O Japan Bank for International Cooperation (JBIC), organismo constituído de 100% de capital do governo japonês, vai investir em projetos da educação superior no Brasil, voltados para o mercado de trabalho. Para isso, encomendou um estudo da educação no país. Nesta quinta-feira, 29, representantes do banco estão em Brasília, no Naoum Plaza Hotel, discutindo os resultados do estudo com pesquisadores e dirigentes do MEC.
Na abertura do encontro, o secretário de Educação Superior, Nelson Maculan, explicou que desde a visita do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Japão, em maio, foram firmados acordos entre os dois países e houve a compreensão de que o Japão faria investimentos na educação superior no Brasil. Segundo Kioi Kubo, coordenadora de projetos do JBIC, não está decidido o valor do investimento. “Vamos levar o resultado do seminário para a matriz do banco, no Japão”, disse. A perspectiva é de que o financiamento comece a ser feito já em 2006.
O estudo setorial da educação no Brasil foi feito pela empresa Paulo Renato Consultores e pelo Núcleo de Políticas Públicas da Unicamp. Com seis capítulos, apresenta uma visão geral da educação, desde 1910, contemplando educação básica, ensino superior, educação e mercado de trabalho, estudo de casos e conclusões. Nesta última, identifica áreas possíveis de colaboração do JIBC com o Brasil.
O estudo sugere expandir a educação profissional de nível superior, além de apoiar a reforma curricular na área de formação de professores, a melhoria de gestão nas instituições federais de ensino superior (Ifes) e a autonomia e financiamento nas Ifes, além de focalizar um projeto integrado na região Norte do país, entre outras medidas.
Reforma – O secretário Nelson Maculan ressaltou as políticas do MEC como a reforma da educação superior, expansão das universidades e a interiorização dos campi, financiamento estudantil e programa Universidade para Todos. Ele explicou que recebeu os representantes do JBIC em sete audiências e que há interesse do MEC que os investimentos do banco beneficiem os hospitais universitários, entre outros setores.
Kazuhiro Yoshida, representante do JBIC, falou sobre a importância da educação para formar valores e atitudes, reduzir desigualdades e contribuir para o mercado de trabalho. “As recomendações do seminário nos darão alicerce para o diálogo e as estratégias para investirmos em educação e recursos humanos no Brasil”, disse.
Participaram também da abertura do seminário, o ministro Shigeru Otake, chefe do Departamento Econômico da Embaixada do Japão no Brasil; o representante chefe do JBIC no Brasil, Taketoshi Aikawa; os representantes do Ministério do Trabalho, Fábio Sanches; e do Ministério da Ciência e Tecnologia, José Roberto Drugowich. O seminário prossegue até às 17h30, desta quinta-feira, em Brasília.
História – O relacionamento oficial entre Brasil e Japão começou em 1895, quando foi selado o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. Entre os países asiáticos, o Japão é o que tem mais longo vínculo com o Brasil. A população de japoneses e descendentes soma 1,3 milhão de pessoas, concentradas principalmente em São Paulo e Paraná.
Criado em 1999, o JBIC tem orçamentos aprovados pelo Congresso japonês e atividades operacionais especificadas na Lei do JBIC. É um organismo de apoio ao desenvolvimento das estruturas socioeconômicas dos países estrangeiros, promovendo o fortalecimento das relações econômicas entre o Japão e a comunidade internacional.
No Brasil, apóia projetos como o de auto-suficiência do petróleo e modernização de refinarias; de interligação elétrica norte-sul; de melhoramento dos serviços médicos; e o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Pantanal. Mais informações na página eletrônica do JBIC.
Repórter: Susan Faria