O estudante paulista Gabriel Tavares Bujokas, de 17 anos, conquistou este mês a medalha de ouro na 46ª edição da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO). A competição reuniu 532 jovens de 91 países e o brasileiro foi o único representante latino-americano a levar o ouro. O Brasil também ganhou uma medalha de bronze e duas menções honrosas.
A competição é considerada a mais importante da área pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Este ano, a olimpíada foi realizada entre os dias 8 e 19 de julho, no México, com jovens cujas idades variavam entre 14 e 19 anos. As provas envolveram disciplinas como álgebra, teoria dos números, geometria e combinatória. Gabriel obteve 37 pontos de um máximo de 42. “Alcançar medalha de ouro na IMO era o meu maior objetivo como estudante olímpico", afirma Gabriel, que há quatro anos se prepara para a competição e já ganhou medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), na Ibero-Americana e na do Cone Sul.
O Brasil participa da olimpíada desde 1979. Este ano, teve uma equipe de seis estudantes. Quem escolhe os representantes brasileiros é o comitê da OBM, que há 27 anos organiza a competição entre estudantes dos ensinos fundamental (a partir da 5ª série), médio e universitário de todo o país.
Provas – Este ano, já foram realizadas as provas da primeira fase dos níveis 1 (5ª e 6ª), 2 (7ª e 8ª) e 3 (médio). A segunda etapa ocorre no dia 3 de setembro e a terceira fase no dia 22 de outubro, para os três níveis, e no dia 23 só para os níveis 2 e 3. A primeira fase do nível universitário está marcada para o dia 3 de setembro e a segunda fase, para os dias 22 e 23 de outubro.
Outro projeto que visa detectar precocemente talentos para a área matemática e científica e promover a melhoria do ensino é a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). A competição terá a primeira edição este ano e vai avaliar quase 10,5 milhões de alunos de 31.731 escolas públicas brasileiras, o que representa 52% do número total.
A Obmep é resultado de uma parceria entre o Ministério da Ciência e Tecnologia e o MEC e tem como executores a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e o Impa. Os estudantes de 5ª a 8ª séries e do ensino médio serão avaliados em duas fases: a primeira, marcada para o dia 16 de agosto, é uma prova objetiva com 20 questões. A segunda, em 8 de outubro, será realizada apenas por 5% dos alunos que tiverem o melhor desempenho na 1ª fase.
Premiação – No dia 9 de novembro será divulgada a lista dos premiados com informações sobre a cerimônia de premiação em Brasília. Serão distribuídas 300 medalhas de ouro, 405 medalhas de prata, 405 medalhas de bronze e 30 mil certificados de menção honrosa aos alunos mais bem classificados no exame. A olimpíada também premiará 100 professores, 100 escolas e 50 municípios que tiveram maior número de alunos premiados. Serão concedidas também 2.001 bolsas de iniciação científica júnior do CNPq para os ganhadores de medalhas de ouro e prata e para 1.296 alunos (432 de cada nível) que receberem a maior pontuação, a partir do 301o lugar do resultado nacional.
Incentivos – Há outras iniciativas bem-sucedidas no país que utilizam a matemática para estimular o estudo e a auto-estima dos estudantes. O Projeto Numeratizar, do Ceará, há dois anos realizou uma olimpíada de matemática para 80 mil estudantes de escolas públicas municipais e estaduais. No ano passado, promoveu uma oficina com os 300 alunos mais bem colocados, cerca de 150 docentes e professores de matemática das universidades estadual e federal. “Lembro de um aluno da 5ª série do ensino fundamental, de Crateús, que participou da reunião com os professores universitários, que resolvia problemas matemáticos que o seu professor não sabia. Ele é um talento para a área de cálculo que ficaria perdido no interior se não o detectássemos por meio da olimpíada”, acredita o coordenador do projeto, José Helder de Mesquita Filho.
Em 2004, foi firmado um convênio com o instituto paulista Maria Telles para dar uma nova oportunidade a 60 alunos de Fortaleza. Os mais bem colocados no exame fizeram uma nova seleção para estudar em outro período em uma escola particular, por meio de bolsa de estudo integral. “O que a gente percebe é que eles se sentem mais valorizados. Os alunos viram que o sonho é possível, não é tão difícil chegar à universidade. Perceberam que vale a pena continuar estudando, não desistir do vestibular após se formar no ensino médio”, afirma o professor.
Repórter: Raquel Maranhão Sá