A comissão especial da Câmara dos Deputados deve ouvir na próxima semana os ministros da Fazenda, Antônio Palocci, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Os ministros foram convocados pela comissão.
Criada em 3 de outubro, a comissão tem prazo de 40 sessões do plenário para as audiências de coleta de informações e para emitir um parecer. Em seguida, a proposta de emenda constitucional (PEC nº 415/2005) será votada no plenário, em dois turnos, com intervalo de cinco sessões, entre uma e outra votação. Para ser aprovada, a PEC precisa de pelo menos 308 votos (3/5 dos deputados) em cada uma das votações. Para entrar em vigor em 2006, o Fundeb deve ser aprovado em 2005.
Desde que iniciou seus trabalhos, a comissão especial ouviu uma série de pessoas e entidades, entre as quais destacam-se o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, o presidente do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, Movimento Interfóruns de Educação Infantil, Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Confederação Brasileira da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar.
Apoio - O ministro da Educação, Fernando Haddad, e os presidentes do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), Gabriel Chalita, e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Maria do Pilar Almeida e Silva, enviaram, em 8 de novembro, uma carta aos prefeitos e secretários municipais de educação pedindo apoio à aprovação do novo fundo. A carta fala na importância e abrangência do Fundeb e pede o engajamento dos municípios na sensibilização dos deputados federais para votar a favor no plenário da Câmara.
O que é – O Fundeb é mais abrangente porque, diferente do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef), vai atender a educação infantil, os ensinos fundamental e médio, a educação especial e de jovens e adultos. Terá duração de 14 anos (2006-2019) e será implantado de forma gradativa nos primeiros quatro anos. O objetivo é atender, no quarto ano de vigência, 47,2 milhões de alunos, com investimentos públicos anuais de R$ 50,4 bilhões, dos quais R$ 4,3 bilhões provenientes da União. Do montante do fundo, inclusive da complementação da União, pelo menos 60% dos recursos são para o pagamento dos salários dos profissionais do magistério, em exercício. Além de garantir mais recursos para a remuneração dos professores, o Fundeb possibilitará melhorar a infra-estrutura das escolas e abrirá mais vagas para crianças e jovens.
Composição do fundo – A cesta de impostos dos estados, do Distrito Federal e dos municípios que vão financiar o Fundeb é composta por 20% de vários tributos: Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (proporcional às exportações – IPIexp), Imposto sobre Transmissão Causa Mortis (ITCM), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto sobre Renda e Proventos incidente sobre rendimentos pagos pelos municípios, Imposto sobre Renda e Proventos incidente sobre rendimentos pagos pelos estados, cota-parte de 50% do Imposto Territorial Rural (ITR) devida aos municípios. A União complementará os recursos nos estados que não alcançarem o valor mínimo nacional por aluno/ano, fixado para cada exercício.
Repórter: Ionice Lorenzoni