Nesta quinta-feira, 8, Dia Mundial da Alfabetização, é preciso reconhecer que mais de 850 milhões de jovens e adultos no mundo, sendo 16,2 milhões no Brasil, são analfabetos. Mas vale lembrar também que o Ministério da Educação está pondo em prática um modelo novo de alfabetização, que privilegia um processo contínuo de aprendizagem, ao invés das tradicionais campanhas. Começa com o Programa Brasil Alfabetizado e prossegue na rede pública de educação de jovens e adultos (EJA), para onde os alunos são incentivados a migrar.
“Muitos dos alfabetizados em 2003 estarão concluindo a 4ª série no final deste ano. Acabamos com a idéia de simplesmente ensinar as pessoas a assinar o seu nome, para elevá-los a um patamar superior na educação”, comemora o ministro da Educação, Fernando Haddad. O desafio que está sendo cumprido, segundo o ministro, é dar continuidade ao processo educacional.
Criado há dois anos, o Brasil Alfabetizado é desenvolvido em parceria com estados, municípios, organizações não-governamentais e instituições de ensino superior. Já atendeu 3,3 milhões de brasileiros e neste ano vai atender 2,2 milhões em mais de quatro mil municípios.
A parceria com estados e municípios é privilegiada pelo Brasil Alfabetizado, ao contrário das ações anteriores, desenvolvidas principalmente por meio de ONGs. Setenta por cento das vagas do programa, neste ano, são destinadas às secretarias estaduais e municipais de educação e 30% aos demais parceiros. A razão é simples: são os estados e municípios que possuem as redes de EJA.
Neste ano, o MEC praticamente dobrou o número de municípios que recebem recursos federais por oferecer a modalidade de EJA. São 3,3 milhões de jovens e adultos matriculados no ensino fundamental, em 4.176 municípios, com investimento de R$ 490 milhões (por meio do Programa Fazendo Escola). Em 2004, foram atendidos 1,8 milhão de alunos, em 2.088 municípios, com recursos de R$ 397 milhões. Já o Brasil Alfabetizado investirá R$ 220 milhões. Os interessados devem procurar as secretarias de educação ou ligar para 0800 616161.
“Nosso compromisso com a continuidade entre alfabetização e EJA se dá a partir de uma via de mão dupla. Em 2005 estamos levando a alfabetização em direção à EJA comprometendo 70% dos recursos do Brasil Alfabetizado com estados e municípios. E estamos levando a EJA em direção à alfabetização com apoio técnico e financeiro, pela primeira vez na história do país, a todos os municípios e alunos matriculados no ensino fundamental da EJA”, afirmou o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Ricardo Henriques.
Realidade - O Brasil tem 16,2 milhões de analfabetos absolutos, 33 milhões de analfabetos funcionais (não concluíram quatro anos de estudo e não foram alfabetizados de fato) e 65,9 milhões de pessoas, acima de 15 anos de idade, que não concluíram o ensino fundamental. O maior número de analfabetos vive na Bahia, em São Paulo e Minas Gerais. No entanto, as maiores taxas de analfabetismo estão na região Nordeste, superando a média nacional, de 13%.
Repórter: Flavia Nery