Experiência e reconhecimento são duas satisfações que Luís Guilherme Nakajo, 17 anos, de Mogi Guaçu (SP), teve ao participar do concurso histórico-literário Caminhos do Mercosul, em 2004, cujo tema foi Neruda: poeta, político, cidadão e prêmio Nobel de Literatura. Luís, que assinou o trabalho com o pseudônimo de Diadorim, ficou em segundo lugar com o texto Um menestrel entre nós.
Este ano, o assunto do concurso, voltado para estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares nascidos em 1988 e 1989, é Brasília – Patrimônio Cultural da Humanidade. O prêmio é uma viagem à capital federal, entre 2 e 9 de outubro. Para Luís, a oportunidade significou um elogio ao talento: “Foi chocante quando descobri que iria viajar para o Chile, como parte da premiação. Já estava feliz com a classificação estadual e aquilo me jogou na cara que poderia crescer mais a partir daquela conquista”, conta o estudante. “E ainda pude conhecer um país lindíssimo.”
A experiência colaborou para sua decisão de seguir escrevendo. Seu plano é estudar para entrar na Universidade de São Paulo (USP), este ano. “Pretendo ser jornalista. Ser selecionado para o projeto com o ensaio sobre Neruda consolidou este desejo. Escrever é uma delícia”, afirma. Segundo ele, o concurso serve de estímulo. “Após a experiência com pessoas do Mercosul, com os mesmos sonhos que você, é difícil não sair marcado.”
O texto Um menestrel entre nós, explica o jovem, após introdução que inclui a síntese da biografia de Neruda, disseca o livro Canto Geral, no qual o poeta alcança seu máximo de ‘americanidade’, valendo-se da poética a serviço de uma crítica sobre a história da América Latina. “Foi uma espécie de retrospectiva da América Latina sob o ponto de vista nerudiano e análise do que isso significava para nós do Mercosul, em especial”, finaliza Luís.
Prazo – O Caminhos do Mercosul é promovido pelo Setor Educacional do Mercosul (SEM) e pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Os alunos devem apresentar os trabalhos na escola, onde ocorre a primeira seleção. Depois, a escola tem até 22 de agosto para encaminhar os melhores trabalhos à secretaria estadual de educação. Na etapa nacional, cada estado ou província pode participar com até cinco trabalhos, que deverão ser entregues ao Ministério da Educação de cada país até 2 de setembro. O anúncio dos vencedores será feito em 13 de setembro.
O concurso é realizado nos quatro países do bloco (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) e nos associados, Bolívia e Chile, em três etapas em cada país: uma seleção na escola, outra na secretaria estadual de educação e a última no Ministério da Educação. Cada país vai selecionar seis estudantes que, juntos, conhecerão Brasília. Os gastos com transporte aéreo e terrestre, nacional e internacional, hospedagem e alimentação serão custeados pelo SEM e pela OEI.
Os objetivos do concurso são promover nas escolas do ensino médio uma consciência favorável à integração regional, estimular e fortalecer os vínculos entre estudantes dos seis países, ampliar os conhecimentos e o respeito à diversidade cultural. Na parte específica da monografia, os ministérios da Educação pretendem estimular a pesquisa sobre a região e gerar espaços de participação estudantil nos campos da cultura e do saber.
Regulamento – O aluno deve ter nascido em 1988 e 1989; cursar ensino médio em escola pública ou privada em país do Mercosul; e ter bom aproveitamento. Ele também deve apresentar um trabalho original abordando um dos subtemas: Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília; Oscar Niemeyer e as principais obras arquitetônicas de Brasília; Brasília: marco do urbanismo contemporâneo e da arquitetura moderna; e Brasília e as reservas do patrimônio natural. Os trabalhos poderão ser investigação histórica, monografia, ensaio ou texto literário (conto). Os países deverão comunicar ao MEC os selecionados em 14 de setembro. Os 36 vencedores (seis de cada país) viajam a Brasília, em outubro.
Lançado em 26 de março de 2003 para comemorar o Dia do Mercosul e os dez anos do bloco, o concurso histórico-literário é patrocinado por um país a cada ano. Em 2003, a promoção foi da Argentina, que escolheu o tema O Gaúcho e o Cruzeiro do Sul; em 2004, coube ao Chile a condução do prêmio, que teve como tema Pablo Neruda: poeta, cidadão, político e prêmio Nobel de Literatura. Em 2005, o promotor é o Brasil e o tema é Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade.
Repórter: Cristiano Bastos