatura, enriquecer o vocabulário e melhorar a escrita. Inicialmente, quando começa o ano letivo, a diretoria da instituição distribui livros de literatura em cada turma, de acordo com a idade e o nível de escolaridade dos alunos. Segundo a diretora, Maria Helena de Andrade, nas turmas do primeiro ao quinto ano, as obras ficam guardadas em sala de aula, sob a responsabilidade dos professores; do sexto ao nono, ficam na biblioteca. Nos dois casos, às sextas-feiras, os estudantes podem escolher os livros que desejam ler. O controle é feito com o auxílio de um caderno, no qual são anotados os nomes dos estudantes e os títulos dos livros emprestados e devolvidos.

    “Em geral, os livros são recolhidos na segunda-feira para a redistribuição na sexta-feira seguinte e, assim, dar sequência ao projeto”, explica a professora Vilma. Sempre que possível, os alunos participam de uma roda de apresentação dos livros lidos. “É nítida a empolgação dos alunos no momento da escolha dos títulos”, ressalta. “Um aluno sempre influencia outro colega.”

    Vilma deixa claro que a intenção do projeto não é obrigar o aluno a ler, mas permitir que ele tenha contato com o mundo mágico dos livros e que, desse modo, descubra por si mesmo o prazer de ler.

    Interesse
    — “Em minhas aulas de literatura, já faz parte da prática a ida à biblioteca onde funciona o projeto Vai e Vem”, revela Alessandra Braga Breder Peixoto, que leciona em turmas do sexto e do sétimo anos. Periodicamente, ela promove debates com os alunos para que todos possam comentar sobre as obras lidas. “A conversa desperta o interesse da turma pela leitura de um livro que o colega já leu”, relata. “Às vezes, acontece até uma disputa para ler o mesmo livro.”

    Para Alessandra, é gratificante observar, nos estudantes que vivem uma realidade difícil, o contato e a leitura de livros de poesia, de invenções ou de aventura. “É bom saber que esse aluno dedicou seu tempo simplesmente à leitura. É o máximo”, diz a professora. Graduada em letras, ela está há 20 anos no magistério.

    Fátima Schenini

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  • Um dos projetos da escola capixaba foi criado para estimular os estudantes a desenvolver o gosto e o hábito de ler livros (arte: Mário Afonso/MEC)Projetos de dança, leitura e acompanhamento pedagógico, com aulas de reforço e aplicação de provas simuladas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), são algumas das ações desenvolvidas pela Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Victorio Bravim, em Marechal Floriano (ES). As iniciativas fazem parte do Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI). “O programa traz vida à escola, promove a participação dos alunos, desperta o gosto pelos estudos e garante a valorização das atividades propostas pela instituição” diz a pedagoga Katiuscia Dallarmi. “Ele trouxe dinamismo e crescimento à nossa instituição.”

    Em 2014, segundo a professora, foi desenvolvido, entre outros, o projeto Dançando na Escola, que teve a participação de 282 alunos dos três anos do ensino médio. “As escolhas foram feitas a partir de países que foram sede de edições da Copa do Mundo”, afirma a professora. “Cada turma ficou encarregada de um país.”

    O projeto de dança, além do trabalho com conteúdos de educação física, como a criação de coreografias, abordou assuntos relacionados a outras disciplinas. Em língua portuguesa, por exemplo, os alunos criaram poemas, paródias e acrósticos e confeccionaram cadernos de receitas dos países. Eles também estudaram a influência do inglês em cada nação (língua inglesa), produziram cartazes relacionados à história e à cultura (artes), abordaram aspectos físicos e políticos (geografia), históricos, econômicos e sociais (história).

    Outro projeto, Leitura Todo Dia, foi criado para desenvolver nos estudantes o gosto e o hábito da leitura. Cada aluno deveria ler um livro por mês, sobre temas diversos. Depois, apresentar a obra aos colegas em rodas de conversas, produzir poemas, desenhos e acrósticos e apresentar músicas, danças e dramatizações. A cada mês, era definida uma nova técnica de apresentação.

    Aprovação — O acompanhamento pedagógico, com aulas de reforço para os que tinham dificuldades de aprendizagem, serviu para complementar, de forma atrativa, os conteúdos oferecidos em sala de aula. “Vários alunos estavam com notas baixas nas disciplinas, mas com o estudo no contraturno conseguiram superar as dificuldades”, ressalta Katiuscia. Ela revela que os alunos do terceiro ano que participaram do projeto de aulas preparatórias para o Enem também conseguiram bons resultados. Vários estudantes obtiveram aprovação em vestibulares de universidades públicas ou conquistaram bolsas em instituições particulares.

    Há 15 anos na área da educação, Katiuscia é pós-graduada em educação do campo e em educação profissionalizante.

    Fátima Schenini

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  • Na escola carioca, há livros à disposição em todas as salas de aula; os professores leem para os alunos ou algum aluno lê para os demais (foto: arquivo da EM Portugal)Inserir os estudantes no mundo da leitura é o marco do projeto político-pedagógico da Escola Municipal Portugal para os 514 alunos, da educação infantil ao sexto ano do ensino fundamental. Todos os dias, os professores promovem o Momento da Leitura, quando leem para os alunos ou algum aluno lê para os demais. As turmas também fazem momentos de leitura individual. Cada estudante pode escolher o livro. A instituição está localizada no bairro de São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro.

    “A escola mantém livros à disposição em todas as salas de aulas”, explica o coordenador pedagógico da instituição, Alexandre Roque de Araújo. “O acervo é atualizado periodicamente, com rodízio de obras entre as turmas ou trocas feitas diretamente na biblioteca.”

    A biblioteca, também conhecida como sala de leitura, conta com um professor regente, que desenvolve projetos para estimular o hábito de ler entre os alunos. Além de participar de atividades dirigidas, as crianças podem escolher livros para ler em casa e partilhar com os familiares, semanalmente.

    Segundo Alexandre, uma prática que contribui para o desenvolvimento do hábito de ler e de escrever é o uso de um diário por alunos das turmas do quarto ao sexto ano. “Eles usam o diário para escrever livremente sobre o que querem e têm a liberdade de partilhar ou não os registros para a turma”, revela. Há 12 anos no magistério, Alexandre é habilitado para o magistério das séries iniciais e graduado em história.

    A Escola Portugal também participa de trabalho voltado especificamente para os estudantes do primeiro ano do ensino fundamental. É o projeto Trilhas, composto por diferentes materiais para uso de professores e alunos, desenvolvido em parceria do Ministério da Educação com o Instituto Natura. “É um projeto de alfabetização e formação de leitores”, diz Alexandre.

