O projeto Escola de Fábrica, uma iniciativa do governo federal executada pelo Ministério da Educação, tem dado a muitos jovens a oportunidade de aprendizado e do primeiro emprego. Inspirado em experiências bem-sucedidas de setores sociais e econômicos no país, como o programa da Fundação Pescar do Rio Grande do Sul, o objetivo do Escola de Fábrica é ensinar uma profissão e incluir jovens de baixa renda no mercado de trabalho.
A inserção se dá por meio de cursos de iniciação profissional no próprio ambiente das empresas. O resultado, para o aluno, é a geração de renda e a sua inclusão social. Para a empresa, é a capacitação de profissionais aptos para atuar nas mais diversas linhas de produção.
Segundo o coordenador do Escola de Fábrica na região Sul, Paulo Ritter, o projeto consegue capturar a complexidade da economia brasileira com cursos que contemplam a diversidade dos ramos produtivos. “São cursos adaptados às dimensões do novo mercado de trabalho que está surgindo, que inclui serviços que, muitas vezes, faltam no mercado de trabalho.”
Exemplo disso é o jovem Thiago Gardini, de 18 anos, que está finalizando o curso de auxiliar de elastômeros na empresa do setor automobilístico Freios Controil Ltda., sediada em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre. Para Thiago, que inclusive já está empregado junto com outros 13 colegas, o curso permitiu que conhecesse todos os métodos de produção da empresa. A oportunidade, que rendeu ao aluno o seu primeiro emprego, surgiu quando estava finalizando o ensino médio na rede pública.
“Estou aprendendo muito e me aperfeiçoando profissionalmente, e quero permanecer na empresa”, conta Thiago. Outro benefício recebido pelos alunos que cursam o Escola de Fábrica na empresa é a possibilidade de receber um auxílio para custear cursos universitários, que pode alcançar até 70% das mensalidades.
Capacitação – Para a coordenadora do projeto na Freios Controil, Diulnéia Granja Pereira, formar pessoal para trabalhar como auxiliar de elastômeros (profissional apto a operar injetoras de mangueiras e borrachas) também é muito vantajoso para a empresa. Conforme Diulnéia, o lucro é a capacitação de uma mão-de-obra que a empresa prepara, ressaltando seus valores e cultura próprios. “O benefício para empresa, no caso do curso de elastômeros, por exemplo, é a dificuldade que existe em se encontrar no mercado profissionais capacitados”, afirma. Na empresa, além das aulas profissionalizantes, os alunos também têm aulas nas disciplinas de ética profissional, higiene da saúde, medicina do trabalho, desenvolvimento profissional e legislação trabalhista.
Paulo Ritter diz que o projeto Escola de Fábrica, desde que foi criado, em setembro de 2005, vem obtendo ótimos resultados. Na sua opinião, o Escola de Fábrica permite uma visão inovadora da escola regular. “O horizonte intelectual do aluno é ampliado para temas transversais, que não ficam apenas no campo profissional, como direito e cidadania, direitos humanos, saúde do trabalhador e prevenção de doenças.” Conforme Paulo, a expectativa é que 60% dos alunos matriculados no programa no Rio Grande do Sul tenham aproveitamento no mercado de trabalho.
Escola de Fábrica – O público beneficiado com o projeto é formado por estudantes com renda per capita familiar de até 1,5 salário que estejam matriculados na rede pública regular do ensino básico ou nos programas educacionais do governo federal. Em 2005, o investimento do governo federal para custeio do programa foi de R$ 25 milhões, divididos em bolsa-auxílio mensal de R$ 150,00 por aluno (durante o período do curso), e de R$ 30 mil às unidades gestoras para a elaboração da proposta pedagógica do curso e formação de professores. Em 2006, a previsão de investimento é de R$ 54 milhões. Os recursos são oriundos do Programa de Expansão da Educação Profissional (Proep).
Na primeira fase do programa, foram abertas 558 escolas em fábricas de diferentes segmentos da economia, dentre os quais, metalurgia, agricultura, marcenaria, hotelaria. Ao todo, são 12 mil jovens, de 16 a 24 anos de idade, beneficiados em 250 municípios brasileiros. A meta do Ministério da Educação, até o final de 2006, é formar um total 40 mil jovens em todo o país.
Repórter: Cristiano Bastos