O Ministério da Educação em parceria com 17 universidades federais aumenta este ano oferta de vagas do programa Escola de Gestores. As vagas em cursos de especialização e de atualização passam de quatro mil, oferecidas em 2007, para 6,6 mil no primeiro semestre de 2008. O número de instituições sobe de dez para 27 e os cursos terão início a partir de 15 de março.
O Escola de Gestores é uma das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em abril de 2007. Seu objetivo é qualificar diretores e vice-diretores das escolas públicas da educação básica, na perspectiva da gestão democrática e do direito à educação de qualidade. Durante um ano, os 6,6 mil dirigentes de escolas públicas vão estudar, discutir práticas com colegas e com especialistas das universidades e exercitar modelos de gestão democrática. Entre os resultados que o Ministério da Educação espera da formação de gestores, está a melhoria dos índices de desenvolvimento da educação básica (Idebs).
De acordo com o diretor do Departamento de Fortalecimento Institucional de Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica, Arlindo Queiroz, o curso começa com a inclusão digital obrigatória dos dirigentes, porque a pós-graduação e a atualização são a distância. “Além de dominar essa tecnologia, o diretor tem entre suas tarefas construir o portal da escola na internet”, explica. Outra tarefa do gestor é socializar as informações com o colegiado da escola, de modo a criar um ambiente propício às mudanças propostas pelo curso.
O modelo da Escola de Gestores, diz o diretor, prevê uma estreita relação entre as universidades e a rede de educação básica. “Ao dialogar com a universidade, a escola ganha novos elementos para qualificar a gestão e o saber, e a universidade colhe desafios e dilemas para continuar suas pesquisas.” Do intercâmbio desta parceria, a Secretaria de Educação Básica (SEB) espera novas teses de mestrado e doutorado que devem subsidiar as próximas ações do Escola de Gestores e do PDE.
Dados do Censo Escolar de 2004 indicam que 69,79% dos dirigentes de escolas das redes públicas possuem curso de graduação, mas apenas 22,96% têm pós-graduação. O mesmo censo também revela que 29,32% dos diretores e vice-diretores, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, possuem apenas o ensino médio. Para enfrentar a realidade exposta pelo Censo Escolar, o Escola de Gestores oferece uma especialização de 400 horas para os dirigentes com graduação e um curso de atualização de 180 horas para aqueles de nível médio.
Curso – A escolha dos candidatos pelo programa tem duas etapas: cada sistema de ensino faz uma pré-inscrição e encaminha os nomes à universidade responsável pelo curso; a universidade faz uma seleção técnica. A formação tem três eixos vinculados entre si: o direito à educação e a função social da escola básica; políticas de educação e a gestão democrática da escola; projeto político-pedagógico e práticas democráticas de gestão escolar. Os estudos dos temas estão divididos em seis módulos, além da introdução à Plataforma Moodle, que é uma ferramenta para aplicação da metodologia de educação a distância, baseada na internet.
O Escola de Gestores é uma iniciativa da SEB em parceria com a Secretaria de Educação a Distância (Seed) e com 17 universidades federais. Tem o apoio institucional do Conselho Nacional de Secretarias de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação (Anped) e Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de ensino Superior (Andifes).
Parceiros – Das 17 instituições públicas que oferecem formação de gestores em 2008, seis são da região Sudeste: universidades de Uberlândia (UFU), de Minas Gerais (UFMG), de Viçosa (UFV), do Paraná (UFPR), do Rio de Janeiro (UFRJ) e de São Carlos (UFScar); cinco são da região Norte: do Amapá (Unifap), do Amazonas (Ufam), do Pará (UFPA), de Rondônia (Unir) e de Roraima (UFRR); quatro são da região Nordeste: de Alagoas (Ufal), do Maranhão (UFMA), da Paraíba (UFPB) e de Sergipe (UFSE); duas são da região Centro-Oeste: de Goiás (UFGO) e de Mato Grosso do Sul (UFMS). A UFRR abre 200 vagas para gestores e as demais, 400 vagas cada.
As dez universidades que começaram a formação de quatro mil diretores e vices em 2007 devem concluir o curso em junho deste ano. A primeira parceria do Escola de Gestores foi com as universidades do Rio Grande do Norte (UFRN), de Pernambuco (UFPE), do Piauí (UFPI), da Bahia (UFBA), do Ceará (UFCE), do Tocantins (UFTO), de Mato Grosso (UFMT), do Espírito Santo (Ufes), de Santa Catarina (UFSC) e do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Ionice Lorenzoni