    Um dos resultados já verificados com a aplicação do projeto foi o despertar da curiosidade das crianças para diversos tipos de textos, como parlendas — rimas infantis, usadas em brincadeiras ou como técnica de memorização —, poesias e contos. “Também auxiliou no processo de aquisição da escrita”, analisa o coordenador. De acordo com Alexandre, o momento dedicado às atividades do projeto tornou-se o preferido na sala de aula. “As crianças podem viajar no mundo do faz de conta e liberar a imaginação.”

    Professora responsável pela implementação do projeto Trilhas em duas turmas do primeiro ano, Daysi dos Santos Fonseca destaca como maior contribuição do trabalho o resgate cultural, para despertar nas crianças a vontade e a curiosidade de participar das rodas de leitura e tornar o ato de ler um momento descontraído e lúdico.

    Outro ponto que Daysi, com 30 anos de magistério, considera relevante é a riqueza cultural do projeto, até mesmo para os professores que não vivenciaram na infância as cantigas e brincadeiras de roda, agora resgatadas.

    Fátima Schenini

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    Confira o blog da EM Portugal
  • Em espaço próprio para leitura, as crianças da escola de Porto Alegre têm a oportunidade de escutar histórias e manusear livros e são orientadas a tratar as obras com cuidado (foto: Victor de Freitas/Secretaria Municipal de Educação)Desde que foi criada, há 17 anos, a Escola Municipal Valneri Antunes, de Porto Alegre, incentiva o gosto pela leitura entre os alunos, todos da educação infantil. Localizada no Parque Chico Mendes, no bairro Mário Quintana, a escola tem 204 alunos com idades de um ano a 5 anos e 11 meses. Eles ficam na instituição das 7 às 19 horas.

    O interesse pelas obras de literatura infantil é estimulado constantemente. Em um espaço de leitura usado pelas 11 turmas, os estudantes têm a oportunidade de escutar histórias e manusear livros e são orientados a tratar as obras com cuidado. “Achamos que a literatura seria uma ajuda à comunidade, que enfrenta muitos problemas com drogadição e violência”, explica a pedagoga Lia Fernanda Fadini, diretora da escola há seis anos. Especializada em educação infantil, ela está há 19 anos no magistério.

    A preocupação da escola em incentivar a leitura levou à participação no Concurso Escola de Leitores – Programa Prazer em Ler. O projeto Pipoletras (carrinho de pipoca com livros), criado pela professora Sigrid Fraga Moreira, ficou entre os vencedores da segunda edição (2011-2012). “A premiação provocou uma verdadeira revolução literária”, diz Nara de Freitas, vice-diretora da instituição. As mudanças ocorreram não só no espaço de leitura, revitalizado, com paredes coloridas, pufes, mesinhas e cadeiras coloridas adequadas à faixa etária, mas em todas as salas de aula, que dispõem agora de um cantinho de leitura.

    Nara considera como principal mudança a postura de educadores e funcionários. Eles aprenderam, em cursos de formação, que os livros não têm de ficar fechados e começaram a incentivar e a valorizar a literatura entre os próprios colegas. Segundo a professora, o grupo tinha grande dificuldade em abrir o armário e liberar o acervo à comunidade. Houve compra de novos livros, tanto de literatura infantil quanto para adultos e até os funcionários começaram a ler mais, nos períodos de intervalo ou retirando obras para ler em casa. “Hoje, os armários foram substituídos por prateleiras ao alcance das crianças”, ressalta a pedagoga, com especialização em educação infantil e 21 anos de magistério.

    Orgulho— Os alunos com mais de cinco anos podem levar livros para casa todas as semanas. “Eles fazem isso com muito orgulho, levam para casa um tesouro que dividirão com a família”, diz Nara.

    A cada período de 15 dias, o carrinho de pipocas com livros percorre locais da comunidade a fim de aproximar os livros das pessoas. O Pipoletras visita instituições como creches comunitárias e entidades que apoiam menores de 6 a 14 anos em situação de vulnerabilidade econômica e social por meio do Serviço de Apoio Socioeducativo (Sase), da prefeitura. De acordo com Lia, é possível perceber o interesse e o cuidado com os livros demonstrados pelos adolescentes atendidos.

    As visitas do carrinho, que obedecem a um cronograma, são acompanhadas, geralmente, pela professora Sigrid. Durante a visita, cada instituição recebe uma caixa com diversas obras para empréstimos aos interessados. Elas devem ser devolvidas à escola depois de 15 dias. Lia destaca o comprometimento observado no momento do retorno dos livros à biblioteca. “Mães envolvidas com drogadição têm demonstrado interesse e cuidado em devolver os livros”, ressalta. O Pipoletras sempre está presente em atividades da escola que têm a participação das famílias, como as festas juninas.

    Uma experiência vivida em visita à Colômbia, em 2012 — uma área especial de leitura para mães e bebês na escola, a bebeteca —, despertou em Nara a disposição de implantar algo semelhante. Assim, no berçário da Escola Valneri Antunes foi organizado um espaço que permite aos bebês interagir com livros específicos para a faixa etária — de pano e de plástico, com sons e imagens, que despertam a curiosidade.

    Fátima Schenini

    Saiba mais no Jornal do Professor e sobre o Concurso Escola de Leitores – Programa Prazer em Ler
  • Na escola gaúcha, a alfabetização e o incentivo à leitura têm prioridade nas aulas de língua portuguesa (foto: arquivo do CE Padre Colbachini)A Feira do Livro na Escola, realizada desde 2004 pelo Colégio Estadual Padre Colbachini, de Nova Bassano, no nordeste do Rio Grande do Sul, já teve a participação de 55 escritores. O evento é a atividade principal do projeto Aluno Leitor, criado para estimular a formação de leitores entre os mais de 800 estudantes matriculados na instituição. A escola atende turmas da educação infantil, do ensino fundamental e médio e da educação profissional e de jovens e adultos.

     

    Na visão da professora Giovane Bassani Deconto, que dá aulas de língua portuguesa a turmas do sétimo e nono anos, os contatos com os escritores têm levado a um aumento no interesse dos alunos pela leitura. Além de participar das atividades da Feira do Livro, Giovane adota projetos nas aulas. Folclore na Escola é um deles. “Por meio da música, do teatro e das lendas, o aluno se transforma em um verdadeiro cidadão, conhecedor de sua cultura, participativo e atuante”, diz a professora, formada em letras. Ela atua no magistério há mais de 15 anos.

     

    “Por meio da leitura, os alunos conseguem desenvolver melhor as ideias nos textos que produzem, e a ortografia é favorecida”, relata a professora Alessandra Lopes de Oliveira, que dá aulas de português no ensino fundamental, no médio e em turmas de educação de jovens e adultos. Ela aproveita o interesse dos estudantes pelo teatro para estimular o aprendizado. “Os estudantes conseguem captar a alma das obras e fazem excelente releitura dos livros”, revela Alessandra, há 15 anos no magistério, com licenciatura em letras. “Eles também gostam de participar de peças teatrais, pois perdem o medo de falar em público e se divertem.”

