O planejamento compartilhado é apontado por 68% das redes analisadas na pesquisa Redes de Aprendizagem — boas práticas de municípios que garantem o direito de aprender como um fator que garante o sucesso dos alunos. A pesquisa, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), órgão da ONU, será divulgada nesta terça-feira, 25, em Brasília.
No estado do Mato Grosso, os professores trocam informações e experiências sobre metodologias e ações capazes de solucionar problemas de aprendizagem. Em Rondonópolis, o planejamento só passou a fazer parte da rotina quando foi implantado o sistema de ciclos, em 2001. Naquele momento, os educadores perceberam a necessidade de melhorar o planejamento e sistematizar a atualização profissional.
No município, a troca de informações é embasada pela formação continuada. A formação tornou-se prioridade também porque traz subsídios para as práticas pedagógicas. A rede de Rondonópolis tem o apoio da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que assumiu a responsabilidade pela realização dos cursos de formação.
A pesquisa indicou que ao trocar experiências, discutir um plano de aula ou incorporar uma prática exitosa de um colega, o professor não se sente solitário. Os professores entrevistados se dizem mais preparados e seguros na aula. Isso porque sabem que o trabalho é resultado de uma reflexão coletiva e que as decisões tomadas fazem parte de um processo mais amplo do que a sala de aula. E esse processo nunca pára, revelou a pesquisa.
Além de compartilhado, o planejamento é sistemático, isto é, contínuo e periódico. Esse tipo de processo o torna mais eficiente, disseram os entrevistados. Pois transforma o planejamento em um instrumento que orienta a ação de cada escola, sem tirar a autonomia.
Valorização da Leitura – Projetos de leitura são desenvolvidos em quase 80% das redes analisadas. Vinte e nove das 37 redes citaram idéias simples que ajudam a superar, de forma criativa, a carência de acervos e de bibliotecas estruturadas nos municípios. As bibliotecas itinerantes são muito freqüentes nessas redes. Ônibus repletos de livros costumam circular pelas escolas de Rondonópolis. Na escola municipal Paulo Freire, em Apiacás, um carrinho de supermercado acompanha as crianças na hora do recreio.
A pesquisa aponta que um processo de alfabetização bem-sucedido facilita a trajetória escolar. Muitas redes dão mais atenção a essa fase da escolarização. Uma das estratégias é assegurar a presença dos melhores professores nesses anos. Em Rondonópolis, adotou-se o critério de turmas menores nas séries iniciais. As turmas têm no máximo 25 alunos.
Redes de sucesso ― A publicação Redes de Aprendizagem — boas práticas de municípios que garantem o direito de aprender apresenta os resultados de um estudo realizado em 37 redes municipais de ensino de 15 estados, nas cinco regiões do país, selecionadas a partir do Ideb e do contexto socioeconômico dos alunos e de suas famílias. O estudo é um trabalho conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e do Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), elaborado no período de outubro a novembro de 2007.
As redes foram escolhidas com base no cruzamento de informações socioeconômicas dos alunos, extraídas do questionário que faz parte da Prova Brasil, com informações dos municípios e com o Ideb. Depois de selecionadas, as redes foram visitadas por pesquisadores que entrevistaram todos os envolvidos no processo, do gestor ao aluno. Entre os objetivos principais do MEC e seus parceiros com a pesquisa, estão identificar boas práticas de redes municipais espalhadas pelo Brasil e oferecer os exemplos para as demais.
Ao analisar as razões apontadas pelos responsáveis pelo sucesso de cada uma das 37 redes, foram identificados dez pontos presentes na maioria delas. Trata-se de um conjunto de ações e práticas articuladas que estão em sintonia com o PDE, lançado pelo MEC em abril de 2007: foco na aprendizagem, consciência e práticas de rede, planejamento, avaliação, perfil do professor, formação do corpo docente, valorização da leitura, atenção individual ao aluno, atividades complementares e parcerias.
Os pesquisadores perguntaram: o que essa rede faz para garantir o direito de aprender? E as respostas foram dadas por gestores, diretores, professores, funcionários, alunos e pais.
Participaram da pesquisa redes de municípios com populações que variam de 6.379 a 788.773 habitantes, representativas da diversidade e dos desafios encontrados nos 5.564 municípios brasileiros.
Assessoria de Comunicação Social