Representantes dos centros federais de educação profissional e tecnológica (Cefet) e da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC) participam de visita técnica à Associação das Universidades Comunitárias Canadenses — Association of Canadian Community Colleges (ACCC). O objetivo é conhecer a experiência canadense para o desenvolvimento, no Brasil, do projeto Mulheres Mil. O programa, em fase de implantação pela Setec, em cooperação com o governo do Canadá, beneficiará mil mulheres de 13 estados das regiões Norte e Nordeste.
“Para se ter idéia do que é a abrangência do processo de inclusão nas instituições canadenses, eu sou uma das beneficiadas”, disse Marti Ford, aborígine canadense que deu as boas-vindas à delegação brasileira. “Quando bati à porta da instituição, tinha 20 anos, era mãe solteira e sem profissão.”
Hoje, com duas graduações e mestrado, Marti é reitora da School of Indigenous Education, campi do Red River’s College. “Se a escola não tivesse esse trabalho de inclusão, eu não estaria aqui”, ressaltou.
O Sistema de Avaliação e Reconhecimento de Aprendizagem Prévia (Arap), que consiste no mapeamento e na certificação dos conhecimentos adquiridos no decorrer da vida, é uma das metodologias usadas pelos canadenses, dirigida aos imigrantes e aos aborígines, público-alvo das instituições. No Brasil, a experiência beneficiará as pessoas atendidas pelo Mulheres Mil.
“Queremos que várias brasileiras possam ter histórias semelhantes à de Marti Ford”, disse Natilene Brito, gestora do projeto no Maranhão. Ela avalia que o Arap adequa-se à realidade das beneficiadas. “Estamos trabalhando com mulheres de baixa renda. A maioria não concluiu o ensino fundamental, mas cozinha, faz artesanato e outras coisas”, destacou.
Segundo Natilene, a meta é oferecer o mesmo tipo de acesso que ocorre no Canadá, a partir do mapeamento dos conhecimentos e com o acompanhamento psicológico e social. “Isso evita a evasão e a perda de tempo porque a aluna é integrada ao curso de sua preferência, em grau compatível ao de seu conhecimento. Além disso, se ela sabe cozinhar, isso é certificado, o que ajuda na auto-estima”, ressaltou.
Outra experiência interessante, segundo Magda Zanotto, gestora em Alagoas, é a interlocução com o mundo do trabalho. As instituições fazem pesquisas de mercado para detectar as novas tendências. Na Universidade George Brown, por exemplo, um dos cursos oferecidos é o de conserto de ar condicionado para mulheres. “A demanda surgiu na população local, que teme abrir a casa para homens e confia mais nas mulheres”, revelou.
Em setembro, os canadenses virão ao Brasil para acompanhar a implementação dos projetos e promover oficinas de capacitação na metodologia Arap para os professores. Além do intercâmbio de experiências, a cooperação prevê repasse de recursos do governo canadense.
Participam da missão, que termina neste sábado, 7, representantes dos Cefets de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Paraíba e Tocantins. Durante a missão, foram visitadas instituições que oferecem cursos nas áreas de processamento de alimentos, pesca, artesanato e reciclagem de lixo, capacitações ofertadas pelo Mulheres Mil.
Assessoria de Imprensa da Setec