     

    Já a professora Marli Dagnese Fiorentin desenvolveu vários projetos durante os 32 anos de atuação no magistério para estimular a leitura e a escrita e integrar tecnologias. Com graduação em letras e especialização em tecnologias em educação, ela trabalha com alunos da educação infantil.

     

    Blogue — A ferramenta tecnológica mais utilizada por Marli é o blogue. Ela participa de cinco pessoais, três colaborativos e 14 sobre projetos educativos. A professora leva as atividades de literatura para o espaço virtual, com projetos de intercâmbio escolar e também com escritores de obras apresentadas em sala de aula.

     

    No blogue Livrolândia, os alunos trocam impressões sobre obras que leram. No Ficção versus Realidade, textos literários são o ponto de partida para o desenvolvimento de temas do cotidiano. Os blogues Debaixo de Mau Tempo e Verdade ou Consequência partem de obras lidas pelos alunos na Feira do Livro. Segundo Marli, na educação infantil, o foco das aulas de língua portuguesa está na alfabetização e no incentivo à leitura. Nesse caso, os blogues são usados para criar uma ponte com as famílias e também como um espaço para as crianças publicarem suas produções e participarem de jogos interativos, nos quais desenvolvem habilidades de letramento.

     

    Em 2011, Marli desenvolveu o blogue Pintando o Sete, classificado como semifinalista no concurso internacional Fundação Telefônica. Este ano, ela criou o Diário da Galerinha, que contém o projeto Eu e Você, Aqui e Lá, que parte do livro, do mesmo nome, da escritora Letícia Möller. As crianças redesenharam o livro, que trata da vida de um menino brasileiro e de outro, marroquino. Confeccionaram objetos, tiraram fotografias de momentos do cotidiano para desenvolver a identidade e também apresentaram uma peça de teatro, durante visita da escritora à escola e em seminário que reuniu professores da região.

     

    “Estamos trabalhando na releitura da lenda Negrinho do Pastoreio e desenvolvendo diversas atividades que vão culminar com a apresentação de uma peça teatral”, adianta Marli. “Com isso, reforçamos o conceito do respeito à diversidade, discutimos as questões do preconceito racial, da história da escravidão e da religiosidade de nosso povo.”

     

    Na etapa de releitura da lenda são realizadas várias atividades, além da narração da história e da representação da mesma em desenhos. Dentre essas atividades está o estudo de aspectos que despertam o interesse das crianças, como a vida das formigas e raças de cavalos. “A cada ano, as atividades tornam-se cada vez mais significativas, pois o processo de leitura e releitura é contínuo”, diz a pedagoga Salete Cestonaro Bongiovanni, diretora da instituição desde 2007. Há 31 anos no magistério, Salete tem habilitação em séries iniciais, com pós-graduação em gestão, supervisão e orientação escolar.

     

    Fátima Schenini


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    Confira o blogue do CE Padre Colbachini

     

  • Na escola do interior paulista, os projetos de incentivo à leitura se complementam, contribuem para a formação da cidadania e mostram resultados na aprendizagem dos alunos.Uma escola de ensino fundamental do município paulista de Itapetininga tem obtido excelentes resultados com as estratégias de incentivo à leitura que realiza desde 2002. Ao desenvolver projetos permanentes, como o Leitura em Família e o Roda de Leitura, a Escola Estadual Professor Astor Vasques Lopes constata avanços significativos em avaliações estaduais e nacionais. No índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb), do Ministério da Educação, a escola alcançou, em 2007, a nota 5,2, superior à média nacional das séries iniciais, de 4,2.

    Com 380 alunos, em sua maior parte oriundos de famílias de baixa renda e instrução, a instituição conquistou, em 2008, o primeiro lugar na fase regional de ensino do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Em 2009, obteve a primeira colocação na fase estadual, com a média 8,55, a melhor entre 1.945 escolas estaduais.

    “O resultado foi uma surpresa”, revela a diretora da escola, Arlete Milanezi Ansbach, há 12 anos na função. Formada em letras e em pedagogia, ela acredita que o estímulo à leitura contribuiu para essa colocação, embora destaque também o empenho e o acompanhamento de toda a equipe da unidade de ensino. “Nossa equipe é maravilhosa e realmente vestiu a camisa”, salienta.

    “O projeto Roda da Leitura começou quando percebemos a dificuldade dos alunos na elaboração de redações e relatos no Saresp de 2002”, diz Claudete de Araújo Cavalcante, 22 anos de magistério, professora de turmas do terceiro ano.

    Ao fazer uma análise das características sociais e antropológicas das famílias dos alunos, a equipe escolar constatou a necessidade de envolvimento dos pais no cotidiano escolar. Para isso, além de promover reuniões que causassem impacto e reflexão, passou a convidar os pais para os encontros da Roda da Leitura, uma vez por mês, com os filhos. Na sequência, foi inserido o projeto Leitura em Família. Os estudantes passaram a levar livros para ler em casa com os pais. Levavam também um caderno para os pais registrarem impressões sobre a leitura.

    “O retorno é gratificante”, diz Claudete. Segundo ela, os pais são participantes ativos nos dois projetos, tanto em casa quanto na escola, durante os encontros da Roda da Leitura.

    “Foi um trabalho de muito incentivo, motivação e persistência da equipe escolar, que culminou numa grande adesão da família ao gosto e prazer pela leitura”, ressalta a professora Isabel Cristina de Moura, 25 anos de magistério, que dá aulas a turmas do segundo ano. De acordo com ela, os dois projetos, que se complementam, contribuem para a formação da cidadania e viabilizam resultados surpreendentes na aprendizagem dos alunos.

    Realizados o ano inteiro, os projetos têm encerramento em cada fim de semestre por meio de gincana ou sarau literário ou cultural. Além disso, toda a escola dedica-se à leitura, duas horas por dia, às terças e quintas-feiras. Às quartas-feiras, um horário específico é destinado à produção de textos.

    Fátima Schenini

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  • Projeto desenvolvido na escola sul-mato-grossense pretende estimular o hábito da leitura entre os 680 estudantes matriculados, da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental (foto: João Bittar–arquivo MEC)Na Escola Municipal Professor Virgílio Alves de Campos, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, o incentivo à leitura é uma preocupação constante e faz parte de diferentes projetos. A Roda de Leitura, realizada na Biblioteca Pedro José da Silva, é exemplo de projeto programado para estimular o hábito entre os 680 estudantes matriculados na instituição, da educação infantil até o nono ano do ensino fundamental.

