22/03/2007 11h20
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta quinta, 22, que a definição de metas de qualidade focadas no aprendizado do aluno é o ponto mais importante do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que está sendo construído pelo governo federal.
“O momento mais importante do plano é uma mudança de cultura. Nunca, nos 75 anos do MEC, trabalhamos com metas de qualidade. Educação é quantidade sim - educação para todos - mas sobretudo é qualidade. O plano fixa metas de qualidade por município”, destacou Haddad, reafirmando que o PDE só dará certo se for assumido por toda a sociedade. “Não é um plano de governo ou de partido, é um plano de Estado, de toda a sociedade”.
O ministro falou ainda sobre piso salarial dos professores, linhas de financiamento para a construção de creches e transporte escolar, educação no campo, bolsas de pós-graduação e reformulação do Programa Brasil Alfabetizado, entre outras medidas que estão no PDE. Ele participou do programa Bom-Dia, Ministro, em entrevista produzida e coordenada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República, transmitida ao vivo pela Radiobrás. Participam do programa, com perguntas ao vivo, as rádios Som Maior FM (SC), Capital (SP), Tupi (RJ), Folha (PE), Metrópole (BA), Liberal (PA), Gaúcha (RS), Inconfidência (MG), O Povo (CE) e Caiari (RO), além das rádios do sistema Radiobrás.
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Educação básica — Entre as medidas para o ensino fundamental, foco prioritário do PDE, Haddad falou sobre o transporte escolar e a construção de equipamentos para a educação infantil, que terão linhas de financiamento do BNDES. No transporte escolar, o objetivo é ampliar, modernizar e, se possível, padronizar a frota.
Para creche e pré-escola, o ministro destacou que o Fundo da Educação Básica (Fundeb) inseriu uma visão abrangente de atendimento. “No entanto, sabemos que as prefeituras têm dificuldades em ampliar os equipamentos”, ressaltou. Para isso, o programa Pro-Infância terá a linha de financiamento do BNDES a fundo perdido. Por convênio com o MEC, os municípios receberão os recursos. Já estão garantidos, para essa linha, R$ 100 milhões, mas a expectativa de Haddad é assegurar recursos de R$ 200 milhões.
Outra medida prevista é levar luz elétrica a escolas que abrigam cerca de 700 mil alunos no País, 1,5% do total de alunos da educação básica. “Na maioria, estes alunos têm aulas durante o dia, mas se precisarmos levar um computador, por exemplo, temos dificuldades”.
A alfabetização dos alunos no máximo aos 8 anos de idade, que será medida pela Provinha Brasil, e a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que trará um diagnóstico de como está a educação nos municípios brasileiros, também são medidas que visam qualificar a educação básica. A partir do índice, o MEC definirá recursos para auxiliar, prioritariamente, os municípios com pior desempenho. Ainda, um sistema gerencial fará aferição se os prefeitos estão cumprindo os investimentos vinculados à educação. “Apoiaremos técnica e financeiramente os municípios, mas cobraremos diretrizes, como acompanhamento individualizado, alfabetização no máximo até os 8 anos e eleição de diretores com critérios transparentes”, disse Haddad.
Piso salarial — O ministro foi questionado ainda sobre formação de professores e piso nacional da categoria. Segundo ele, até o final do mês o governo envia ao Congresso Nacional a proposta de piso nacional, retomando um acordo feito pelo governo federal e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) em 1994, que previa um piso de R$ 300,00. O valor corrigido fica em torno de R$ 800,00. Para a formação de professores, reiterou que a Universidade Aberta do Brasil, com pólos espalhados por todo o País, será instrumento de formação e atualização dos professores para a educação básica.
Brasil Alfabetizado — Sobre o Programa Brasil Alfabetizado, o ministro afirmou que o Nordeste terá prioridade máxima. E apresentou dados para justificar. Na faixa dos 15 aos 29 anos, a taxa de analfabetismo no Brasil, excetuando-se o Nordeste, é de 2,6%. Na mesma faixa, a taxa no Nordeste é de 12,5%, ou seja, cinco vezes maior. “Temos que mudar o desenho, atender especialmente o aluno do campo”, defendeu Haddad. Para isso, professores da rede pública alfabetizarão jovens e adultos no contraturno - já que 62% dos professores da região têm carga horária de 20 horas semanais - e receberão uma bolsa diretamente do MEC. Também para o ensino básico, prioridade ao Nordeste: 80% dos recursos da complementação da União ao Fundeb são destinados aos nove estados nordestinos. Em valores, são R$ 4 bilhões anuais a partir de 2009. “Somando-se isso aos investimentos em escolas técnicas e universidades, teremos uma nova realidade na região” concluiu.
Rodrigo Dindo