    De acordo com Analu Roncaglio Fernandes, funcionária da biblioteca, a Roda de Leitura é uma atividade pré-agendada, realizada com uma turma diferente a cada dia. Começa com a narração de uma história. Depois, os estudantes fazem leitura livre e escolhem um livro para ler em casa.

    Outro exemplo de projeto é a Roda do Meio Ambiente e Saúde, criada para incentivar a leitura, despertar a consciência ecológica e os cuidados com a saúde e o meio ambiente. Segundo Analu, um setor da biblioteca reúne livros, revistas, gibis e outras publicações sobre esses temas. O material está à disposição dos professores.

    A Sacola da Leitura é outro projeto. O nome vem do material, feito em tecido, usado para acondicionar a obra a ser levada pelo estudante para a leitura em casa. Na sacola vão também orientações para pais e responsáveis. A cada dia, três alunos de cada série podem escolher um livro, que deve ser devolvido à escola depois da leitura.

    Gibi— A professora Mônica Inácio de Oliveira Prestes, que leciona nos anos iniciais do ensino fundamental, desenvolveu vários projetos de estímulo à leitura nos 15 anos de atuação no magistério. Atualmente, tem trabalhado com o Projeto Gibi. “Uma vez por semana, os alunos vão à biblioteca, escolhem gibis de um tema único para toda a sala e os levam para ler em casa no fim de semana”, explica Mônica. Depois da leitura, cada estudante deve elaborar de três a cinco perguntas sobre a história para fazer aos colegas na sala de aula, de forma a gerar um debate sobre os temas.

    Formada em pedagogia, com licenciatura plena em educação infantil e ensino fundamental e pós-graduação em mídias na educação e psicopedagogia clínica e institucional, Mônica trabalha também com o projeto Ciranda da Leitura. “Os alunos estão lendo, em média, oito livros da roda por mês, com um resultado significativo na melhoria da leitura e da escrita”, revela.

    Nesse projeto, cada aluno escolhe duas obras. Depois, as troca com os colegas. Após a leitura, os estudantes relatam, recontam e ilustram o que leram e respondem a perguntas dos colegas. Algumas vezes, os familiares participam das atividades, ao recontar as histórias.

    Fátima Schenini


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  • A professora Maria Rosana defende a necessidade de as crianças aprenderem a ordenar os pensamentos e a usar as regras do idioma para expressá-los: “Depois de jovens e adultos, podem se manifestar sem medo” (foto: arquivo da professora)Professora de português, Maria Rosana Guimarães Zwieczykowski acredita na importância de escrever bem. Tanto que desenvolve atividades para levar os estudantes a evoluir na redação. “Quando eles adquirem essa habilidade, podem expressar as ideias de forma clara e objetiva e, assim, ser entendidos”, justifica.

    Maria Rosana defende a necessidade de as crianças aprenderem a ordenar os pensamentos e a usar as regras do idioma para expressá-los. “Depois de jovens e adultos, podem se manifestar sem medo e, dessa forma, ser aceitos pelos demais”, ressalta a professora, que atua no magistério público do Paraná há 25 anos e há 19 leciona no Colégio Estadual Professor Dario Veloso, do município de Mallet. Ela tem alunos do ensino fundamental e médio e do curso de formação de docentes.

    Para a professora, erros ortográficos comprometem a imagem profissional. Por isso, a preocupação em capacitar os alunos para a escrita e, assim, ajudá-los a se tornar cidadãos mais seguros e confiantes.

    No primeiro semestre deste ano, Maria Rosana desenvolveu o projeto Cuidando do Meio Ambiente, para incentivar a escrita entre os alunos do 6º ano do ensino fundamental e colaborar na criação de uma consciência cidadã. Os estudantes foram desafiados a enviar cartas à população do município para tratar de temas como lixo e limpeza urbana. “Deu bons resultados”, garante.  “Os alunos, motivados, escreveram outras cartas para falar sobre os cuidados para evitar a dengue.”

    Algumas cartas foram publicadas no jornal da cidade. “Eles gostam quando as cartas aparecem no jornal e querem escrever bem para que sua produção seja a escolhida”, revela Maria Rosana. “Muita gente comentou, as cartas foram lidas em outras escolas, e isso é um incentivo para que os alunos melhorem cada vez mais a escrita.” Na próxima etapa, as cartas tratarão da importância da preservação das nascentes e rios do município.

    Leitura — Outro projeto desenvolvido por Maria Rosana com os alunos do 6º ano é voltado para a leitura. “Ela é a base para a boa escrita”, garante. Nesse projeto, os estudantes são estimulados a pegar livros nas bibliotecas da escola e do município, por empréstimo. Os que mais leem recebem prêmios. “É gratificante perceber que todos os alunos se empenham para participar do concurso”, diz. “Com isso, estão criando o hábito da leitura, e as produções estão cada vez melhores e mais criativas.”

    Com os estudantes do 9º ano, a professora desenvolve, desde o ano passado, um projeto de blogue. “Eles fazem tudo: criaram o blogue, escrevem e postam. Eu apenas incentivo e ajudo.” Com alunos do 3º ano do ensino médio, o projeto envolve a leitura de temas polêmicos, de interesse dos próprios estudantes. Cada grupo fica com um tema. A partir da leitura, os alunos selecionam informações, vídeos, charges, notícias e outros textos sobre o assunto e os apresentam ao restante da turma. Depois da apresentação e de debate sobre o tema, eles produzem texto dissertativo.

    “Desde que comecei a trabalhar dessa maneira, percebo que as produções melhoraram muito, pois eles têm mais facilidade para escrever quando conhecem melhor o assunto”, justifica. Maria Rosana tem graduação em letras e pós-graduação em língua portuguesa e literatura e em mídias da educação.

    Fátima Schenini

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  • Com o telefone celular, é possível, ao apontar para o desenho no livro, ver as figuras em 3D, no formato realidade aumentada (foto: divulgação)Dois estudantes do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) desenvolveram um aplicativo para smartphone que usa a realidade aumentada em livros infantis. Paula Simão da Costa e Sidney Ferreira Coutinho, alunos do curso técnico em programação de jogos digitais do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), em Santos (SP), criaram o projeto Aprender: Incentivo à Leitura no Processo de Alfabetização. A proposta é estimular a leitura e torná-la mais atrativa para as crianças,

    Com uma câmera de telefone celular, a criança, ao apontar para o desenho no livro, consegue ver as figuras em 3D, no formato realidade aumentada, algumas com animações. Também é possível ouvir o áudio da história e fazer pausas, quando necessário. “Estamos aprimorando o aplicativo para que ele fique cada vez melhor e com mais opções”, disse Paula.

    Por se destacar como projeto inovador, o aplicativo concorreu ao concurso Projeto Neorama, iniciativa da prefeitura de Santos para incentivar o empreendedorismo. No evento, os alunos conquistaram o primeiro lugar ao concorrer com estudantes de 35 escolas técnicas. “Montamos um estande para fazer a apresentação do aplicativo ao nosso público-alvo, as crianças, que amaram a invenção”, disse Paula. “Os pais queriam até comprar o livro, mas ainda não está disponível.”

    De acordo com a estudante, a próxima etapa do projeto é a do lançamento dos livros no mercado. “Gostaríamos de fazer parceria com alguma editora para que os livros possam ser comercializados”, afirmou.

    Mais informações sobre o aplicativo podem ser conferidas no vídeo do Projeto Aprender.

    Programa — Criado em outubro de 2011, o Pronatec tem como proposta expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes para jovens e trabalhadores, de forma a promover a inclusão social e o aumento da competitividade e da produtividade no país. O Pronatec também atua na melhoria da qualidade do ensino médio, em articulação com a educação profissional.

    São ofertantes do Pronatec os institutos federais de educação, ciência e tecnologia, as redes estaduais de educação profissional, os serviços nacionais de aprendizagem e instituições particulares.

    Assessoria de Comunicação Social, com informações da Setec

  • Mediada pela princesa Laurentien, da Holanda, a oficina reuniu em Belém representantes de todos os continentes para debater o incentivo à leitura para jovens e adultos (Foto: Divulgação/Confintea)Belém — Despertar o hábito de ler em pessoas que só conheceram as primeiras palavras escritas na juventude ou na vida adulta foi assunto de debate na quarta-feira, 2, na 6ª Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos (Confintea), em Belém. Reunidos na oficina Cultura da Leitura e Ambiente de Leitura para Jovens e Adultos, mediada pela princesa Laurentien, da Holanda, expositores e participantes dos cinco continentes expuseram problemas e experiências bem-sucedidas em seus países.


    Da organização indiana Planet Read, cujo lema é Leitura para um Bilhão, Brij Khothari relatou que muitos indianos estão reforçando as habilidades de leitura por meio da televisão. “Constatamos que 700 milhões de pessoas tinham acesso à tevê e assistiam às produções nacionais de cinema”, afirmou. Muito populares no país, os filmes indianos frequentemente trazem música e dança em dialetos locais — são 22 no país. Para atrelar a leitura a um hábito de vida de muitos indianos, a organização resolveu colocar legendas nos filmes. “Assim, a pessoa pode fazer o que gosta e, ao mesmo tempo, ler o que o ator está falando ou cantando.”


    A maioria dos participantes concordou que o hábito de leitura precisa estar ligado a áreas de interesse do leitor. A canadense Ellen Szita, da organização não governamental Lifelong Learning for Women, revelou que o neto só aprendeu a ler depois de o professor apresentar a ele textos sobre hóquei, o esporte preferido do garoto.


    De acordo com Brij, em países como a Índia, com grande população e crescente interesse por mídias como a tevê e a internet, não se pode desprezar o alcance dos meios digitais e o apelo que têm com o público jovem e adulto. “É nisso que as pessoas estão interessadas”, destacou. Na Índia, atestou Brij, as legendas na televisão ajudaram cerca de 200 milhões de pessoas a ler melhor.


    Continuidade — Na Nicarágua, a continuidade nos estudos em escolas públicas reforçou a capacidade de ler de jovens e adultos. Segundo Odilí Rios, especialista da Organização dos Estados Americanos (OEA), de 500 mil pessoas recém-alfabetizadas, 38% demonstraram saber ler apenas informações muito básicas, como letreiros de lojas e ônibus. “Descobrimos que aquelas que liam com fluidez continuaram a estudar depois da alfabetização”, disse. Na opinião de Odilí, está claro que o processo de leitura é gradual. “A pessoa vai reforçando o conhecimento ao longo da vida, se estiver exposta a ambientes estimulantes.”


    A fim de estimular a leitura pelo tradicional uso dos livros didáticos e de literatura, a princesa Laurentien destacou que os livros destinados a leitores em formação nessa faixa etária não podem ser os mesmos das crianças. “Devemos levar em consideração o modo de pensar do adulto”, avaliou.


    Nesse caso, o Brasil está avançando, de acordo com a coordenadora-geral de formação e leitura da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do Ministério da Educação, Carmem Gato. “Já estamos na terceira edição do Prêmio Literatura para Todos, que premia autores de livros específicos para esse público”, afirmou.

    Maria Clara Machado

  • A partir de um exercício escolar, as irmãs começaram a fazer gravações até chegar ao canal de vídeo com sugestões de literatura infantil (foto: Ana Carolina Trotta, arquivo pessoal)Acostumadas aos livros, as irmãs Beatriz e Juliana Mello, de 7 anos de idade, iam bem na segunda série, mas precisavam melhorar a produção de textos. A solução apontada pela escola foi a leitura em voz alta. E, para estimular, gravar o momento para que elas mesmas se avaliassem. Foi assim que o simples exercício acabou se transformando em canal de vídeos no YouTube, feito por crianças e para crianças.

    “Na hora de gravar, sugeri que contassem um pouco o que acharam do livro para ficar mais divertido”, conta a mãe das gêmeas, Ana Carolina Trotta, 39 anos. “Ao terminar, elas viram e pediram para mostrar ‘para todos os amigos e todas as crianças’.”

    O primeiro vídeo foi postado em setembro de 2015, quando o canal Dicas da Bia e da Juju ainda nem tinha nome. Seis meses se passaram e, com a mesma espontaneidade do começo, as meninas seguem com o projeto de literatura infantil até hoje.

    A ideia inicial não era ambiciosa. Mas, com a exposição, chegou a preocupar Ana Carolina. “Como era um assunto que acho importante, acabei cedendo; hoje, fico feliz com o resultado”, diz. Na casa dessa família carioca, leitura sempre foi tema de interesse e de incentivo. Desde bebês, Beatriz e Juliana são estimuladas pelos pais a cultivar esse hábito. “Até hoje, mesmo elas já sabendo ler, às vezes revezamos as páginas para lermos juntas”, conta a mãe.

    Como brincadeira de criança, que não precisa de muito para ser divertida nem tem hora para acontecer, as garotas gravam quando e sobre os livros que querem. As coleções Go Girl, Bruxa Onilda, Bruxinha Winnie e Casa Amarela são as que Juliana mais gosta. Mas as revistinhas da Turma da Mônica, do Menino Maluquinho e do Riquinho também têm lugar cativo na leitura da menina.

    Preferência — Entre os “muitos livros” de que Beatriz gosta, chama atenção a preferência por autores consagrados como Ziraldo, Ruth Rocha e Ana Maria Machado. Talita Rebouças para crianças, histórias sobre animais e princesas, além das revistinhas que a irmã também curte, são outros exemplos das leituras de Bia.

    “Elas já gostam muito de livros e de gibis também. Com o canal, o assunto ficou mais presente na vida delas e acabaram lendo mais”, conta Ana Carolina, que também notou melhora na pontuação e na estrutura das frases construídas pelas meninas.

    Incentivos – A escola da rede particular onde as irmãs estudam tem projetos de estímulo à leitura e compartilhamento de livros, incluindo uma biblioteca na sala de aula, abastecida pelos próprios alunos. Mas um fator importante para Bia e Juju já serem leitoras, mesmo tão pequenas, é o ambiente familiar. Para elas, ver avós e pais com livros nas mãos sempre foi comum, e as histórias escritas aparecem em vários momentos da vida das irmãs. Sem rotina ou pressão.

    “Uma mania que eu e meu marido sempre tivemos é, nas idas ao shopping, parar em uma livraria específica, e elas já pedem para ir lá. Adoram”, garante a mãe, que também se deixou influenciar pelo canal Dicas da Bia e da Juju. Formada em marketing, com pós-graduação em gestão de negócios, Ana Carolina começa a rascunhar projeto de livros diferentes voltados para crianças. Uma iniciativa que começou com o principal incentivo que a mãe recebeu das crianças: o de voltar a ler pela experiência com as histórias, não apenas por obrigação.

    Depois da maternidade e com os afazeres do trabalho, ela confessa ter se distanciado do hábito da leitura, reservando esse momento quase sempre apenas para as filhas. “Coloquei um desafio de ler pelo menos 12 livros ‘para mim’ este ano e já estou terminando o terceiro”, afirma. “Elas não só ajudam outras crianças, como me ajudaram a me reconectar com uma antiga paixão.”

    Uma amostra de que qualquer um, em qualquer idade, de maneira simples, pode ajudar a criar, ou a recriar, um leitor.

    Assessoria de Comunicação Social

    Ouça:

  • “A maior dificuldade de aprendizagem apresentada pelos estudantes está na apropriação da escrita e da leitura”, afirma a professora Andrea Job de Souza, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. Guilherme Hildebrand, no município gaúcho de Santa Cruz do Sul. “Não há fórmula mágica para fazer o aluno aprender mais rapidamente; cada aluno ou turma tem a própria trajetória. Ou seja, seu próprio tempo.”

    Há sete anos no magistério, Andrea salienta que em 2014, as principais dificuldades também têm recaído “na aquisição de uma leitura fluente e na escrita correta das palavras”. Segundo ela, é necessário estimular a capacidade de aprender de cada um, além de valorizar e incentivar cada avanço dos alunos.

    À frente de uma turma de terceiro ano e de outra de reforço escolar, Andrea ressalta que o desenvolvimento de projetos que envolvam o hábito da leitura em sala de aula tem trazido avanços satisfatórios à prática pedagógica. “Diariamente, proporciono um espaço para que isso aconteça de maneira prazerosa e se desenvolva o gosto pela leitura”, destaca a professora, que tem formação em pedagogia e pós-graduação em educação infantil. Ela tenta fazer os estudantes perceberem que cada letra e cada sílaba representam um som e que cada palavra faz parte de um contexto e pode contar uma história.

    O planejamento deste ano inclui trabalhar passo a passo, a partir do conhecimento do potencial de cada aluno, para ampliar os conhecimentos e flexionar atividades e conteúdos de acordo com as dificuldades por eles apresentadas.

    Em 2013, Andrea teve um aluno diagnosticado com dislexia. Durante todo o ano, ela trabalhou com o som que cada letra e cada sílaba faziam quando se juntavam, associando sempre som e imagem. “A maior barreira superada por aquele aluno tinha relação com a autoconfiança em sua capacidade de ler”, analisa. Assim, à medida que adquiria mais confiança em si mesmo e na professora, o estudante controlava o nervosismo e a ansiedade que demonstrava inicialmente.

    A partir dos bons resultados obtidos com esse aluno, a professora resolveu dar ênfase, com a turma deste ano, à realização de trabalhos diferentes e ao atendimento diário, na mesa de cada estudante, a fim de acompanhar o processo de desenvolvimento das atividades.

    Avaliação — Supervisora escolar na mesma instituição de ensino, Mara Núbia Sandim revela que os principais problemas de aprendizagem detectados entre os alunos, embora haja alguns casos de dislexia, são o déficit de atenção e a hiperatividade. De acordo com Mara, os professores são orientados a planejar atividades diferentes e a realizar avaliação flexível, com exercícios variados, testes escritos e orais e trabalhos específicos para cada problema de aprendizagem. “A escola procura sempre atender o aluno em suas necessidades de aprendizagem e, quando há professores com carga horária disponível, é organizado reforço pedagógico no turno contrário ao das aulas”, salienta.

    Caso detecte algum problema de aprendizagem, o professor é orientado a encaminhá-lo à supervisão pedagógica, que o analisa com a área de orientação educacional. Os aspectos nos quais o aluno apresenta dificuldades são discutidos para a elaboração de estratégias de atendimento, com a realização de atividades diversificadas em sala de aula. “A família é chamada, pois muitas vezes desconhece o problema”, diz Mara.

    Quando se percebe que o estudante precisa de atendimento especializado, o caso é encaminhado à Secretaria de Educação e Cultura do município para que seja programado atendimento com equipe multiprofissional, composta por psicólogo, psicopedagogo e educador especial. “Em alguns casos, a família é orientada a encaminhar o estudante ao neuropediatra.”

    Há 25 anos no magistério e há oito na função de supervisora escolar na rede municipal de ensino, Mara tem pós- graduação em supervisão escolar e psicopedagogia.

    Fátima Schenini

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  • Valorizar a leitura e desenvolver o gosto dos alunos por essa atividade são os enfoques principais do Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI) desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Básico Poncho Verde, no município gaúcho de Panambi, desde fevereiro de 2014.

    Por meio dos projetos de leitura Autor na Escola e Momento Ler, mais de 500 estudantes do ensino médio politécnico, dos turnos diurno e noturno, tiveram oportunidade de ampliar conhecimentos e melhorar o vocabulário, além de preparar a mente para o estudo das disciplinas escolares. O aprofundamento de temas relacionados a preconceito e assuntos do cotidiano e o cultivo do respeito com os autores e suas obras foram outros benefícios.

    As primeiras ações começaram em fevereiro, a partir do contato da escola com a editora para a escolha e a compra dos livros e a divulgação do projeto na comunidade escolar. Em seguida, houve a formação de um grupo interdisciplinar e foi feita a entrega das obras aos alunos do ensino médio. No decorrer do ano, a escola foi visitada pelos autores Walmor Santos, Maria Inez Flores Pedroso, Orlando Fonseca e Pablo Moreno.

    “O programa Ensino Médio Inovador trouxe benefícios significativos para a escola”, diz Carini de Fátima Ribeiro Hinnah, professora de inglês e de língua portuguesa. “Os alunos tiveram oportunidade de ganhar obras literárias, bem como de conhecer pessoalmente os autores dos livros que ganharam.”

    Carini explica que a escola se manteve mobilizada para a leitura no decorrer do ano. “Toda a semana, durante 30 minutos, alunos, professores, funcionários e equipe diretiva paravam seus afazeres para a realização do Momento Ler”, salienta. Em sua visão, essa prática trouxe resultados excelentes. “Percebe-se a leitura sendo feita pelo prazer de ler, sem imposição deste ou daquele relatório”, justifica. Com graduação em letras e especialização em linguística e ensino da língua e da literatura, Carini está no magistério há 12 anos.

    Segundo Sandra Maria Ramos Schmidt, professora de língua portuguesa, os alunos ficaram mais interessados em ler, estudar e perguntar. Também melhoraram nas apresentações de trabalhos. “Até os alunos mais tímidos passaram a se expressar melhor”, avalia.

    Graduada em letras e há dez anos no magistério, Sandra destaca a apresentação de livros e paródias pelos alunos e a realização da hora da literatura, na qual eles faziam comentários sobre o que foi lido.

    Para a diretora da escola, Áurea Denise da Costa Menegon, o programa teve muita receptividade, com envolvimento de alunos e professores em todas as atividades propostas. De acordo com ela, o programa também contou com a participação de alunos e professores do ensino fundamental. “Eles se engajaram nas atividades do Momento Lere na aquisição de livros para a biblioteca”, ressalta.

    Há 19 anos no magistério e há oito no exercício da função de diretora, Áurea tem licenciatura plena em biologia e especialização em gestão e supervisão escolar.

    Fátima Schenini

  • O Prêmio Vivaleitura, promovido no Brasil desde 2005, chega à sétima edição. O prazo de inscrições, gratuitas, que terminaria nesta sexta-feira, 28, foi prorrogado até 13 de outubro. Este ano, serão premiados os seis melhores projetos nas categorias bibliotecas, escolas e sociedade. No total, serão premiados os 18 melhores projetos do país. Além de troféu, os responsáveis receberão R$ 30 mil.

    O Vivaleitura é uma iniciativa dos ministérios da Educação e da Cultura e da Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI). O incentivo à leitura faz parte das políticas do Ministério da Educação. Um exemplo é o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), que seleciona e distribui obras de literatura e de natureza teórico-metodológicas e periódicos às instituições de educação infantil e escolas de ensino fundamental e médio públicas de todo o país.

    As pessoas atendidas pela educação de jovens e adultos também recebem acervos literários. Em 2012, o PNBE beneficiou 22,3 milhões de estudantes em 148 mil escolas públicas. Foram comprados 10,4 milhões de livros, em um investimento de R$ 81,7 milhões. “Com ações de distribuição de materiais de leitura e de formação de professores leitores, passamos a criar uma cultura mais ampliada da prática de leitura nas escolas públicas”, disse Mônica Franco, diretora de formulação de conteúdos educacionais da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC.

    Segundo Mônica, a próxima ação do MEC será a adequação das bibliotecas escolares para abertura às comunidades vizinhas. “As bibliotecas das escolas precisam ser um espaço de convivência e de acesso a toda a população”, afirmou. Ações de incentivo à leitura nos anos iniciais da educação básica também fazem parte do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic).

    A secretária-executiva do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) do Ministério da Cultura, Lucilia Garcez, salienta que os projetos enviados ao Vivaleitura devem visar a formação de leitores, que é o objetivo do prêmio. “Vivemos num país em que 50% da população declara não ler e 75% nunca entrou numa biblioteca”, disse. “Queremos mudar essa realidade.”

    Vencedor — O projeto A Volta ao Mundo em Mil e Uma Histórias, coordenado pela bibliotecária Elane de Oliveira, da Escola Municipal Professor Vercenílio da Silva Pascoal, na periferia de Vitória, Espírito Santo, foi o vencedor do Vivaleitura de 2011, na categoria escolas públicas e privadas. Elane descobriu que os alunos gostavam de ler, mas desconheciam os contos clássicos e os países em que foram escritos.

    De forma lúdica, a bibliotecária criou um projeto que uniu geografia e literatura clássica. “Era muito prazeroso ver os alunos buscar as histórias apresentadas, formando lista de espera por aqueles livros”, afirmou Elane. “O empréstimo de livros da biblioteca aumentou em mais de 300%.”

     

    Para concorrer ao Prêmio Vivaleitura devem ser inscritas experiências iniciadas antes de 2010, comprovadamente, e que estejam em curso até o dia da inscrição. Experiências realizadas e concluídas em 2011 também podem ser apresentadas. As inscrições devem ser feitas na página do prêmio na internet. Na mesma página é possível conferir todos os projetos vencedores de edições anteriores. Mais informações no edital do Prêmio Vivaleitura.


    Rovênia Amorim
  • O professor Sérgio de Jesus resume a ideia do projeto: “As principais atividades consistem na leitura de obras literárias como suporte ideológico, social e, ao mesmo tempo, cultural, na prática da produção escrita” (foto: arquivo do professor)Levar os estudantes a uma compreensão melhor do processo de aprendizagem da escrita e proporcionar experiência mais agradável e produtiva em relação ao ato de escrever é o objetivo do 1º Simpósio sobre Práticas Discursivas na Amazônia, promovido pelo campus de Cacoal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), esta semana.

    O evento, que tem como tema o Texto como Prática Social, será realizado até sábado, 15. O simpósio faz parte do projeto Língua, Linguagem e Literatura, desenvolvido desde 2013 pelo professor Sérgio Nunes de Jesus. Criado para atender estudantes do próprio campus, o projeto foi ampliado em 2014 e passou a abranger outras instituições de ensino da região interessadas em ajudar alunos com dificuldades no processo textual.

    Com duração de um ano letivo, o projeto desenvolve o processo interdisciplinar do texto em diferentes situações na educação básica, de forma a conciliar os conhecimentos e as práticas dos estudantes. “As principais atividades consistem na leitura de obras literárias como suporte ideológico, social e, ao mesmo tempo, cultural, na prática da produção escrita do texto científico, produzido após análises com apresentações em formato de banners”, explica o professor. Também ocorrem práticas de leitura e análise do livro-texto Produzir Texto na Educação Básica, de Celso Ferrarezi Júnior e Robson Santos de Carvalho, quando são usadas técnicas do ato de redigir e escrever como prática metodológica.

    Segundo o professor, inúmeros alunos foram beneficiados nesses três anos de realização do projeto, não só com aprovação em vestibulares, mas com o reconhecimento social. Há 21 anos no magistério, Sérgio dá aulas de língua portuguesa, literatura e produção de textos em turmas dos cursos técnicos em agropecuária e em agroecologia e de metodologia do trabalho científico, no curso de licenciatura em matemática. Com licenciatura em letras (inglês–português), ele tem mestrado em linguística e doutorado em educação.

    Concurso — No campus do instituto em Colorado do Oeste é desenvolvido este ano o projeto Poder da Palavra, com professores das redes municipal, estadual e particular de ensino do município. Criado pelo professor Moisés José Souza, visa a discutir e fomentar iniciativas que respaldem o trabalho com as práticas discursivas. “Em sala de aula, faz-se necessário, sobretudo no trabalho com a língua portuguesa, contemplar as práticas discursivas”, salienta Moisés. “Por meio delas, ao conhecer as nuances e usos, os alunos podem desempenhar significativamente a linguagem no cotidiano, expressando-se com eficácia.”

    O projeto é dividido em três partes. A primeira propicia momentos de estudo para os professores de língua portuguesa, com discussões para troca de relatos de experiências e estratégias; a segunda fomenta a produção de textos em sala de aula; a terceira é um concurso de produção de textos voltado para alunos de escolas públicas e particulares de educação básica, ensino técnico, tecnológico e superior de todo o município. “São atendidos cerca de 4.550 estudantes”, ressalta Moisés.

    O projeto contempla seis gêneros textuais. Assim, os alunos dos três primeiros anos do ensino fundamental podem participar no gênero desenho–ilustração; do 4º e 5º anos, fábula; do 6º e 7º anos, poema; do 8º e 9º anos do ensino fundamental e 1º ano do ensino médio, memórias; do 2º e 3º anos, artigo de opinião. Os do ensino superior, artigo científico.

    No dia 21 próximo, será realizado o evento de encerramento, com a premiação dos dez melhores textos em cada categoria e apresentações culturais das escolas envolvidas.

    Há 20 anos no magistério, Moisés tem graduação em letras, especialização em língua portuguesa e mestrado em educação. Ele leciona em turmas do ensino médio, técnico, tecnológico e superior.

    Fátima Schenini

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  • Para satisfação dos professores, alunos que gostam de ler, apresentam bom nível de interpretação de textos e frequentam bibliotecas são realidade na Escola Municipal de Ensino Fundamental Atayde Machado, de Jaraguá do Sul, no nordeste de Santa Catarina. Os bons resultados obtidos pelos estudantes podem ser atribuídos às orientações do Projeto de Incentivo à Leitura, da Secretaria de Educação do município, adotadas na escola e em outras 30 unidades da rede municipal de ensino desde 2007.

    “O aluno passa a compreender melhor o mundo, a adquirir conhecimentos e a ser um cidadão crítico e consciente”, afirma a articuladora do projeto, Andreia Silveira Camillo. Além de aumentar o interesse dos alunos pelos livros, o projeto modificou o comportamento de alunos, pais, professores e funcionários. “Tornaram-se leitores mais assíduos”, comemora a professora.

    Para a diretora da escola, Karin Hansen Voigt, o projeto abriu mais portas para a leitura e para o exercício da criatividade. “Consequentemente, foi despertado o gosto pela leitura, com formação de novos leitores e revelação de talentos adormecidos”, analisa. Há 21 anos no magistério, cinco dos quais na direção da escola, que atende 230 alunos, Karin tem graduação em letras e especialização em psicopedagogia.

    A cada ano, são tomadas decisões sobre a nova edição do projeto, como temas e escolha dos autores. “Quando os professores podem opinar e decidir o que querem, o projeto acontece de forma muito mais efetiva e alcança melhores resultados”, diz Dionara Radünz Bard, auxiliar de biblioteca. Graduada em letras, com pós-graduação em línguas modernas – português e inglês, ela trabalhou como professora durante 20 anos.

    Acervo— Segundo Dionara, a biblioteca escolar tem um acervo muito rico, com mais de quatro mil títulos de literatura. Também há estantes com livros, revistas, gibis e jornais em áreas como o pátio coberto, refeitório e sala dos professores. Mais obras estão disponíveis nos cantinhos de leitura, nas salas de aula.

    Todos os professores participam do projeto de leitura. “Cada um aproveita o que acha interessante e adequado para a sua disciplina”, salienta Dionara. No desenvolvimento dos trabalhos são incluídas atividades variadas e diferentes formas de contar histórias, como fantoches, teatro de sombras e dramatizações, além de diversas técnicas de leitura.

    “Levo jornais para a sala de aula, para leitura de textos. Levo também revistas para que os alunos possam ver como são escritas as cartas dos leitores e para apreciação de artigos de divulgação científica”, revela o professor José Ediberto Torizani, de língua portuguesa. Além disso, ele lê para os alunos histórias em capítulos. “Já li, por exemplo, Descanse em Paz, Meu Amor e A Droga da Obediência, de Pedro Bandeira, e estou lendo A Menina que Fez a América, de Ilka Brunhilde Laurito”.

    Torizani, que dá aulas a turmas das séries finais do ensino fundamental, já observou maior concentração de alunos durante as atividades na biblioteca e um posicionamento crítico em relação ao que eles leem. “Os estudantes conseguem, por exemplo, avaliar a qualidade de uma obra literária”, afirma. O professor também notou resultados relacionados à produção textual, como uso de figuras de linguagem e de estruturas gramaticais, além de criatividade. Graduado em letras, Torizani tem mestrado em ciências da linguagem e especialização em leitura e produção de textos.

    Uma atividade que envolve toda a comunidade escolar é o tempo de leitura, período de 15 minutos no qual cada um pode ler o que quiser, no espaço que quiser. Isso ocorre logo após o encontro semanal, no pátio, para cantar o Hino Nacional, da Bandeira, do estado ou do município. No fim desse tempo, todos voltam para seus locais habituais de trabalho.

    De acordo com a professora Andreia, além dos temas definidos pela comunidade escolar, a Secretaria da Educação sugere outros, a ser trabalhados nos projetos das escolas, como culturas africana e indígena e inclusão de pessoas com deficiência.

    Cada escola desenvolve as ações desenvolvidas dentro do projeto, no decorrer do ano, com participação de toda a comunidade. No quarto bimestre do ano letivo, os articuladores de leitura apresentam as ações desenvolvidas em cada escola às demais unidades da rede municipal. “É nesse momento que ocorre a troca de ideias e a melhoria do projeto de incentivo à leitura para o ano seguinte”, diz Andreia.

    Fátima Schenini

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